O Face to Face lançou recentemente o clipe de “Say What You Want”, música do disco Protection, de 2016.

Com disco lançado pela Fat Wreck Chords, a faixa fala de como nem sempre se pode expressar sua opinião, segundo Trever Keith, vocalista e guitarrista da banda.

Porém, uma grande curiosidade do clipe é novamente a direção do brasileiro Daniel Ferro, conhecido por vários clipes de bandas nacionais, incluindo “Infinito” da Fresno, “Vitória” do Dead Fish, “Pedra Murano” do NX Zero, entre outros, além de trabalhos como o mais recente DVD Acústico do Raimundos.

Ferro já havia dirigido um clipe da banda anteriormente. Em 2016, foi a vez de “Double Crossed”, faixa do mesmo disco, como você pode ter visto por aqui.

O TMDQA! bateu um papo exclusivo com o diretor. Confira a seguir a entrevista e o clipe de “Say What You Want”:

 

TMDQA!: Essa não é a primeira vez que você dirige um clipe do Face to Face. Como surgiu a primeira oportunidade e o que levou a essa segunda?

Daniel: Quando a banda decidiu se reunir em 2008, eu fui pra Califórnia e me ofereci “0800” pra fazer um webdoc do retorno da banda. Eles adoraram. Ajudei a fazer a ponte pra trazê-los pro Brasil, colocando pilha neles que aqui tinha público. A relação se estreitou.
Ano passado rolou o convite para gravar o novo single do último disco deles, que foi da música “Double Crossed”. Como teríamos um dia inteiro disponível, dei a ideia de gravarmos dois clipes. Eles ficaram meio ressabiados com essa coisa 2 por 1 (gringo sempre acha que a gente vai armar alguma pegadinha com eles, hehehehe), mas toparam. Depois de terminar de gravar “Double Crossed” fizemos rapidinho os takes de “Say What You Want”.
Trouxe pro Brasil e editei o segundo clipe junto com o Pedro Magalhães, um colaborador meu antigo de vários outros trampos fodas.

TMDQA!: Onde os vídeos foram gravados? Qual é a parte mais difícil de logística quando o trabalho envolve uma banda que não está aqui perto da gente?

Daniel: A banda sugeriu, ainda por e-mail, uma oficina/garagem de motos vintage em Los Angeles, onde eles fariam a festa de lançamento do disco. Eu olhei as fotos e falei que lá seria um excelente lugar para filmarmos. Assim já saímos do Brasil com o local já escolhido.
Em questão de logística, foi muito tranquilo porque contei com a ajuda da Melissa Castro, uma brasileira residente em Los Angeles que já trabalha com fotografia há anos lá, e manja muito de produção também. Sem ela, não seria fácil do jeito que foi. Também contei com o apoio do Gustavo Tolhuizen que veio do Brasil comigo pra essa missão.
Mas a parte mais difícil de tudo é alinhar expectativas do que a banda quer, com o que você quer. A gente no Brasil tem uma abordagem e função do “videoclipe oficial” que os gringos (pelo menos essa galera old school) não têm. Pra eles, o clipe é algo secundário, enquanto aqui é talvez algo tão importante quanto lançar um disco. Aqui no Brasil, sem um clipe oficial, o artista não é oficialmente lançado. Lá fora, eles não têm essa mentalidade, não investem tempo e preocupação nos clipes. É algo totalmente coadjuvante. Então alinhar essa minha vontade de fazer um clipe que vai fazer um puta barulho, com toda essa cultura deles da “não-necessidade” de ter um clipe foi o mais complicado de trabalhar. Mas juntos conseguimos entender que tínhamos um produto legal nas mãos.

TMDQA!: Como foi o processo de criação de cada um dos vídeos? As ideias eram todas suas? Que tipo de “input” recebeu da banda na hora de idealizar os clipes e gravá-los?

Daniel: No primeiro clipe de “Double Crossed” eu cheguei a mandar roteiros, ideias e um direcionamento bem específico. Mas o Trever Keith, vocalista do Face to Face, queria muito fazer a banda tocando e incluir uns truques de mágica, brincando com a ideia da letra da música (Double Crossed em inglês vem do conceito “ser enganado”). Ele falou que tinha um amigo mágico e eu topei o desafio.
Para “Say What You Want” foi legal porque eu praticamente escolhi a música que eu queria fazer o clipe, combinava com a ideia de fazer algo P&B, em composições visuais que remetessem a arte do encarte do disco. Escolhi a música e eles toparam. Ainda acompanhei a banda em dois shows no mesmo final de semana para algumas imagens ao vivo que estão no clipe. Eles me deram acesso ilimitado e deu super certo. Simples assim.

TMDQA!: Definitivamente deve existir uma carga emocional gigantesca quando se trabalha com alguém que você ouviu e curtiu tanto, principalmente na adolescência. Como foi lidar com esse aspecto pessoal durante todo o processo? Ele contribuiu ou atrapalhou?

Daniel: Foi muito tranquilo porque já conhecia a banda desde 1999, quando fui ver um show deles em Denver. De lá pra cá foram muitos encontros e sempre trocando ideia com eles. São super acessíveis. Dois dias antes da gravação, que rolou um momento “a ficha caiu”, quando o Trever me chamou pra uma reunião depois do ensaio da banda. Vi a banda ensaiando num estúdio, tocando o disco novo de cabo a rabo, ali só pra mim. Dali pra frente, foi só alegria. Sonho realizado.

TMDQA!: Já tem algum próximo clipe de banda lá de fora em vista?

Daniel: Segredo!! hehehe! Mas tem turnê do Face to Face em Outubro 2017 no Brasil né? Quem sabe?

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