Billie Eilish
Foto de Billie Eilish via Shutterstock

Entrevista por Nathália Pandeló Corrêa

Billie Eilish é um daqueles fenômenos que vão de 0 a 160 km/h em pouquíssimo tempo. De uma garota de 15 anos criada em Highland Park, Los Angeles, ao single de estreia “Ocean Eyes” que viralizou em poucos dias – já são 116 milhões de execuções apenas no Spotify (e contando) – ela se tornou uma das mais promissoras jovens artistas no cenário do electropop alternativo.

Após o EP Don’t smile at me e sucessos como “Bellyache”, “COPYCAT”, “&Burn” (com Vince Staples) e “Lovely” (com Khalid, da trilha de “13 Reasons Why”), Billie segue divulgando novidades. Uma delas é o single “You should see me in a crown”, cuja inspiração partiu de um episódio da série inglesa “Sherlock”. Escrita por ela em parceria com o irmão Finneas O’Connell, a faixa dá continuidade a uma evolução sonora da cantora. Nela, Billie ressurge menos vulnerável e mais dona de si.

Essas são características que ajudaram a chamar atenção de um público cativo, que atualmente faz uma campanha para trazê-la ao Lollapalooza Brasil; de Billie Joe Armstrong, do Green Day, que recentemente pediu no Instagram uma bandana da cantora; e Stromae, o fenômeno belga que, além de ter os seus próprios hits, desenvolve clipes para outros artistas – foi o caso de “Hostage”.

No meio de tudo isso ela tem shows marcados até pelo menos Março do ano que vem, muitos deles esgotados. Conversamos com Billie por telefone sobre esse turbilhão e o que vem por aí. Confira abaixo:

TMDQA!: Oi Billie, obrigada por seu tempo! Sei que você está na correria por conta da turnê. Aliás, não sei se te contaram, mas parece que 90% dos seus shows estão com ingressos esgotados (risos). Incluindo todos os shows na Europa, e ainda faltam uns 5 ou 6 meses. O que você diria que faz as pessoas irem tão fundo na sua música assim? O que as atrai?

Billie: Uhm… Boa pergunta. Acho que fico feliz só de saber que as pessoas ouvem minha música, e que cada uma tem a sua interpretação delas. O que cada um entende das minhas letras faz com que elas ganhem novos significados, sabe? E eu acho isso ótimo. Então acabo nem pensando muito no que as pessoas gostam ou não gostam em mim. Só fico feliz que tem pessoas por aí me ouvindo.

TMDQA!: Falando em fãs, parece que o Billie Joe Armstrong anda por aí com uma bandana sua agora, o que não é nada mal! Foi só uma coincidência de vocês terem o mesmo nome ou ele falou alguma coisa sobre o seu trabalho? Aliás, você também cresceu ouvindo Green Day como muitos de nós?

Billie: (risos) Nossa, isso foi muito surreal! Na verdade, eu cresci ouvindo só Green Day, você não faz ideia (risos). Foi basicamente a minha infância inteira. Eu vi que me marcaram nesse post no Instagram com uma foto dele com uma das minhas bandanas, e de início eu achei que era só uma conta de fãs, sabe? Mas aí estranhei que o usuário era exatamente billiejoearmstrong e que a conta era verificada, aí eu pirei! Entrei em contato para enviar uma das bandanas pra ele e logo em seguida ele postou uma foto já usando. Eu fiquei sem acreditar, foi tudo muito louco.

https://www.instagram.com/p/Bl8m0yXlwKx/?taken-by=billiejoearmstrong

TMDQA!: Imagino! Agora, focando um pouco no que você tem lançado, vi que você comentou que “You Should See Me In a Crown” veio de um episódio de “Sherlock”. E bem como o Moriarty às vezes, você soa muito empoderada e muito ciente do seu valor. É um bom ângulo, até porque nós meninas somos constantemente colocadas pra baixo – por nós mesmas e pelos outros. Essa postura confiante é algo que vem fácil pra você ou foi algo que você precisou construir ao longo do tempo?

Billie: Bem, foi… diferente. Porque eu nunca quis escrever uma música empoderada, sabe? Eu não sou muito de fazer esse tipo de letra. Mas na verdade o meu irmão tinha escrito essa música há alguns anos e aí nós tivemos a ideia de retrabalhá-la, então reescrevemos alguns dos versos. Eu sou mais acostumada a escrever de um ponto de vista mais negativo, porque sinto que as pessoas também se identificam com isso. Mas foi uma boa experiência ter uma música que é mais pra cima também, ser meio garota má.

