Richard Hughes, do Keane em São Paulo-4
Foto por Stephanie Hahne/TMDQA!

A passagem do Keane pelo Brasil veio junto de um dos melhores shows que rolaram por aqui no ano inteiro.

A banda, que voltou de um hiato de quatro anos em 2018, lançou neste ano o novo Cause and Effect. É com ele que os caras têm rodado o mundo, tirando um tempinho para o Brasil em dezembro deste ano.

Minutos antes de a banda subir ao palco, batemos um papo pra lá de interessante com Richard Hughes, baterista do Keane. Conversamos sobre a fase atual do grupo, planos futuros, relação com os fãs, música em 2019 e muito mais.

Você pode ler a entrevista completa abaixo e nossa resenha com fotos do show clicando aqui.

TMDQA!: Richard, seja bem vindo de volta ao Brasil. Já faz bastante tempo e eu tenho certeza que todo mundo esperou muito tempo por isso, está cheio lá fora!

Richard Hughes: É uma loucura, não é?

TMDQA!: Pois é! O Keane esteve no Brasil quatro vezes, e a última foi em 2013. Minha pergunta é: muita coisa mudou na música no geral, mas quando falamos da plateia nos shows… como você percebe essas mudanças de um público que te viu em 2005 e agora em 2019?

Richard: Olha, se você quiser ler essas coisas, você pode ter uma resposta imediata sobre tudo. Tipo, você pode ler os tweets das pessoas, as pessoas te mandam fotos e, até antes dos shows, eles já estão pedindo algumas músicas. Você recebe muitas mensagens! Antes era uma coisa muito mais física; uma carta, um presente, algo assim. Mas agora você recebe tudo antes de chegar lá, as pessoas sabem até onde você está hospedado. É bem legal! Antes você se sentia conectado a um público apenas quando estava no país ou naquele continente — já agora a gente recebe um monte de comentários.

TMDQA!: Tipo o “Please come to Brazil”?

Richard: Exatamente! E é realmente legal. Nessa turnê, nós fizemos um giro pelo Reino Unido e depois viemos pra cá. Não passamos pela Europa, nem América do Norte, apenas tivemos a oportunidade de vir para cá antes. Às vezes esses países ficam de fora e esquecidos, mas não foi assim dessa vez. Não sei o motivo exatamente, mas sei que somos muito sortudos de ter esse apoio por aqui.

TMDQA!: Falando de música, como você sente que as coisas estão agora? 10 anos depois, nós temos streaming e tudo está muito diferente. Vocês se sentem pressionados a lançarem mais material em menos tempo para se manterem ativos e relevantes?

Richard: Não acho que nos sentimos pressionados, mas sim que aproveitamos as oportunidades. Acabamos de lançar um EP lotado de demos, o Retroactive – EP2, e estamos fazendo uma série com esses lançamentos. Honestamente… agora você pode apenas lançar as coisas e nós gostamos disso. Com um álbum é mais difícil e, agora, é mais difícil também de mensurar o desempenho de um disco. Antes era apenas contar as vendas, e isso era muito fácil — mas agora você tem streams em milhares de plataformas, vídeos, muita coisa. A forma como a gente mede isso agora é vendo como o público reage nos shows e o que as músicas significam para eles.

TMDQA!: O Keane passou por um hiato de quatro anos e, eu tenho certeza que você já falou sobre isso um milhão de vezes, mas o que fez vocês voltarem?

Richard: O Tim [Rice-Oxley, tecladista] escreveu essas músicas e aí nós fizemos um show de caridade na nossa cidade natal em 2018. E aí… a gente curtiu pra caramba tocar juntos de novo, sabe? E o Tim tinha escrito essas canções lindas, a gente só queria gravá-las e isso nos inspirou a voltar — assim que o fizemos, foi ótimo. Quando entramos no estúdio, combinamos que não íamos lançar um disco se não gostássemos dele, só faríamos isso se fosse divertido. Então a diversão é o principal combustível dessa volta.

TMDQA!: E falando sobre o disco Cause and Effect, as letras tratam muito do divórcio pelo qual o Tim passou. Tenho certeza que ele poderia responder isso também, mas quero saber a sua perspectiva do assunto: vocês sentem medo de colocar tanto elementos da vida pessoal em letras que o mundo inteiro vai ouvir? Isso os deixa mais vulneráveis de alguma forma?

Richard: Eu definitivamente me sinto um pouco protetor com meu amigo, mas… é isso que as pessoas amam sobre a música que a gente faz, sabe? É essa honestidade. E eu me lembro que, na nossa primeira turnê, alguém me puxou de lado para falar sobre uma música nossa chamada “Bend and Break” — essa pessoa disse que a canção a ajudou durante um momento bastante difícil e perigoso envolvendo sua saúde. Isso deve ter sido em 2003. Eu acho que as pessoas realmente se identificam com as nossas canções, e o Tim é realmente corajoso de fazer isso.

É tipo o novo disco do Nick Cave, Ghosteen. Ele é tão brutalmente honesto e é incrível exatamente por isso. Porque pessoas ao redor do mundo vão se sentir abraçadas por aquelas letras.

TMDQA!: Bem, vocês lançaram um EP de demos recentemente e um disco há alguns meses, mas qual é o futuro da música do Keane? 

Richard: Nós não sabemos. Não prometemos nada para nós mesmos e também não conversamos sobre isso. Nós vamos divulgar este disco em turnê durante o verão europeu, e depois não sei o que vamos fazer. Ainda não conversamos sobre isso.

TMDQA!: Vocês querem se divertir, não é? E fazer o que parecer certo!

Richard: É isso! Vamos apenas tentar curtir o agora ao invés de nos preocupar com o que vem a seguir. No passado a gente se preocupava demais com isso, com o futuro. Eu só estou ansioso por esse show de hoje e depois ir para casa ver minha esposa e meu filho. Então estamos em um momento muito bom.

TMDQA!: Isso é ótimo mesmo. Minha última pergunta tem a ver com o nome do nosso site, que é Tenho Mais Discos Que Amigos. Então qual disco você diria que é seu melhor amigo?

Richard: (risos) Eu sempre volto para um disco chamado Plans, do Death Cab For Cutie. Acho que é um dos melhores discos dos anos 90 e até dos anos 2000. Também sou um grande fã do R.E.M., então o Automatic for the People também está na lista. E o Monster também! Eu e o Tim fomos vê-los ao vivo em 1995, então esse foi um grande disco pra mim. E também o Achtung Baby, do U2. Tem muitos discos incríveis!

TMDQA!: Então você também tem mais discos que amigos!

Richard: Pois é! E os discos são como amigos, não são? Eu concordo 100%, é um jeito muito legal de olhar para eles.

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