Hans Uno Jonas Åkerlund começou sua carreira como baterista da banda de black metal Bathory e eventualmente ganhou Grammys por seu trabalho com Madonna.

É difícil imaginar como uma coisa levou à outra, mas estamos aqui pra ajudar. Depois de sair da banda em 1984, Jonas começou a dirigir clipes e, em 1988, assinou seu primeiro trabalho oficial: “Bewitched”, do Candlemass, outra banda da cena de metal da Suécia.

O histórico clipe chega a parecer cômico olhando hoje em dia, mas abriu as portas para um dos diretores mais bem sucedidos do cenário musical. A oportunidade de ouro, aliás, veio também da cena sueca: a saudosa Marie Fredriksson, que nos deixou recentemente, contratou o cara para dois clipes solo em 1992 e ele acabou virando figurinha carimbada nos vídeos do Roxette.

Daí pra frente, a carreira de Åkerlund deslanchou de vez e são inúmeros trabalhos. O mais recente, inclusive, é o novo e ótimo vídeo de Ozzy Osbourne para “Under the Graveyard”. Ele ainda ficou responsável pelo documentário Lords of Chaos, que conta a história do Mayhem. Abaixo, podemos relembrar 10 outros trabalhos sensacionais do cara!

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Jonas Åkerlund
Reprodução/YouTube

10. blink-182 – “I Miss You”

Quem acompanhava a MTV nos anos de 2000 com certeza se deparou com o clipe de “I Miss You”, do blink-182. Com um estilo dos anos 30 e uma pegada “casa mal-assombrada”, o vocalista e guitarrista à época Tom DeLonge falou que o legal de trabalhar com alguém como Jonas é que “você nunca sabe o que passa na cabeça dele, tipo como ele quer filmar e tudo mais”. Os caras confiaram e o resultado valeu demais.

9. Metallica – “Turn the Page” / “Whiskey in the Jar”

É, essa lista vai ter várias “trapaceadas” com mais de um clipe por posição, já que Jonas tem mais de 50 vídeos em sua filmografia. A primeira vem com a presença do Metallica, que lançou uma dobradinha de clipes assinados por Åkerlund na época do Garage Inc., com “Turn the Page” e “Whiskey in the Jar” em 1998 e 1999, respectivamente. A parceria voltou a acontecer em 2016, com o vídeo de “ManUNkind” – que, aliás, resgatou as origens black metal do diretor.

8. U2 – “Beautiful Day”

U2 entrou no novo milênio com o marcante disco All That You Can’t Leave Behind, que teve como single principal a icônica “Beautiful Day”. Com um clipe que mostra a banda passeando pelo aeroporto de Paris e tocando em hangares por lá, a canção foi o início de uma parceira que também rendeu vídeos para “Walk On” e “You’re the Best Thing About Me”.

7. Smashing Pumpkins – “Try, Try, Try”

A visão do sueco para “Try, Try, Try”, do Smashing Pumpkins, foi tão além que acabou dando origem ao curta Try. Lançado em 2000, o clipe veio pouco depois de outra parceria entre as duas partes para “The Everlasting Gaze”.

6. Queens of the Stone Age – “The Way You Used to Do”

Muita gente criticou Villains, o último disco do Queens of the Stone Age, mas a maioria concordou que “The Way You Used to Do” é uma baita música – e que ganhou um clipe à altura. Mais uma na conta de Jonas Åkerlund!

5. Lady Gaga feat. Beyoncé – “Telephone”

Um dos crossovers mais marcantes da década aconteceu em “Telephone”, onde Lady Gaga encontrou Beyoncé. Quem também esteve presente foi Åkerlund, que dirigiu a icônica obra visual de quase 10 minutos (sendo que a música não chega a 4).

Gaga já havia trabalhado com o sueco em “Paparazzi” um ano antes, em 2009, e voltou a recrutá-lo para o vídeo de “John Wayne” em 2017. Já Beyoncé parece ter conhecido o cara nessa ocasião e curtido seu estilo já que, futuramente, o convidou para dirigir os clipes de “Haunted”, “Superpower”, “Hold Up” e ainda o documentário da turnê On the Run, com Jay-Z.

4. Satyricon – “Fuel for Hatred” / Paul McCartney – “Lonely Road”

Em 2002, a lista de artistas com quem Jonas trabalhou foi absolutamente sensacional. Além do Roxette, Ali G & ShaggyLenny Kravitz Christina Aguilera se juntaram a uma das duplas de clientelas mais díspar que um diretor pode ter: Satyricon Paul McCartney.

Ter dirigido, no mesmo ano, um clipe de uma banda de black metal e de um ex-Beatle é um feito que ninguém mais conseguiu. Seu trabalho com Paul, inclusive, ainda se estendeu à gravação ao vivo Live Kisses, vencedora do Grammy de Melhor Filme Musical em 2014 – sua última presença em uma premiação do tipo.

