Justin Bieber com a camiseta do Nirvana
Foto de Justin Bieber via Shutterstock

Justin Bieber, astro canadense que tomou o mundo de assalto há uma década e tem apenas 25 anos de idade, sempre lançou músicas relacionadas à música Pop.

Desde que foi descoberto em 2008 pelo empresário Scooter Braun por causa de covers de músicas no YouTube, ele foi “moldado” a ser um astro teen e lançar canções que soariam bem nas rádios mundo afora.

Acontece que no caminho entre os seus quatro discos, ele passou pela adolescência e, aparentemente, tornou-se um fã de Rock And Roll, tanto que é visto por aí com camisetas de bandas como o Nirvana e recentemente citou uma letra de música do aclamado TOOL em seu Instagram Stories. Não satisfeito, ele foi além e ainda andou pelo seu bairro ouvindo músicas da banda no último volume pra fazer com que a palavra chegasse aos vizinhos.

Foi justamente após citar o TOOL que Bieber recebeu uma tonelada de críticas, inclusive uma vindo de Maynard James Keenan, vocalista da banda, que respondeu a notícia com uma mensagem que só dizia algo como “que merda”.

Justin Bieber, o Pop e o Rock And Roll

As grandes críticas em relação a Justin Bieber vieram de fãs de Rock que parecem sentir como se seu estilo musical favorito fosse sofrer algum “dano” ou deixar de ser imaculado por ser ouvido (e compartilhado) pelo cantor.

Mas, vamos lá, existe realmente algum tipo de problema no fato de astros do pop divulgarem músicas do Rock And Roll?

Analisando friamente, a única ressalva que me parece importante ser feita é que, em muitos casos, estrelas posam com camisetas de bandas conhecidas apenas pelo lado “fashion” da coisa, sem realmente ter seu gosto musical ligado a elas.

Quando não é o caso, me parece que nada de ruim existe em um jovem fã de Justin Bieber ler uma letra do TOOL em seu Stories, ir atrás, gostar da banda e descobrir o mundo do Heavy Metal, por exemplo, tornando-se fã do gênero.

Em uma era onde todos os artistas estão procurando por espaço e o Rock And Roll sofre pela falta dele, um post gratuito em uma conta com quase 120 milhões de seguidores tem um baita efeito e com certeza chegará a vários possíveis fãs de Rock que ainda não tiveram contato com o estilo.

Além disso, não se engane: se você acha que bandas “aproveitadoras” e de qualidade ruim, criadas às pressas para aproveitar embalos e serem populares, são criadas a partir de gente que misturou a influência de artistas do Pop com Rock, engana-se profundamente.

Essas bandas que tanto irritam os fãs mais puristas das guitarras normalmente passaram a vida toda ouvindo do Punk ao Heavy Metal, do Hard Rock aos Nu Metal, e decidiram usar as bases de nomes como Led Zeppelin, Black Sabbath, Ramones e Sex Pistols para versões “suaves” de suas abordagens do que chamamos de Pop/Rock.

Basta ver que pra cada influente Pearl Jam, surgiram uns quatrocentos não-tão-reconhecidos-assim Creeds, por exemplo.

Pop, Hip Hop e o Medo de se Misturar

Outro ponto interessante é que se você for buscar pelos lançamentos recentes do Pop e Hip Hop, fica claro que eles não têm nenhum medo e/ou pudor de se misturar com outros gêneros, artistas e cenas.

Difundindo seu trabalho e fazendo os famosos “feats”, acabam não apenas chegando a novas audiências como também promovendo a criação e popularização de novos subgêneros, como o tão falado trap, que entre vários de seus lançamentos não teve medo nenhum de beber nas fontes do Emo para adicionar melancolia e ambientações diferentes ao Hip Hop.

Billie Eilish, a maior estrela Pop do momento, misturou um caldeirão de influências para sua sonoridade soturna que arrasta multidões imensas, com muito talento e muita coragem. Quando Flea e Dave Grohl fizeram elogios dos mais importantes ao seu trabalho, ela não se manifestou dizendo “que pena” pois eram dois roqueiros o fazendo, muito menos seus fãs. Por que o contrário faria sentido?

No Rock And Roll, tão puro e glorificado, as coisas são bem mais rígidas e mesmo entre os próprios artistas há pouca colaboração, ainda que isso pareça estar mudando nos últimos anos inclusive aqui no Brasil, com parcerias de bandas no underground e midstream.

Popularizar, difundir, colaborar, misturar e se arriscar, chegando a grandes audiências, não vai sujar ou até matar o Rock And Roll. Justin Bieber não vai fazer o gênero ser melhor ou pior pelo que ele ouve em casa ou por causa da camiseta que usa. Algumas pessoas reagem tão mal a quando “estranhos” mergulham em trabalhos que são familiares e, não à toa, os tempos de ouro do Rock ficaram lá atrás e há tanta gente esperando pelo novo ciclo de sua popularidade que parece não chegar.

Esse novo ciclo só aparecerá a hora que percebermos que toda banda gigantesca de Rock que moldou as bases do gênero lá atrás foi popular em algum momento. Ainda bem.

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