Musicians On Musicians: Billie Eilish + Billie Joe Armstrong
Reprodução

A série Musicians On Musicians, da Rolling Stone americana, é uma das mais legais do mundo da música.

Basicamente, a ideia é colocar dois grandes nomes juntos para uma conversa na qual um entrevista o outro. Dessa vez, os escolhidos foram Billie Joe Armstrong (Green Day) e Billie Eilish.

O encontro de Billies rendeu um papo bem legal entre duas gerações diferentes. Com ambos vestidos com camisas de mecânico com o nome “Billie” (que o próprio Armstrong trouxe, juntamente com seu Ford Falcon 1963 modificado), a dupla entrevista explorou tópicos como fama, vida de turnê, Green Day e mais.

Green Day

Visivelmente impressionada por estar ao lado de Armstrong, Eilish abre o jogo sobre ser fã do Green Day. Segundo ela, seu irmão (Finneas, que também tem carreira musical e trabalha em conjunto com ela) era uma “versão mais barata” do vocalista da banda punk quando mais novo, e tocava os discos dos caras “alto pra caralho” em casa.

Ela revelou também que sua música preferida é a obscura “All By Myself’, uma faixa escondida de Dookie (1994), cantada pelo baterista Tré Cool. “É uma cançãozinha suja!”, disse Billie Joe, lembrando que a faixa fala sobre masturbação.

A cantora ainda se mostrou incrédula de estar no mesmo lugar do que o “cara que era meu papel de parede”; como um bom quarentão, Armstrong achou que ela tinha um papel de parede dele no seu quarto. “Da tela inicial do meu celular!”, respondeu Eilish.

Billie Eilish

Se há uma admiração longeva de Eilish pelo Green Day, o vocalista retribuiu o carinho elogiando muito o trabalho da jovem. De acordo com ele:

Eu sei que parece estranho, mas eu sempre me vejo indo na direção de música que soa como liberdade. E é o que eu sinto da sua música. É como uma pessoa sincera que está se expressando e incorporando novos sons. Alguns trechos parecem meio jazz pra mim, se for de boa falar isso? Mas as letras também são muito reais. Isso é muito importante quando você está cercado de coisas que soam sintéticas e pouco reais.

Ao ouvir tudo isso, Eilish respondeu agradecida e se dizendo “surpresa” que as pessoas curtem sua música. De acordo com ela, uma conversa com sua mãe antes do lançamento de “Bury a Friend” levou à conclusão de que ninguém iria curtir uma música cujo refrão é ‘I want to end me’ (‘Eu quero acabar comigo’).

Armstrong rebateu valorizando a sinceridade de uma canção que fala sobre a morte: “Isso é o mais real possível”. O frontman ainda complementou com um exemplo da sua carreira:

Quando eu era bem jovem e estava escrevendo música, era sempre importante para mim sentir que eu estava escrevendo músicas que eu pudesse cantar 20 anos depois. Uma música como ‘Basket Case’, é uma canção sobre perder a cabeça. Conforme você fica mais velho, fica cada vez mais real. E isso cria a longevidade.

Fama e turnês

Com muito mais experiência na vida, Billie Joe relembra o que foi a fama aos 22 anos. Na época do lançamento de Dookie, ele estava casado e tendo seu primeiro filho. O músico diz que focou tanto no trabalho e em não tirar vantagem da situação que não chegou a “parar e cheirar as flores” do sucesso.

Com o tempo, ele percebeu também que “o sentimento de ser um músico popular pela primeira vez nunca acontece duas vezes”, e se arrepende de ter levado tudo tão a sério. Como consequência disso, o sucessor Insomniac acabou tendo uma pegada bem mais pesada.

Eilish se relacionou bastante com o comentário:

O meu próximo álbum me assombra. Teve um período em que eu estava tipo, ‘Será que eu gosto de música mesmo?’. Pareciam tantas turnês. E eu não digo os shows. Os shows são a minha parte preferida, sempre. Mas era estar sempre viajando e estar sozinha o tempo todo, num ônibus gelado na Europa, comida horrível, e quando você volta, todo mundo meio que seguiu em frente sem você. Essa última turnê que eu fiz foi a primeira que eu realmente gostei. Eu acho que tenho algo incrível agora que eu consigo de fato enxergar.

Chutar cabeças

Houve também um diálogo incrível sobre “chutar cabeças”. Vale a reprodução:

EILISH: Ei, eu nem sei como te perguntar isso, mas o que te fez, tipo, mostrar a bunda pra plateia, ou chutar a cabeça de pessoas e tal?

ARMSTRONG: Meu Deus, chutar cabeças? Eu chutei a cabeça de alguém?

EILISH: Tem um vídeo que é a coisa mais doida que eu já vi. Tinha alguém na plateia fazendo algo, e você só pula nessa pessoa na plateia. Foi a coisa mais pesada, mais gangster. Tipo, o que te deixou tão puto?

ARMSTRONG: Eu acho que alguém estava ficando meio agressivo, e aí nós começamos a gritar um com o outro. E aí eu estava literalmente lutando com alguém da plateia. Eu não recomendaria. Por favor não faça isso.

EILISH: Eu não vou, mas é irado que você tenha feito. Eu não tenho as mesmas plateias. É uma plateia muito diferente.

Billie Joe Armstrong e Billie Eilish

A relação entre os dois não foi algo só para a gravação, disponível no vídeo acima. Algum tempo atrás, o líder do Green Day havia entrado em contato com a cantora para conseguir uma de suas bandanas com o nome “Billie” – que virou postagem no Instagram – e chegou a acompanhar um show dela.

“Foi um ótimo show”, ele descreve, após ela dizer que nunca esteve tão nervosa em uma performance. No fim das contas, Billie Joe comparou a energia dos shows da jovem à sensação de “ir a um estádio de futebol na Inglaterra, mas com as pessoas cantando coisas obscuras”.

O povo brasileiro poderá conferir se a descrição bate, já que Billie Eilish tem passagem confirmada pelo país. Já o Green Day está trabalhando em seu novo disco, Father of All Motherfuckers, previsto para ser lançado em Fevereiro de 2020 e que ganhou recentemente o single “Fire, Ready, Aim”.

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