Liniker e os Caramelows - Goela Abaixo

Parece que foi ontem que a banda Liniker e os Caramelows conquistou a internet com o vídeo de “Zero” e, logo mais, nos deixou boquiabertos com o álbum de estreia Remonta. Mas acontece que muito tempo se passou. De lá para cá, o grupo cresceu, ganhou fama e preparou o segundo álbum de estúdio.

Lançado hoje (22), Goela Abaixo dá continuidade ao legado que a banda está deixando para a soul music nacional. Mais imediato e atual, o álbum narra diferentes camadas do amor e de uma relação saudável.

Um disco mais polido e mais direto

Remonta, o disco de estreia do grupo, foi lançado em 2016. Foi o belo resultado de um processo de cerca de quatro anos, indo desde a adolescência de Liniker ao começo de sua vida adulta.

Com Goela Abaixo, foi um pouco diferente. Com produção do baixista Rafael Barone, as canções foram majoritariamente compostas já em estúdio, sendo mais atuais, mais polidas e mais diretas. As relações pessoais, mas mais especificamente o amor, foram o tema central das letras de forma muito transparente, e um delicioso recheio para os confortáveis arranjos instrumentais.

Explosão de ritmo como uma ótima primeira impressão

Por falar em instrumental, o disco tenta criar certo suspense sobre o que estaremos prestes a ouvir. “Brechoque“, que abre o disco, é puramente guiada por vozes. Isso continua até o refrão da faixa seguinte, a já divulgadaLava“. Os instrumentos pegam de surpresa nas repetidas vezes em que o verso “E assim mesmo nasce” é cantado.

Ressaltando o rhythm and blues, chega a faixa “Beau“, que mistura inglês com português em seu refrão. A faixa ainda traz levadas latinas, que transformam a música em uma gostosa confusão romântica e fluida, como todo bom relacionamento deve ser.

O ritmo desacelera em “De Ontem“, que narra uma bela história amorosa ao mesmo tempo em que conta com versos belos (e passíveis de se tornar legendas de publicações em redes sociais) como “Me sambe no Carnaval”.

Logo depois, a calmaria continua com “Boca“, mas tem momentos contados. Em uma das melhores e mais imprevisíveis canções do álbum, o eu lírico pede calma, mas demonstra-se agitado e ressalta o desejo por liberdade. O groove invade à música conforme é dito que dentro de sua boca tudo buzina. O exterior tenta passar serenidade, mas é do lado de dentro que o sentimento verdadeiramente fala. Com direito a uma guitarra funkeada e solo de metais, a parte instrumental é claramente um dos pontos forte de Goela Abaixo.

A canção seguinte, “Bem Bom“, conta com a participação de Mahmundi e sua inconfundível voz nos refrães. A narração de uma gostosa reciprocidade amorosa e de uma série de declarações continuam com “Calmô“, outra faixa que já havia sido divulgada antes.

“Não se trepa em 15 minutos”

Se estávamos falando de ter calma na música anterior, “Textão” chegou no disco para enfatizar que a pressa é inimiga da perfeição. A canção abre mão dos instrumentais para deixar a poesia falar por si só. São claras as referências ao ato sexual, mas a reflexão vai além e nos faz pensar que devemos aproveitar bem o tempo quando estamos amando.

Após a “bronca”, o instrumental volta disfarçado com um piano que até então não tinha ganhado destaque. “Claridades“, ao invés de relatar os “bem bons” de se estar com alguém, nos ensina que deve-se combater as dificuldades de uma relação. Em uma das melhores performances vocais de Liniker no álbum, é dito que “amar é pra se corrigir e não perder a paz estrela da manhã”.

A mesma pegada continua em “Amarela Paixão“, que também se apoia majoritariamente nas vozes de Liniker e Renata Éssis. Depois, o eu lírico oferece sua casa para o pretendente fazer uma visita em “Intimidade“. Novamente, o tempo é dito como algo que deve ser bem aproveitado. Aliás, a noite passou tão rápido que a canção é encerrada com um “bom dia”.

“Goela que te engole se você bobear”

A finalização do álbum ficou por conta de duas faixas instrumentais que conversam muito bem entre si em termos instrumentais. Com um baixo marcante, mas não deixando o piano de lado, “Gota” tem um cenário chuvoso, mais um motivo para se passar mais tempo com o pretendente.

O solo que finaliza a música entrega para a conclusão do disco em “Goela“. A faixa conta com a participação de um coral feminino composto por, entre várias artistas, Juliana Strassacapa (da Francisco, el Hombre), Tássia Reis e Natália Nery.

Se até aqui você se questionou sobre o motivo do nome do álbum, aqui está: goela abaixo é engolir, é consumir o outro. Mas não leve para o lado sexual ou canibalista da coisa. Trata-se de absorver o outro em sua plenitude. Confiar, consumir, procurar entender, respeitar, amar… Tudo isso com calma e com afeto. É necessário entender o outro, ser transparente e não ter medo de se mostrar para o mundo.

Vamos deixar vocês com umas das palavras finais do disco. O álbum, no geral, é bem claro em sua mensagem, e conta isso através de versos serenos e afetuosos. Mas vale enfatizar tal necessidade:

Carinho.

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