Dinho Ouro Preto do Capital Inicial em SP 2019-4
Foto por Stephanie Hahne/TMDQA!

Dinho Ouro Preto é um dos maiores nomes do Rock brasileiro e construiu sua carreira sempre tendo um olhar crítico sob a política.

Em nova entrevista à Folha de S. Paulo, o vocalista do Capital Inicial foi bem explícito no assunto. Comentando sobre a crise de coronavírus, que o afetou diretamente pois se apresentou para 5 mil pessoas em um cruzeiro recentemente (“É o meu trabalho, tive que ir”) antes de cancelar sua agenda de shows até Maio, ele se mostrou preocupado com a atuação do Governo Federal.

Segundo ele, a tarefa de conter a COVID-19 cair nas mãos de “um sujeito que nega a ciência, que vive em conflito com tudo e com todos” é bem alarmante:

Vejo ele [Bolsonaro] cercado por terraplanistas. O meu pai [Afonso de Celso Ouro-Preto, que foi embaixador] era um dos maiores intelectuais que conheço. Era da turma do [Rubens] Ricupero. Homens que passaram a vida inteira lendo. E agora vemos a apologia da ignorância. Não sei como verbalizar o suficiente o quanto eu me oponho a isso.

A insatisfação de Dinho é tão grande que ele conta que já pensou em se “jogar na fogueira”:

Às vezes sinto uma coceira para me jogar na fogueira. Mas a coceira vem e vai [risos]. Onde eu poderia me jogar? No Congresso? Eu ia acabar tendo menos voz ali do que eu tenho aqui fora.

Dinho Ouro Preto e futuro na música

Falando sobre os próximos planos do Capital Inicial, Dinho comentou que “está todo mundo exaurido”. Para ele, a ideia agora é fazer “projetos pontuais” e “tocar muito menos” com a banda, enquanto também investe em sua carreira solo.

O cantor ainda elogiou as bandas da nova geração no Brasil, nomeando Scalene, SupercomboZimbra Ego Kill Talent como alguns dos bons expoentes. Ele também pediu para as pessoas pararem com os discursos de saudosismo e de que o Rock perdeu espaço:

Quando ouço as pessoas se queixarem de que há menos espaço, me vem à cabeça as nossas origens. Naquele momento, quando tudo começou, não havia espaço algum. Nenhuma rádio tocava rock, os shows gringos não vinham para o Brasil, a infraestrutura era primária. No entanto, desse ‘pouco’ nasceu essa cena tão fértil, sabe?

Por fim, Dinho valorizou a democratização do acesso à cultura e “permitiu” que todo mundo ouça o que bem quiser. Perguntado sobre a predominância de gêneros como o sertanejo e o funk, o cantor pede para que não haja “ressentimento” dos fãs de Rock:

As pessoas estão preferindo isso. Ótimo. Acho que não devia gerar ressentimento em quem não faz parte desse tipo de música. Pode-se argumentar que é um empoderamento do gosto popular. Por ser streaming, que não custa dinheiro. Na época da MPB, do rock, os discos custavam caro e talvez fosse meio estabelecido pela classe média branca. É possível ver por esse lado também: que pela primeira vez, em que é irrelevante o custo do consumo, está prevalecendo o gosto popular. Nesse sentido, ainda é uma coisa mais democrática e justa. E que ouça-se. Não tem problema nenhum.

Você pode ler a entrevista completa no site da Folha de S. Paulo.

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