3. The Prodigy – “Smack My Bitch Up”

Até agora as coisas estavam bem tranquilas, o que era um problema com esta lista: Åkerlund é bastante reconhecido por seus clipes polêmicos, e o trabalho com o Prodigy em “Smack My Bitch Up” é onde tudo começou. Representando uma noite de festa em Londres, o vídeo tem representações gráficas de pessoas bebendo e dirigindo, cheirando cocaína, vomitando, praticando atos de violência e vandalismo, além, claro, de nudez e sexo. Tudo em primeira pessoa!

A versão sem cortes (disponível abaixo) ainda mostra cenas de uso de heroína, um hit and run (atropelamento e fuga), brigas com homens, abuso de mulheres e uma cena de sexo completa. E ainda adiciona um plot twist: depois de toda essa noite, uma rápida olhada em um reflexo no espelho mostra que a protagonista do clipe era uma mulher. Sobre o trabalho, um dos membros do Prodigy, Liam Howlett, falou:

Tem uma sinceridade naquele vídeo. A maioria das pessoas já tiveram noites de festa assim, cheias até a tampa de cocaína e bebida… Não é do gosto de todos, mas nem tudo que fazemos é. Nenhuma estação de rádio queria tocar a música, então resolvemos fazer um vídeo que ninguém tocaria também.

Bom, eu particularmente nunca tive uma noite assim, não, Liam… De toda forma, em 2007, 10 anos após o lançamento original, o clipe entrou no Hall da Fama da MVPA (Associação dos Produtores de Clipes). Você pode conferir abaixo – e ah, caso não tenha ficado claro, o clipe é NSFW.

https://www.youtube.com/watch?v=79iqeItl4SE

2. Rammstein – “Mann gegen Mann” / “Pussy”

Se o Prodigy foi o primeiro, o Rammstein aperfeiçoou as polêmicas na carreira de Åkerlund. A parceria teve início com o clipe de “Mann gegen Mann”, canção da banda alemã que trata de um homem com fortes desejos homossexuais; naturalmente, o clipe é recheado de momentos homoeróticos e todos os integrantes (exceto o vocalista Till Lindemann) estão 100% pelados no vídeo.

Com uma pegada bem parecida – mas heterossexual – surgiu o clipe de “Pussy” alguns anos depois. Cada um dos integrantes da banda representa um estereótipo de filmes pornográficos, e eles são vistos transando com várias mulheres de forma não simulada. Inclusive, ao final da versão não censurada (disponível abaixo), todos ejaculam. Melhor não abrir em público e tal, ok?

As partes ainda se juntaram novamente para “Ich tu dir weh”, sem grandes polêmicas e rendendo um prêmio nacional na Alemanha como clipe do ano. Depois, ainda trabalharam no clipe de “Mein Land” em 2011 e no ao vivo Paris, de 2016.

Marcel v3.0 Video Rammstein – Pussy from johan cabezas on Vimeo.

 

1. Madonna – “Ray of Light”

O maior feito na carreira de Åkerlund foi o clipe de “Ray of Light”, da Madonna, que deu aos envolvidos o Grammy de Melhor Clipe em 1999. Curiosamente, isso só foi possível graças a outro trabalho desta lista: pelo que ela explicou, a cantora estava fascinada por “Smack My Bitch Up”, do Prodigy, e resolveu contratar o mesmo diretor para o que era, até então, seu projeto mais ambicioso.

A ideia deu certo após mais de seis meses de conversa, sempre buscando finalizar o conceito do clipe. Segundo o diretor, Madonna recusou suas duas primeiras ideias de vídeo; ele ainda reconheceu o “acompanhamento incrível em tudo que faz” da cantora, dizendo que ela “não desiste até estar completamente satisfeita” e que ela “se compromete 100%” com o processo de um clipe.

“Ray of Light” retrata, segundo Madonna, “um dia na vida da Terra” e mostra que estamos “correndo para o fim do século 1900 com força total”. Ela ainda “reclamou” de Jonas, dizendo que ele é “um diretor difícil” porque a forçou a “dançar que nem uma maluca por dois dias” para o clipe inspirado no filme experimental americano Koyaanisqatsi, de 1982.

Apesar da brincadeira, os dois firmaram uma parceria que dura até os dias de hoje. Ele assina os clipes de “Music” (2000), “American Life” (2003), “Jump” (2006), “Celebration” (2009), “Ghosttown” (2015), “Bitch I’m Madonna” (2015) e “God Control” (2019), além do documentário I’m Going to Tell You a Secret (2005) e o registro ao vivo The Confessions Tour (2007), que ganhou Grammy em 2008 como Melhor Vídeo Musical em Formato Longo.

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