Frankie Palmeri (Emmure)
Foto via Wikimedia Commons

Pessoas evoluem com o tempo, e o vocalista Frankie Palmeri, do Emmure, parece ter chegado em um ponto complicado.

Em um Tweet recente, o cantor da banda de metal afirmou que “rejeita emocionalmente e espiritualmente praticamente todas as letras” que já escreveu. Ele ainda afirmou que teve a reflexão depois de pensar sobre o porquê de pessoas com uma “neuroplasticidade saudável” não ouvem o gênero:

Ficar andando com alguém que só ouve metalcore me fez perceber o porquê das pessoas normais com uma neuroplasticidade saudável não mexerem com esse gênero de música e acabarem indo para o pop/rap. Me fale sobre um ataque desnecessário para caralho de emoções de merda.

Acredite em mim quando eu digo; eu emocionalmente e espiritualmente rejeito praticamente todas as letras que já escrevi. Tudo veio de dor material, um ego frágil, uma inabilidade de lidar [com as coisas da vida]. É infeliz que alguém tenha se identificado com qualquer coisa que eu disse nas minhas músicas. Muitas pessoas estão/estavam machucadas.

Logo em seguida, ele citou que a música “nunca aliviou sua dor e estresse, só os ampliava”, em resposta a um fã. Quem cobrou o cara também foi Philipe Labonte, vocalista do All That Remains, lembrando que o Hollywood Undead também expressou arrependimento sobre frases do passado.

A chamada de Labonte, então, causou uma longa explicação de Palmeri. Ele garantiu não estar pedindo desculpas e nem estar arrependido de suas letras, mas continua falando em rejeição da pessoa que era e aponta evolução e maturidade para se justificar. Confira a seguir, na íntegra, via Metal Injection.

Comunicado de Frankie Palmeri

QUE FIQUE REGISTRADO: eu não estou pedindo desculpa por nada que eu disse em uma música. Começando uma banda aos 16 anos de idade, você nem é uma pessoa completa ainda. Em um ponto no tempo, eu estava disposto a segurar cada gota de dor que eu cuspia no microfone. Eu considerava o meu sofrimento como parte da minha identidade.

Através dos anos, com o crescimento da minha presença na internet e ainda procurando validação eu vi o mundo ao mesmo tempo ridicularizar e abraçar as palavras que eu colocava no papel. Essa existência agora pública na mídia, começou a alterar meu ser completamente. Eu passaria meus 20 anos lutando com mais demônios e mais sucesso do que eu estava preparado. Isso tudo transpareceu dentro da música.

As letras que eu escrevi (aproximadamente 80% delas) todas vieram da minha vida pessoal, eu estava contando a minha história, independente de como seria interpretada. Avance 18 anos e me foi dada uma oportunidade extremamente rara e incrível de sentar e analisar como o tempo que passei nadando nessa piscina da minha própria miséria me deixou, o que gritar noite após noite, por anos, sobre dor mal resolvida fez com a minha psiquê, tudo isso me levou a esse exato momento.

Eu olho para trás para o que eu conquistei, minhas falhas e eu não reconheço aquela pessoa. Eu sou grato por vários dos meus sonhos de criança terem virado realidade, mas eu inadvertidamente me machuquei em formas que eu só reconheço agora. Eu sou constantemente pintado e definido de formas que eu nunca pensei que seriam imagináveis. Racista, homofóbico, misógino, ‘edge lord’ [alguém que faz comentários propositalmente provocativos para criar controvérsia na internet]… a lista continua. Ninguém quer carregar essas insígnias.

Houve críticas que eu mereci, e alguns que eu ainda nunca irei entender, eu aceito isso. Mas nessa mesma moeda, o outro lado, eu rejeito a pessoa que eu era, veementemente. Eu não preciso da ‘comunidade musical’ ou de qualquer cena para entender quem eu sou, a pessoa que eu me tornei e quais são os meus valores hoje.

Eu tenho falhas, mas eu trabalho para ajustar e melhorar a pessoa que sou. Não por ninguém além de mim. Eu sei que para os fãs me ouvirem denunciar minhas letras antigas, pode parecer que eu estou as rejeitando também, esse não é o caso. Eu aprecio e sempre irei apreciar as pessoas que foram atraídas pelo Emmure e o que a música representou.

Só saibam que as palavras que vocês ouvem vêm de uma pessoa que eu não reconheço mais. Isso não é uma ‘crise de identidade’. Isso é a verdadeira realização pessoal. Se você leu tudo isso até aqui, eu espero que tenha clarificado um pouco do que vocês podem ter pensado ou ouvido sobre a recente atenção da mídia, a qual eu nem sequer esperava. Eu amo música agressiva. Eu amo estar no palco e juntar pessoas. Eu só estou tentando ser uma versão melhor de quem eu era. Obrigado. 🤟🏻

Polêmicas do Emmure

Em grande parte, o depoimento de Palmeri vem para lidar com algumas das polêmicas que assolaram a sua carreira. Sua imagem acabou associada com a de adolescentes raivosos e, muitas vezes, assassinos.

Isso porque há alguns anos uma linha de camisetas assinada pelo vocalista veio estampada com imagens de Eric Harris e Dylan Klebold, os responsáveis pelo Massacre de Columbine, com a frase “Atire Primeiro Pergunte Depois”.

Sobre o racismo e homofobia, as acusações estão majoritariamente relacionadas com o comportamento online de Frank. Registros passados mostram o músico usando palavras ofensivas como “faggot” (“bicha”) e “nigga” (termo racista quando usado por pessoas não-negras) repetidamente em postagens.

Além de tudo isso, o disco Eternal Enemies (2014) abria com uma faixa chamada “Bring a Gun to School”, que contém trechos como “Eu estou me divertindo demais/Matando todo mundo/Que você já amou”. A canção fez com que o ex-guitarrista da banda, Ben Lionetti, postasse um comunicado se referindo a Palmeri como um “ser humano nojento”. A música acabou sendo renomeada para “(Untitled)”, mas a letra se manteve igual.

Depois desse disco, todos os outros integrantes deixaram a banda. O Emmure segue ativo com Frankie como único membro original, lançou Look at Yourself em 2017 e trabalha o disco Hindsight ainda para este ano.

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