Foster The People

Entrevista por Nathália Pandeló Corrêa

Parece que foi ontem que o Foster The People surgiu com “Pumped Up Kicks”. De hit indie para os maiores festivais, a banda virou presença marcante em trilhas de séries, de videogames, de comerciais de TV. De lá pra cá, se vão pelo menos seis anos. Nesta sexta, o quarteto americano lança Sacred Hearts Club, sucessor do álbum Supermodel, de 2014, seu segundo. O disco já havia sido anunciado e vinha dando sinais de vida há algumas semanas, com estreias de singles, lyric videos, um documentário curta com bastidores dos ensaios para os shows. E, claro, a agenda já está em curso e coloca os dois Marks (Foster e Pontius), Sean Cimino e Isom Innis de volta à estrada. Já em agosto, serão atração do Lollapalooza de Chicago.

O novo disco traz 12 canções, reunindo os singles já divulgados (inclusive as músicas do EP “III”), com participações de Ryan Tedder (OneRepublic), como co-autor em “Doing it for the money”; e da atriz Jena Malone (Jogos Vorazes, Donnie Darko), em “Static Space Lover”. Para saber mais sobre este atual momento da banda, conversamos por telefone com o baterista Mark Pontius sobre inspirações, como entrar para o Clube dos Corações Sagrados e o processo criativo por trás do novo trabalho.

 

TMDQA!: Olá, Mark! Obrigada por conversar com a gente em meio aos preparativos para lançar o disco e iniciar a turnê. Ao mesmo tempo, vocês já estão fazendo isso pela terceira vez, então como é encarar todo esse ritual pré-lançamento? É tranquilo ou tem aquele frio na barriga?

Mark Pontius: Olha, agora… Você fala sobre ansiedade, mas sendo bem sincero, estou bem tranquilo e à vontade. Estou aqui do lado de fora da minha casa falando com você, relaxando, meio que absorvendo toda a calma antes da tempestade (risos). No momento, tudo parece estar no caminho certo para nós, então acredito que ninguém esteja de fato ansioso. Estamos muito positivos sobre tudo, confiando no trabalho que estamos desenvolvendo pelos últimos dois anos e animados também por essa fase nova que estamos entrando na nossa carreira.

TMDQA: Talvez vocês até tenham menos pressão, certo? Porque o Torches já saiu com aquela expectativa do sucesso por conta de “Pumped up kicks” – e que de fato foi, mas o segundo disco sempre tem aquela coisa de ‘vamos ver se eles conseguem continuar fazendo coisas interessantes’, meio que uma exigência que vocês se provem, de certa forma.

Mark: Bem, tudo isso faz parte do negócio da música, e de fato é preciso levar tudo isso em conta pra tomar decisões e planejar táticas e tudo mais. Acontece que tivemos o cuidado de estarmos cercados de pessoas boas, competentes e só deixamos que eles se preocupem com o que cada fase dessas significa (risos). Quer dizer, a gente só se envolve mesmo com a parte musical, e nesse quesito, temos o compromisso de fazer música na qual acreditamos, em seguir nos esforçando pra ir adiante, musicalmente falando.

TMDQA!: E essas músicas novas já estão no mundo. Vocês já lançaram basicamente metade delas. Ainda assim, teremos uma nova leva de músicas inéditas, então talvez surjam algumas surpresas aqui e ali – tipo a Jena Malone em “Static Space Lover”, por exemplo. Como essa e outras colaborações surgiram e o que você acha que mais vai surpreender as pessoas quando elas ouvirem o álbum?

Mark: Bem, esse disco traz coisas de gêneros bastante diferentes. Tem muita coisa que tiramos do hip hop, por exemplo. Tem algumas coisas de psicodelia, anos 60… E algumas músicas que vão lembrar canções mais melódicas, tipo Beach Boys. Sinto que isso é uma progressão natural do que nós somos, do que gostamos de ouvir, fez muito sentido unir essas inspirações. Agora sobre a Jena, foi algo que surgiu porque ela e o Mark [Foster] são amigos e acabaram escrevendo essa música juntos. E como gostamos de ser criativos no estúdio e envolver as pessoas, foi natural trazer a Jena pra participar da música. Gostamos sempre de ter uma mente aberta para as possibilidades!

TMDQA!: Vamos ao que realmente interessa: o que é o Clube dos Corações Sagrados e como fazemos pra entrar?

Mark: (Risos) Olha, não tem uma porta de entrada, exatamente. Esse era um conceito que o Mark e um amigo dele inventaram há um tempo, e nós conversávamos sobre, bem antes de surgir a ideia de batizar o disco assim. Acho que isso acabou ficando no fundo da mente do Mark e acabava transmitindo essa ideia que tínhamos… De que o Sacred Hearts Club é um lugar para forasteiros, pessoas criativas que não se encaixam em modelos pré-concebidos e que querem pensar livremente, realmente mover montanhas, criar coisas novas. Nos sentimos um pouco assim e queríamos estar perto de pessoas assim também, daí veio a ideia de chamar de “Club”. Mas também veio das festas que fazíamos após os shows, quando convidávamos os amigos pra irem se divertir conosco, botávamos uma música pra tocar ou mesmo chamávamos bandas pra tocar… Veio muito dessa atmosfera.

TMDQA!: Mas “sagrado” também remete a religião, fé, especialmente quando vocês citam coisas como “pecado” e “abrir o mar” nas letras. Essas questões passavam na cabeça de vocês enquanto faziam esse disco?

Mark: Acho que essa seria uma boa pergunta para o Mark, porque o conceito principal veio dele mesmo.

TMDQA!: Tá certo! Vocês já comentaram sobre como esse disco era uma forma de superar as notícias ruins do mundo, as perdas das pessoas que admiramos. Hoje ainda tivemos essa notícia triste da morte do Chester Bennington, mais uma despedida para os fãs de música e, claro, os familiares e amigos. Como compositores, de onde vem o equilíbrio para sentir o impacto dessas mudanças em nível pessoal, político e social, e ainda assim trazer algo de positivo para as canções?

Mark: A arte sempre vai se inspirar sobre o que está acontecendo no mundo naquele momento, sendo aspectos políticos ou não, bons ou ruins. O disco veio muito de onde estamos atualmente, e como banda escolhemos pegar essa situação atual e ver por todos os ângulos, mudar um pouco a perspectiva. Acho que precisávamos de algo com que combater essas coisas tristes, e optamos por encontrar o que tinha de bom e trabalhar em cima disso. Tentamos sempre tomar as decisões corretas enquanto pessoas, mas essas músicas especificamente vêm de um lugar positivo, e não inspiradas pelo que há de negativo na política agora.

TMDQA!: Pra encerrar de forma um pouco mais leve, sempre pedimos aos músicos com quem conversamos pra falar sobre o que andam ouvindo. Você pode contar um pouco sobre as inspirações pra esse disco? Quando estavam trabalhando nele, teve algo que vocês pensaram “é assim que a gente quer soar”?

Mark: Acho que não houve nada muito específico que estávamos ouvindo, sabe? O que nós gostamos é de estar sempre escutando novos sons, descobrindo coisas diferentes e isso acaba entrando no que produzimos também. Mais do que tudo, sinto que esse disco vai mostrar esse lado nosso, um panorama do que somos, essas influências diversas de cada músico, e o que nos torna únicos.

TMDQA!: Infelizmente nosso tempo está chegando ao fim. Esperamos que vê-los aqui no Brasil novamente com essa turnê.

Mark: Nós também. Muito obrigado!

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