Metallica em 1984
Reprodução/Twitter

Em 1984, o Metallica estava em ascensão após lançar o ótimo disco Ride the Lightning. No entanto, James, Lars, Cliff e Kirk eram apenas mais quatro caras que iriam subir ao palco do Roseland Ballroom, em Nova Iorque. O quarteto da Califórnia estava abrindo um show do Raven, banda britânica, e deu “sorte” ao ter um convidado bem especial na plateia.

Michael Alago tinha acabado de ser contratado pela Elektra, gravadora americana, e foi ao local para ver a revelação do metal. Em seu novo livro I Am Michael Alago: Breathing Music. Signing Metallica. Beating Death (“Eu Sou Michael Alago: Respirando Música. Contratando o Metallica. Vencendo a Morte”), ele fez um relato sensacional dessa situação histórica.

O livro, em inglês, já está em pré-venda aqui no Brasil. Mas graças à transcrição de um trecho pela Classic Rock, pudemos traduzir essa ótima história. Confira a seguir!

O Primeiro Contrato do Metallica — Parte 1

Naquela noite, em 1984, conforme eu e meus amigos chegamos ao Roseland e rapidamente fomos ao bar, eu sabia que estava prestes a ver algo de balançar a terra. Nós pedimos algumas cervejas e nos encontramos com Bob Krasnow e Mike Bone, vice-presidente de promoção na Elektra. Eu havia pedido a eles para virem ver o Metallica comigo, porque eu sabia que no fim das contas precisaria da aprovação do Bob para contratá-los.

Bob e Mike ficaram no bar durante o show enquanto eu me empurrava pela plateia e eventualmente acabei me perdendo dos meus amigos.

O lugar estava lotado. Deveriam haver cerca de 3 mil fãs — todos gritando, batendo cabeça, e levantando seus punhos no ar. Havia uma eletricidade intensa para todo lado. O lugar fedia a cerveja e a maior parte da plateia era feita de jovens caras sexy em jeans e jaquetas de couro pretas. Eles todos sabiam que estavam prestes a ouvir algo que iria explodir a porra de suas cabeças completamente.

Quando o Metallica finalmente chegou ao palco, a plateia ficou maluca. Apesar do Anthrax ter tocado um primeiro set sensacional e ter tido uma recepção ótima, no fim das contas, a plateia não estava lá por eles. Não estavam lá pelo Raven também. A plateia estava esperando o Metallica entrar e destruir o local.

O Primeiro Contrato do Metallica — Parte 2

No começo do show, eles foram de cabeça na pulsante ‘Phantom Lord’ com velocidade e força brutal, seguida por ‘The Four Horsemen’, e em seguida a estreia da música ‘For Whom the Bell Tolls’. O som era alto, cru, e destruidor. A música era mais intrigante do que qualquer outra que eu já tivesse ouvido — quebrou tudo que qualquer um de nós sabia sobre metal.

No início dos anos 80, o thrash metal era uma cena ainda pouco latente. Não muito diferente do mundo do punk rock seis anos antes, esses tipos de bandas de metal estavam fervendo abaixo do radar — apesar de que não demoraria muito tempo para que elas se tornassem os próprios radares, o padrão contra o qual todo o resto naquele gênero seria julgado.

Quando o show acabou, a plateia ainda estava insana, gritando loucamente, esbarrando uns nos outros, destruindo e pisoteando o mezanino, que eu pensei que o teto iria cair em nós. Os fãs estavam todos pegando nas jaquetas uns dos outros, impressionados e descrentes. Nós nunca queríamos que o Metallica deixasse o palco.

Depois do set, eu corri para a área do camarim. Seguranças musculosos e tatuados andavam por lá com olhares suspeitos para todo mundo. Meu coração estava disparado. O Raven estava se preparando para subir ao palco e roadies e técnicos corriam de um lado para o outro, preparando as coisas para os headliners.

O Primeiro Contrato do Metallica — Parte 3

Eu achei o camarim do Metallica e empurrei a porta, assustando todos eles. Eu lembro do James tirando a toalha da sua cara e olhando pra mim, completamente confuso. Eu virei rapidamente, fechei a porta, e tranquei. Aí eu olhei para todos eles: James Hetfield, Lars Ulrich, Cliff Burton e Kirk Hammett.

Eu corri até cada um deles e os abracei e beijei, gritando como eu achava que eles eram do caralho, como eu nunca tinha ouvido nada como eles, jamais. Eu podia ver que esses quatro jovens caras da Costa Oeste com suor pingando de seus logos, encaracolados cabelos, pensavam que eu estava fora de controle. Depois de terem limpado a umidez de suas caras, e olharam pra mim, eu tenho certeza que eles pensaram, ‘Quem diabos é esse cara?’.

Bom, eu certamente não parecia uma porra de um executivo de gravadora. Eu tinha a mesma idade que eles — vinte e dois, vinte e três — do Brooklyn, Nova Iorque, em jeans preto e uma camiseta do Metallica. Eu olhei para eles com empolgação e disse, ‘Eu vou assinar vocês e as vidas de vocês vão mudar pra sempre!’.

Primeiro, parecia que eles estavam prestes a rir até que o Lars subitamente anunciou: ‘Caras! Esse é o Michael Alago da Elektra Records!

O Primeiro Contrato do Metallica — Parte 4

No dia seguinte, os quatro apareceram no escritório da Elektra. Eu os conheci na sala de conferência e pedi comida chinesa e cerveja. Todo mundo estava empolgado e ansioso para falar. Cliff Burton, o estonteante baixista com cabelo longo, escuro, avermelhado e calça boca de sino com pernas enormes do tamanho de um elefante, era o mais falante e profissional.

Ele liderava as conversas enquanto jogávamos ideias e planos de um para o outro. Eles também estavam interessados no histórico de gravação da Elektra então eu dei a eles fitas e LPs do The Doors, The Stooges e do MC5. Nós tivemos uma tarde sensacional. Só havia um problema.

Eles ainda estavam em contrato com a Megaforce.

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