Maglore
Foto: Duane Carvalho

Os anos 2000 foram muito importantes para o desenvolvimento da atual musicalidade brasileira. Ali, vimos o nascimento e a consagração de vários grupos desprendidos de rótulos. Isso ficou especialmente claro no rock. O final da década contemplou o nascimento de grupos como Scalene, Selvagens À Procura de Lei e Maglore.

Por falar nesta última banda citada, a Maglore ganha destaque nesse cenário, ao mesclar rock alternativo com referências musicais dos anos 70 e 80 e elementos da atual canção pop, o que resulta em uma sonoridade original que pode soar familiar para muitos. A banda completou recentemente a primeira década de vida, e isso está sendo comemorado com uma bela turnê. Até gravação de DVD ao vivo a efeméride rendeu! Na época, a banda nos contou algumas curiosidades destes 10 anos de estrada.

Esse show especial de comemoração contempla todos os quatro discos lançados pela banda até hoje, desde Veroz (2011) até Todas As Bandeiras (2017). E a turnê vai passar hoje (21) pelo Sesc Pinheiros, em São Paulo. A apresentação, assim como tem sido nos últimos shows, vai contar com a participação do Trio de Metais, que dará uma atmosfera ainda mais completa aos sucessos da Maglore.

Os ingressos estão disponíveis aqui. Os preços estão a partir de 20 reais. Vale muito a pena!

 

“Seguimos fazendo a música que é verdadeira para nós”

Sobre a apresentação, a carreira e os próximos passos da banda, tivemos a oportunidade de fazer algumas perguntas para o guitarrista Lelo Brandão. Confira abaixo:

Maglore
Foto: Duane Carvalho

TMDQA!: Desde o início da trajetória da banda até os dias de hoje, como vocês enxergam a evolução da banda, tanto em termos artísticos quanto em termos pessoais?

Lelo Brandão: Em termos pessoais, naturalmente estamos mais maduros. O tempo passa e, com a experiência, a gente vai refletindo sobre a vida e sobre as coisas… Artisticamente, a partir do momento em que você põe um trabalho na rua, você começa a ter na balança as expectativas de quem acompanha o seu trabalho e é possível a gente não atendê-las também. Essa questão do que é a evolução passa muito por uma leitura pessoal de quem escuta. Não nos prendemos muito a isso. Seguimos fazendo a música que é verdadeira para nós. Acho que a transformação do som é uma consequência do recorte do período que vivenciamos entre o último disco que terminamos e o que vamos gravar.

TMDQA!: Os estereótipos associados a regionalidades específicas ainda são constantes em um país continental como o Brasil. Uma vez que o rock alternativo não é “a cara” da Bahia, como foi essa trajetória da Maglore de uma banda local para um dos grupos mais aclamados do rock brasileiro?

Lelo: Me parece que é a consequência do trabalho que a gente vem fazendo ao longo desses quase onze anos. Não nos interessamos muito por esse tipo de categorização, de banda de rock, por exemplo. Sempre soa vago no final das contas. Apesar de também não importar o que os outros acham. Se chamam assim, pra gente tudo bem também. E se nós, enquanto baianos em São Paulo, fossemos nos importar com estereótipos, estaríamos lascados (risos)!

TMDQA!: Vocês se arrependem de alguma coisa na trajetória da banda? Fariam alguma coisa de forma diferente?

Lelo: Cada um tem uma visão pessoal disso, né? Somos quatro no palco e mais um na produção. Todos devemos nos arrepender de algo, mas o que enxergamos como erro faz parte do que nos tornamos também. Então se arrepender não faz muito sentido.

 

“Em fase de pré-produção do próximo disco”

TMDQA!: A Maglore não para de crescer. Além da visibilidade cada vez maior conquistada graças aos ótimos discos, artistas consagrados da nossa música prestaram homenagens a vocês através de regravações. Tem a “Não Existe Saudade no Cosmos”, que o Erasmo Carlos regravou. Isso sem mencionar “Motor”, que ganhou versões nas vozes de Gal Costa e Pitty. Como é ver as suas canções ganharem essa visibilidade toda?

Lelo: É uma realização tremenda. Nós íamos nos shows de Pitty em pequenos bares em Salvador em nossa adolescência. Sempre a adoramos. Essa troca é uma coisa linda. Sobre o Erasmo nem se fala: ouvíamos desde a infância. Qual crianças dos anos 80 não ouviu “Pra Gente Miúda”, Tremendão cantando “Semente do Amanhã”? Gal, então… o que dizer de Gal Costa? Uma de nossas cantoras preferidas. Somos fãs!

TMDQA!: Desde o início da banda até os dias de hoje, vocês lançaram um disco de inéditas a cada dois anos. Considerando que o último, o ótimo Todas As Bandeiras, é de 2017, podemos concluir que esse é o maior gap da banda sem novos lançamentos autorais até hoje. O que planejam mais para frente? Podem adiantar alguma coisa?

Lelo: A gente já está em fase de pré-produção do próximo disco. É possível que saia esse ano. Essa questão do tempo entre um disco e outro é mais uma coincidência do que algo realmente pensado. Ano passado teve disco solo do Teago [Oliveira, vocalista do grupo], então precisamos desse tempo pra ele escoar esse trabalho que estava acumulado.

TMDQA!: Por falar na trajetória da banda, ano que vem completa 10 anos do lançamento da estreia Veroz. Como planejam comemorar a primeira década de existência desse discasso?

Lelo: É mesmo! A gente nem se deu conta disso (risos). Bom, não sabemos ainda. Acabamos de lançar um show ao vivo em comemoração aos 10 anos da banda, mas enfim… Tudo é possível, né?

 

“O ponto alto muda muito de um show para o outro”

TMDQA!: O show do próximo dia 21 pretende passear por toda a discografia da banda. Existe algum momento em específico que vocês consideram mais emocionante? Que spoiler vocês podem dar para os fãs sedentos?

Lelo: Bom, a turnê está chegando ao final. Apesar de termos um show em registro, sempre mudamos uma coisa ou outra, e o público conta muito também. Então, cada show é especial à sua maneira. A gente gosta quando a galera canta alto (risos). Isso é emocionante. O ponto alto muda muito de um show para o outro.

TMDQA!: A apresentação vai contar com a participação do Trio de Metais, o que com certeza agrega na experiência. Na sua opinião, como os metais vão contribuir com a estética do show?

Lelo: Era uma vontade ter o trio no disco Todas as Bandeiras, mas a gente acabou achando mais interessante fazer as guitarras soarem como se fossem metais. Tem uns temas que eram inicialmente de metais. Virar guitarra foi parte da estética do disco, na verdade. Agora, trouxemos para uma ordem mais direta. Eles dão um peso a mais à banda ao vivo. A gente gosta bastante.

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