Faith No More - The Real Thing

Ah, a virada dos Anos 80 para os Anos 90. Que período para se estar vivo e ser fã de boa música!

Com anos e anos de gêneros dançantes como a disco nas paradas e bandas de rock que pareciam estar mais preocupadas com a aparência do que com seus sons, jovens do mundo inteiro começaram a pegar suas guitarras para fazer barulho e chacoalhar a cena como ela se encontrava estabelecida.

Um dos lugares mais efervescentes desse período era a Califórnia, nos Estados Unidos, e em 1979 nascia na cidade de San Francisco o Faith No More.

Misturando elementos do Punk, do Funk e do Heavy Metal, a banda foi ganhando reconhecimento por conta do seu caldeirão de influências e lançou dois discos com o saudoso vocalista Chuck Mosley, que sairia em 1988 quando a carreira do grupo mudaria para sempre.

Entrada de Mike Patton e “The Real Thing”

Para substituir seu vocalista, o Faith No More convocou um tal de Mike Patton, até então conhecido pelo trabalho na banda experimental Mr. Bungle.

Impondo seu estilo e compondo praticamente todas as letras do álbum com exceção de “The Real Thing”, “Surprise! You’re Dead!” e, claro, a cover de “War Pigs” do Black Sabbath, Patton caiu como uma luva na banda que misturava principalmente Funk e Heavy Metal com traços até do Hip Hop.

Estava então consolidada uma sonoridade que parecia retratar perfeitamente a realidade cultural e artística daquela data e nascia The Real Thing, disco lançado há exatamente 30 anos em 20 de Junho de 1989.

Influência, Desempenho e “Epic”

Lançado na metade de 1989, o disco só entrou nas paradas da Billboard em Fevereiro de 1990, e isso aconteceu por causa de “Epic”, segundo single lançado em Janeiro daquele ano que ganhou um clipe marcante e tornou-se um dos mais rodados na MTV.

Foi a partir da canção que o álbum e a banda começaram a ganhar tração como nomes dos mais importantes no planeta e aquela mistura doida com vocais bastante incomuns parecia que, de forma improvável, conquistava cada vez mais fãs.

Após se consolidar comercialmente e com o público, o disco também passou a ser visto com bons olhos pela crítica, e tornou-se um dos discos de Heavy Metal mais influentes dos Anos 80 e 90, impactando legiões pelo mundo e colocando a sua marca definitiva no chamado “Metal Alternativo” que influenciaria bandas como KoRn.

Red Hot Chili Peppers

Vale lembrar que quando o primeiro disco do Faith No More com Mike Patton saiu, o Red Hot Chili Peppers já estava chegando ao seu quarto álbum, Mother’s Milk, e consolidava sua influência a cada dia que passava.

Quando o clipe de “Epic” saiu, uma certa controvérsia também apareceu, já que o vocalista Anthony Kiedis disse que Patton havia “roubado” seu estilo:

Meu baterista disse que irá sequestrar o vocalista deles, raspar seu cabelo e cortar um dos seus pés fora, para que ele seja forçado a ter um estilo próprio.

Em outras declarações, ele ainda falou que adora o disco, mas que realmente achou que havia algo de estranho quando viu o clipe. É interessante notar que durante a turnê de The Uplift Mofo Party Plan (1987) as duas bandas excursionaram juntas.

À época, Roddy Bottum, tecladista do FNM, rebateu:

Para mim a nossa banda não soa nada como o Red Hot Chili Peppers. Se você está falando sobre os cabelos compridos e fazer rap sem camisa, aí sim, eu vejo similaridades. Mas além disso, não vejo nada em comum. Não falo com eles desde que tudo isso começou. Somos bons amigos dessa banda.

O próprio Mike Patton se pronunciou em 1990 e falou:

Não me incomoda nem um pouco. Eu até gostei disso tudo pra dizer a verdade. Quero dizer, se ele vai falar de mim nas entrevistas, tá ótimo – divulgação gratuita! Ou ele está se sentindo inadequado ou velho ou eu não sei, mas não tenho motivos para falar merda dele.

Conexão com Cliff Burton, do Metallica

Recebido como um dos álbuns mais interessantes e diversos da história do Metal, The Real Thing tem uma conexão interessante com o Metallica e o mestre Cliff Burton.

A canção “Surprise! You’re Dead!” foi composta por James Martin, guitarrista do Faith No More no álbum.

Quando ele escreveu a canção, estava no Agents Of Misfortune, banda que também tinha Cliff Burton na formação. O talentosíssimo baixista ficou conhecido por seu trabalho no Metallica até 1986, quando faleceu em um acidente com um ônibus da banda que excursionava pela Europa.

The Real Thing e um relato de Bill Gould

https://www.instagram.com/p/By8OgeHhFK6/

Hoje, no aniversário de 30 anos de The Real Thing, a banda publicou um post na sua conta oficial do Instagram e ainda replicou uma espécie de “desabafo” do baixista Bill Gould:

Eu me lembro de como foi ensaiar para o disco, gravar o disco, excursionar com o disco. Foi durante um período empolgante, nós éramos jovens, focados e tínhamos uma abordagem de ‘dê o máximo de si e faça tudo que for necessário’ para o que estávamos fazendo. Olhando para trás agora, o que me impacta mais é perceber o período de tempo particular que vivíamos, tocando a música que tocávamos, em um mundo da música que não existe mais. Eu me sinto muito sortudo por ter vivido isso.

Aperte o play e ouça The Real Thing bem alto!

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