(foto: Larissa Zaidan)

Depois de lançar seu primeiro disco cheio em 2018, o excelente Fundação, a banda paulistana E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante segue “surfando a onda”, segundo eles mesmos.

Atingir os holofotes não é tarefa fácil para uma banda independente, menos ainda para uma instrumental. Em abril, eles foram uma das atrações nacionais do Lollapalooza, e a primeira na história da edição brasileira do festival a não ter um vocalista.

Com músicas que mergulham nas profundezas do post-rock, o grupo consegue transmitir um turbilhão de emoções nas melodias, principalmente a vida agitada – e por vezes melancólica –dos jovens no século XXI.

O Podcast Tenho Mais Discos Que Amigos! foi recebido no camarim dos caras logo após o show no Lolla, e eles tentaram colocar em palavras esse momento único em suas vidas. Abaixo, a transcrição do papo. Para ouvir essa e outras entrevistas com artistas do festival, ouça o episódio no player ao final da matéria.

TMDQA! entrevista E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante

(foto: Rafael Teixeira)

TMDQA!: Vocês sabiam que são a primeira banda instrumental a tocar no Lollapalooza Brasil?

E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante: Sim!

TMDQA!: Vocês acabaram de tocar, ainda estão nessa adrenalina pós-palco. Quero saber como estão se sentindo e como o show se desenvolveu nesse ambiente novo, de um festival gigante desse porte?

EATNMPTD: Foi muito massa, especialmente porque a gente mudou muito pouco em relação ao show que temos feito em outros lugares. E a recepção foi bizarramente muito massa, a gente realmente não esperava que seria tão calorosa. Não imaginávamos que fãs de Twenty One Pilots [banda que tocaria mais tarde no mesmo palco] fossem gostar imediatamente e ter essa empatia imediata. Então foi muito massa. Ainda mais como uma banda instrumental, a aceitação de parte do público não é algo natural ou espontâneo. Mas a gente estava super à vontade. Em tese, já tocamos em lugares mais ‘jogo garantido’ que não foram tão legais quanto esse público.

TMDQA!: Imagino que, por vocês serem uma banda instrumental, vocês precisam criar um clima mais íntimo na hora do show, para a galera se aproximar e entender os elementos todos. Mas aqui o palco é gigante e o público fica num espaço enorme. Na hora de montar o show, vocês fizeram algo diferente?

EATNMPTD: Para um show desse, a gente tenta deixar mais ‘pegadão’. A gente sabe que vai ter pouco tempo, que é um festival, não é um público que está acostumado com a gente. Então precisamos usar as músicas mais fortes para as pessoas entrarem na onda. Em outros lugares a gente ousa, tocamos músicas que não costumamos tocar. Se bem que hoje foi praticamente o setlist que tocamos sempre, só demos uma encurtada. Às vezes, tirar uma música já resolve tudo. Nas três primeiras músicas do show, deixamos tudo alto pra caramba para todo mundo prestar atenção. Já que viemos tocar ao meio-dia, então vamos tocar alto [risos].

TMDQA!: Vamos falar sobre o disco “Fundação”, primeiro álbum cheio da banda, e que consideramos no site um dos melhores de 2018. Ano que foi totalmente efervescente para o brasileiro, de eleições e tudo mais…

EATNMPTD: Um ano eterno [risos].

TMDQA!: Exatamente! Como vocês fazem para transportar essas sensações e opiniões para o instrumento? As melodias do disco são um reflexo do que vocês estavam pensando e vivendo naquele momento?

EATNMPTD: Esse é um processo natural. Toda a composição do disco foi conjunta, a gente não parava para discutir sobre o que iríamos fazer. Simplesmente estávamos ali, tocando, fazendo a parada e sentindo. Apenas o fato da gente tocar, ainda mais no Brasil hoje, é um ato político por si só. A necessidade da cultura é de tentar ao máximo puxar isso para as pessoas, justamente numa época que a maioria está se fechando isso cada vez mais. Precisamos ser impositivos diante dessa situação. E, querendo ou não, são questões que aparecem na nossa música, pois é o nossos cotidiano. Seja em coisas muito pequenas, como ‘onde tocar’, ‘como tocar’, ou botar uma bandeira no amplificador, ou falar uma frase no fim do show, saca? São coisas nossas, que não tem muito como fugir. Só tomamos o cuidado para não parecer forçado.

TMDQA!: Pois é, e nos shows vocês não se privam de ir ao microfone falar alguma coisa, quando sentem vontade.

EATNMPTD: Não! Na real, a gente costuma até falar mais. Hoje que a gente não estava muito na brisa de falar, só afim de tocar mesmo.

TMDQA!: E próximos passos? Como está a divulgação do “Fundação”?

EATNMPTD: A gente tem uma turnê no Chile agora, com três datas. Tem também o Bananada, em Goiânia. Vamos continuar ‘passeando’ com o Fundação até o final do ano. Tem ainda o plano de sair vinil. Tudo agora é muito rápido, né? A gente lançou em setembro e a galera já pergunta sobre disco novo. Mas precisamos aproveitar a divulgação que um lançamento gera. Por sermos uma banda instrumental e termos essa oportunidade, precisamos surfar essa onda o máximo que der. Foram sete meses para fazer um disco muito intenso, que a gente quer que seja digerido o tanto quanto achamos que ele precisa ser, sabe? Se lançássemos outra coisa esse ano, iríamos atropelar completamente o Fundação.

TMDQA!: Além do Chile, vocês veem outras oportunidades na América Latina? Já que o som é instrumental, mas mesmo assim há a proximidade das línguas.

EATNMPTD: Pensamos em tudo. América Latina, Estados Unidos, Europa… o que rolar. Mas todo mundo aqui é brazuca e tem outros trampos, temos uma condição financeira de colher o que a gente faz. Ou priorizamos turnê na gringa, ou lançamos um vinil. Tem uma condição de banda independente que é inerente à nossa existência.

TMDQA!: Mas, sem dúvidas, vocês estão no caminho certo. Parabéns pelo show e obrigado pela entrevista!

EATNMPTD: Obrigado!

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