Deaf Havana é uma banda britânica que lançou seu primeiro disco de estúdio em 2009 com Meet Me Halfway, at Least, e se tornou um nome interessante da cena de post-hardcore/emo do mundo todo.

De lá pra cá, porém, o grupo passou por mudanças importantes na formação, seus integrantes passaram a ouvir novas influências e a sonoridade do grupo mudou bastante.

Isso pode ser percebido no recente All These Countless Nights, lançado em 2017 e que atingiu a quinta posição nas paradas do Reino Unido, a melhor na carreira da banda.

Conversamos com o líder James Veck-Gilodi a respeito de tudo isso e você pode ler a nossa entrevista exclusiva logo abaixo.

 

TMDQA!: Vocês estão na ativa desde 2005, mas agora estão tendo maior reconhecimento no Reino Unido e mundo afora, muito por causa dos seus últimos discos. Suas raízes os levam ao emo e post-hardcore, e agora parece que a banda conseguiu, com sucesso, desenvolver uma sonoridade única, bastante expansiva. Como vocês enxergam a evolução da banda nesses 12 anos, e como descreveriam as músicas para alguém que nunca ouviu Deaf Havana?

James Veck-Gilodi: Eu acho que nós amadurecemos honestamente como seres humanos e com isso nossos gostos musicais mudaram. Quando começamos eu estava no ensino médio e todos nós ouvíamos várias bandas “emo” diferentes porque era a moda na época, então naturalmente nós fomos influenciados por essas bandas e nosso som se alinhava com esse gênero. Mas isso durou um curto período e nós rapidamente crescemos e percebemos que não gostaríamos de tocar esse tipo de música para sempre, então comecei a escrever letras mais influenciadas pelas minhas experiências pessoais e eventualmente nos tornamos quem somos agora.

Para alguém que nunca ouviu nosso som, eu diria que tocamos rock com influências de pop e música country/folk também, mas o mais importante é que escrevemos letras honestas que são bastante fáceis de se relacionar com as experiências das pessoas.

TMDQA!: Parece que o período entre Fools and Worthless Liars e Old Souls (2011-2013) foi crítico para a banda para desenvolver seu próprio som e conceito lírico. O que aconteceu e de onde vocês tiraram inspiração para escrever essas músicas? Que bandas vocês ouviam na época?

Deaf Havana: Eu acho que o que aconteceu de principal nesse período é que eu me tornei muito mais confiante como um compositor. Fools and Worthless Liars foi o primeiro disco que eu escrevi então eu acho que estava nervoso e apreensivo com a abordagem, mas após me tornar mais confiante com as minhas habilidades eu acho que as letras em Old Souls são as minhas melhores até hoje. A gente ouvia principalmente Bruce Springsteen e The Rolling Stones, então acho que talvez seja por isso que esse disco soe mais “clássico” do que os outros.

TMDQA!: Após lançar três álbuns com intervalos de dois anos entre eles, vocês passaram quatro anos entre Old Souls e All These Countless Nights, seu último disco. Parece que isso funcionou muito bem, já que o disco foi bem recebido pelos fãs e críticos. Nos conte um pouco sobre o processo e como os anos em turnê, fazendo shows próprios e tocando em festivais ajudaram na criação das canções.

Deaf Havana: Nós nunca pensamos em tirar esse tempo todo de propósito, mas nos deparamos com uma série de eventos que significaram que não poderíamos continuar como uma banda. Os anos de excursão sempre influenciaram a maneira como eu escrevo as letras porque eu só escrevo sobre experiênciais reais que aconteceram comigo e várias delas foram durante as longas turnês. Mas esse novo disco foi principalmente criado ao redor do período de tempo que passamos longe da banda, e eu acho que sem essa pausa esse disco não seria nem de perto tão bom quanto ele é.

TMDQA!: O Deaf Havana lançou seus últimos álbuns via BMG, e o novo está saindo pela So Recordings. O que fez vocês decidirem por essa mudança e como afetou o processo do álbum?

Deaf Havana: Bem, a BMG não é uma gravadora de verdade, é uma empresa gigantesca de edição e publicação mas eles decidiram agir como uma gravadora com Fools e Old Souls. Eles eram ótimos, mas isso não funcionava direito, então decidimos manter a BMG como nossos publishers e procurar uma nova gravadora, e a So tem sido maravilhosa até agora, estamos muito felizes com a decisão.

TMDQA!: Há muita coisa acontecendo no mundo hoje em dia. Temos a crise dos refugiados na Europa, Donald Trump nos EUA e aqui no Brasil estamos no meio de uma gigantesca crise política. Como tudo isso afeta a maneira como vocês criam músicas? Qual você acha que é o papel da arte no processo de fazer com que esses períodos sejam um pouco mais fáceis?

Deaf Havana: Com certeza, e ainda temos o Brexit na Inglaterra que é terrível. Eu nunca escrevo sobre coisas políticas porque eu não tenho conhecimento o suficiente para realmente fazer justiça a esses temas, e ao invés disso, eu me concentro em coisas reais que se aplicam a todas as pessoas do mundo. Eu acho que mesmo que algumas pessoas possam entender a maneira como eu componho como uma fuga, e que eu poderia estar me concentrando em coisas mais importantes, eu vejo como algo que tira a sua mente das coisas terríveis que estão acontecendo no mundo, e a arte sempre estará lá para que a gente escape do mundo real.

TMDQA!: Emo, post-hardcore e pop/punk são gêneros que andam lado a lado e foram ligados à sua sonoridade no passado. Parece que há um renascimento deles no dia de hoje, com bandas underground, reuniões de nomes como American Football e demanda dos fãs. Como você se sente a respeito e o que vocês aprenderam dessa cena nesses anos todos? Você acha que era um passo natural expandir o som como vocês fizeram no último álbum?

Deaf Havana: Eu nunca fui um grande fã desses gêneros então, para ser honesto, não presto muita atenção nessas bandas. Eu acho que a música muda e progride por algum motivo e talvez essas bandas se reunindo e reaparecendo seja um passo na direção errada. Mas para ser honesto, eu prefiro todas essas bandas do que música pop sem alma, então eu acho que desde que existam músicas feitas por alguém que sinta emoções verdadeiras, só pode ser uma coisa boa.

TMDQA!: Nosso site se chama Tenho Mais Discos Que Amigos! e gostamos de fazer essa conexão entre ouvir álbuns que marcam as nossas vidas e pensar que eles são como nossos amigos. Primeira pergunta: você tem mais discos que amigos? Segunda pergunta: que bandas você tem ouvido hoje em dia? 2016 foi um ano de merda no geral mas tivemos grandes sons para nos ajudar no rpocesso. Quais foram seus álbuns favoritos do ano passado?

Deaf Havana: (Risos) Esse nome é ótimo. Eu chutei que era isso mesmo porque falo um pouquinho de Espanhol e o nome do site seria “Tengo Más Discos Que Amigos”, que é basicamente a mesma coisa do que em Português.

Eu acho que provavelmente tenho mais amigos que discos porque viajamos muito e conhecemos muita gente maravilhosa nas turnês e nos festivais, então eu tenho mais amigos.

Hoje em dia estou ouvindo alguns discos ótimos. Ryan Adams lançou um novo chamado “Prisoner”, que é incrível. Ele é um dos meus compositores favoritos. Eu amo o novo disco do Thrice também, acho que a voz do Dustin está ótima nele.

Fora isso, ouço um montão de discos antigos da Björk e do Oasis! (Risos)

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