TMDQA!: Nesse assunto de colaborar, sei que você vai dividir algumas noites da turnê com Florence and the Machine, e você lançou recentemente uma música com o Khalid… Então dá pra dizer que você está bem integrada a quem está no topo da indústria. Você tem uma listinha dos sonhos de pessoas com quem gostaria de colaborar, agora que está tão próxima deles?

Billie: Nossa, são tantos… (pausa) Quer dizer, acho que nem consigo citar, tem muita gente com quem eu adoraria trabalhar um dia. Eu adoro o Smino, acho ele incrível em tudo que faz. Tem também o Tyler [the creator], claro. E o Childish Gambino… Enfim, muita gente com quem seria ótimo colaborar.

TMDQA!: Aliás, você colaborou com um cara que tem o máximo do meu respeito, que é o Stromae, um dos artistas visuais mais empolgantes que tem por aí. Eu fiquei me perguntando como esse vídeo, de “Hostage”, veio à tona e como ele, Luc [Junior Tam, irmão e sócio na produtora Mosaert] e Henry Schofield te ajudaram a dar forma ao que você tinha em mente pra esse clipe.

Billie: Nossa… essa foi uma experiência loucamente incrível. Quer dizer, o Stromae é uma lenda, sou fã dele há anos. Eu estava em uma reunião com a gravadora, e me perguntaram se eu gostava de algum artista pra desenvolver um conceito visual, e que fosse internacional, não necessariamente americano. Eu não conseguia pensar em ninguém específico e a gente já estava encerrando a reunião quando alguém me perguntou “e o Stromae?” e eu falei, “claro, eu adoro ele”. Mas só então fui procurar assistir todos os seus clipes a fundo, e eu realmente não fazia ideia do quanto ele era famoso e respeitado. Eu só gostava dele porque gostava, sabe? Mas aí a equipe achou que seria uma boa parceria, então almocei com ele, seu irmão e esposa. E eles trabalham juntos, tipo eu com o meu irmão, então isso já causou uma identificação instantânea. Ele foi a um dos meus shows. Acho que foi em Berlim… Não, Bruxelas.

TMDQA!: Ele é de lá, certo?

Billie: Isso, exatamente. Ele gostou muito de “Hostage”, então decidimos fazer o vídeo juntos. Quando me mandaram o tratamento final, era exatamente aquilo que eu tinha em mente, e foi incrível ver isso virando realidade e trabalhar com todos que realizaram o clipe.

TMDQA!: Ok, essa talvez seja a pergunta mais boba e a mais importante de todas: você ainda está procurando abacates, como diz seu usuário do Instagram? Porque assim, aqui no Brasil a gente tem uns abacates bons.

Billie: Você quer que eu vá ao Brasil só por causa dos abacates? (risos)

TMDQA!: Por que não? Achei que seria uma boa troca, porque seus fãs estão tentando te trazer pra cá…

Billie: Realmente, não seria uma má ideia (risos)

TMDQA!: Tem uma campanha pra você vir ao Lollapalooza, você está sabendo? Tem alguma coisa que você possa compartilhar com a gente?

Billie: É mesmo? (Risos) Bem, veremos… [pausa misteriosa]

TMDQA!: Poxa! Tudo bem (risos) Bom, só pra terminar, sempre pedimos aos artistas com quem conversamos pra contarem o que andam ouvindo. Como você está na estrada, queria saber quais discos vão ser seus companheiros nas viagens.

Billie: Nossa, tem tantos que eu tenho adorado, mas acho que não consigo escolher um só. Eu prefiro pensar que o disco que vai me acompanhar nessa turnê vai ser um pelo qual eu ainda não me apaixonei, que ainda não foi lançado. Algo para aguardar no futuro.

TMDQA!: A sensação de se apaixonar por um disco e reouvi-lo pelas semanas ou meses seguintes é demais, né?

Billie: Com certeza!

TMDQA!: Bem, Billie, não posso te segurar muito! Obrigada pelo seu tempo, boa sorte com a turnê e espero te ver logo aqui no Brasil.

Billie: Eu também, obrigada!

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