Sansa como Rainha do Norte
Foto: Divulgação/HBO

Game of Thrones terminou e agradou uma quantidade muito menor de fãs do que prometia há alguns anos. Na verdade, a qualidade da série estava caindo tão rapidamente que a expectativa criada pelas duas últimas temporadas não estava muito mais alta do que um Tyrion Lannister. Porém, passado algum tempo e analisando uma série de reflexões, chegamos a uma conclusão curiosa: nenhum final seria bom.

É isso mesmo. O último episódio de Game of Thrones não tinha a menor chance de ser bom e por um motivo até um pouco óbvio: o problema não estava apenas no fechamento, mas em toda a trajetória até ele. Com apenas seis episódios, sendo os cinco primeiros de qualidade já duvidosa, o series finale ruiu antes mesmo de começar.

Jon Snow no season finale de Game of Thrones
Foto: Divulgação

Falta de memória para relembrar a natureza de certos personagens, negligência com a conclusão de alguns arcos e o simples esquecimento de outros ao longo da temporada são apenas alguns dos incontáveis problemas. O maior, porém, pode ter sido a necessidade grande demais de agradar aos fãs, caindo na armadilha do fanservice.

Para fugir disso, em uma tentativa de entregar algo surpreendente, transgressor e cumprir a promessa de fazer um “final agridoce”, os showrunners David Benioff e D.B. Weiss acabaram tomando escolhas nada coerentes. O histórico de grandes reviravoltas talvez tenha pesado, criando quase que uma obrigação de ser disruptivo. Mas ser “do contra” nunca foi garantia de resultar em grandes plot twists. E aí a coisa desandou.

Game Of Thrones

A seguir, listamos uma série de desencontros narrativos que mostram como as escolhas em si nem foram horríveis, mas não houve qualquer carinho no tratamento do roteiro para levar a história de um ponto A para um ponto B. Game of Thrones mostrou que sua avó estava certa quando dizia que “a pressa é inimiga da perfeição”.

E nunca é demais lembrar: este texto está repleto de spoilers de Game of Thrones.

Sansa Rainha, outras casas nadinha: a mais velha das filhas de Ned Stark governar o Norte como um reino independente foi algo bastante coerente, levando em consideração a evolução individual da personagem. Essa parte, aliás, foi uma das melhores no fechamento da série.

Porém, ela conseguir isso pedindo a tal independência para o seu próprio irmão deu uma baita cara de corporativismo Stark à política westerosi. Sem contar que a autonomia de Winterfell influenciaria outros líderes a fazerem pedidos similares, especialmente os de Pyke e Dorne, que historicamente já tinham resistência a se curvar a Porto Real.

Mas nada disso aconteceu, mais ninguém se manifestou e apenas o Norte se separou.

Norte ou sul? A escolha de Bran faria muito mais sentido se houvesse uma construção mínima do personagem ao longo dos últimos anos para que isso acontecesse. O garoto saltou de uma trama 100% ligada ao Norte, aos Caminhantes Brancos e ao Rei da Noite diretamente para governante dos reinos do sul. Não havia nenhuma ligação narrativa dele com Porto Real, ao contrário de Sansa ou Gendry, por exemplo.

Não dá nem para dizer que a trajetória de Bran para conquistar o cargo de Rei foi ruim porque ela simplesmente não existiu. Tyrion sugeriu, todos aceitaram e ele disse que já sabia que isso ia acontecer. Totalmente anticlimático.

Bran Stark em Game of Thrones
Foto: Divulgação/HBO

Pequeno Conselho: Por causa da popularidade do personagem, Bronn acabou ganhando muito mais tempo de tela do que o planejado inicialmente. Mas virar o Mestre da Moeda? Não há sequer uma linha de diálogo das temporadas anteriores que pudesse sustentar isso como algo lógico.

Ainda nesse núcleo, Sam apresentou uma versão atualizada do livro Mundo de Gelo e Fogo, com histórias a partir da Rebelião de Robert. Para fazer uma piada, o roteiro disse que Tyrion não foi mencionado no livro, mas como a mão do Rei Joffrey, o líder da Batalha da Água Negra e a mão da Rainha Daenerys foi simplesmente esquecido? Um total de zero pessoas riram disso.

“Eu vo matá a Danyela”: Faltou amarração em absolutamente todos os núcleos – e coragem para matar mais protagonistas além da Rainha Targaryen. Jon Snow não teve qualquer relevância para o roteiro depois de ter matado Daenerys, então poderia ter sido morto por Drogon ali mesmo, ao lado do Trono de Ferro. Não morreu queimado, não morreu pelas mãos do Verme Cinzento, não foi cogitado para o trono, foi exilado para agradar aos Imaculados (mas eles foram embora, então era só Jon voltar, não é?). Em resumo: não serviu para nada o João das Neves.

Já Tyrion cometeu tantas traições a Dany quando ela estava viva que é inacreditável ele ter sobrevivido. Verme Cinzento estava tão revoltado matando quem sobrou que o Anão não deveria ter durado mais do que 10 minutos no episódio. Mas não apenas o fez, como escolheu o Rei seguinte – enquanto era prisioneiro – e também virou sua Mão, como “castigo”.

Tyrion no season finale de Game of Thrones
Foto: Divulgação

Enfim, são tantos erros que poderíamos ficar horas enumerando por aqui. A moral que queremos chegar é a seguinte: D&D levaram a história de uma forma que seria impossível terminar bem. Em outras séries com final polêmico, como How I Met Your Mother, o percurso foi bem mais limpo, com a queda de qualidade chegando apenas na bandeira quadriculada, na última volta.

Quando uma série é “boa, mas…” o sentimento que fica certamente não é o melhor. Os criadores perderam a mão quando a história ultrapassou os livros e ficaram longe de atingir as expectativas – que eram gigantes.

O agridoce ficou muito mais para o amargo, no fim das contas.

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