Foto por Francesco Cabras

Al Di Meola é um influente guitarrista de latin jazz fusion que tem uma carreira impressionante e está na ativa desde nada mais, nada menos do que 1974.

Para divulgar seu mais recente trabalho, OPUS, o vencedor do Grammy vem à América do Sul e no Brasil fará dois shows, um no Rio de Janeiro e outro em Porto Alegre.

Antes das apresentações nós conversamos com Al sobre a música brasileira, carreira, influências e até o papel da música na política.

Leia nossa entrevista exclusiva logo abaixo.

 

TMDQA!: Sua carreira já dura um bom tempo. O que o mantém motivado para tocar música e viajar ao redor do mundo tocando para diferentes plateias?

Al Di Meola: Eu vejo como um grande privilégio o fato de que há 40 anos eu toco as minhas músicas para plateias de todo o planeta e as pessoas vão ao meu show para apreciar as minhas canções. Eu amo o que faço e ainda tenho a motivação para criar novas músicas, escrever e tocar. Esse é o segredo de tudo: se você ama o que faz, tem motivação.

 

TMDQA!: Você já passou por muitas coisas na indústria da música, desde os discos de vinil até as fitas K7, os CDs, os downloads e agora o streaming. Como você sente que a Internet impactou sua carreira, para melhor ou pior?

Al Di Meola: Realmente é uma faca de dois gumes. De um lado eu posso me comunicar com os fãs de todo o planeta de forma muito mais fácil, o que eu gosto bastante. Eu publico uma música e imediatamente tenho a resposta dos fãs. Do outro lado, a Internet e especialmente os smartphones causaram muita distração do trabalho e do foco na música. Quando eu gravo novas canções eu peço para que os meus músicos deixem seus telefones do lado de fora para que a gente possa se concentrar. O grande problema é que todo mundo agora acha que a música deve ser de graça e eu tenho muita sorte por ter alcançado sucesso há muito tempo, mas os jovens artistas não têm muita escolha – é YouTube ou Spotify e eles esperam que alguém ouça as músicas. A indústria da música se tornou muito mais dura.

 

TMDQA!: Você se inspirou em muitos lugares e fontes para criar sua identidade musical própria. O que tem ouvido ultimamente? Quando você se prepara para compor, como se sente em relação a novos sons? Você prefere se isolar para compor novos materiais?

Al Di Meola: Pelos últimos 20 anos eu tenho ouvido e explorado o mundo de Astor Piazzolla e feito as minhas próprias versões disso. E eu amo os Beatles, eles são a razão pela qual eu peguei um violão quando tinha 7 anos de idade. Eu sou aberto a tudo, realmente, mas as músicas têm que me tocar de alguma forma. É difícil colocar em palavras, mas a música é assim. Para compor eu fico no meu apartamento em Miami, sento lá a noite toda, abro as janelas ouço o barulho do oceano e aí tudo vem para mim. Eu posso ficar sentado a noite inteira tocando e compondo.

TMDQA!: Você tem vários fãs e seguidores no Brasil. Você acha que a incorporação de elementos latinos em sua sonoridade fez com que as pessoas daqui se conectassem com o teu trabalho de forma mais fácil? Que artistas brasileiros foram influências para você nesses anos todos?

Al Di Meola: Eu amo o Brasil e a sua rica cultura musical! Eu sempre fui um grande fã de Egberto Gismonti. Eu fui um tremendo fã e fui altamente influenciado por algumas das mais belas composições de Milton Nascimento. Airto Moreira esteve na minha banda e na época ele já era considerado um percussionista lendário pelo público do Jazz Americano por causa das suas associações com Miles Davis e Chick Corea.

TMDQA!: O mundo está passando por um período bem difícil política e socialmente. Qual você acha que é o papel da música quando o assunto é tornar as coisas mais fáceis para que a gente passe pelos dias?

Al Di Meola: A música, como qualquer outra forma de arte, une as pessoas não importa de onde elas sejam. Hoje isso é mais importante do que nunca. Eu estou realmente preocupado com o nosso mundo e eu acho que os artistas deveriam se posicionar quando eles sentem que algo está errado. Eu critiquei o nosso Presidente [Trump] algumas vezes no Facebook e você não acredita na repercussão negativa que eu recebi. É assustador mas eu não vou parar.

TMDQA!: O que podemos esperar dos shows aqui? Sendo um artista com uma discografia tão vasta, quão difícil é criar um setlist que agrade as diferentes plateias de cada show?

Al Di Meola: Eu estou super empolgado para os shows porque terei Kemuel Roig comigo, que é o novo pianista superstar de Cuba. Ele ainda nem tem 30 anos de idade mas já tem um modo de tocar que me deixou impressionadíssimo. Os shows são uma mistura das minhas próprias composições, especialmente do meu novo álbum, OPUS, algumas versões de Piazzolla e The Beatles.

TMDQA!: O nosso site se chama Tenho Mais Discos Que Amigos! Você tem? Quais discos podem ser considerados os seus melhores amigos?

Al Di Meola: Eu tenho um quarto inteiro no porão só com discos. Tenho muito orgulho de todos os meus álbuns dos Beatles. Eu faltava aula para ir até a loja de discos e comprá-los. Bons tempos!

Al Di Meola no Brasil

O músico toca no país em 31 de Julho no Auditória Araújo Vianna, em Porto Alegre, e no dia 01 de Agosto no Teatro Bradesco Rio, no Rio de Janeiro.

Você pode encontrar os ingressos para os dois shows por aqui.

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