Amplifica #6

O Amplifica inaugura o mês de Abril com a sexta edição da coluna. Metz, Catavento, Flying Lotus, Converge e Buzzcocks são algumas das bandas que já passaram por aqui (confira as edições anteriores). Dessa vez, o punk rock contagiante do Sheer Mag se junta às baladas sombrias do Timber Timbre e ao último disco da carreira solo de Jair Naves, integrante da banda Ludovic, que voltou aos palcos recentemente.

 

Sheer Mag
Créditos: Divulgação no Bandcamp
Sheer Mag (Estados Unidos – Pennsylvania)
Disco: Compilation (I,II,&III)
Ano: 2017
Gravadora: Wilsun RC

O Sheer Mag, abreviação para Sheer Magnitude, é uma espécie de acontecimento. A proposta sonora da banda se assemelha a uma fita antiga recusada pela Motown por ser suja e barulhenta demais. As influências de punk, hard rock e blues se misturam de uma maneira que poucas vezes foi feita. E apesar do que pode parecer, não se trata de uma banda saudosista ou preocupada em resgatar aquilo que um dia deu certo. Para o Sheer Mag, o passado é um meio de buscar novas possibilidades. Esse álbum é uma compilação dos discos intitulados I, II e III, tendo sido lançado no primeiro dia de 2017. As influências de Thin Lizzy e outros grupos dos anos 70 mergulham em um clima punk lo-fi. Acima de tudo, trata-se de músicas extremamente divertidas e contagiantes. Grande parte disso se deve aos refrães cantados por Christina Halladay, que têm grandes chances de grudar nas suas conexões cerebrais por um bom tempo. Para ouvir dançando com os amigos.

Para quem gosta de: Uranium Club, The Runaways, Thin Lizzy

Timber Timbre (Canadá – Toronto/Montreal)
Disco: Creep On Creepin’ On
Ano: 2011
Gravadora: Arts & Crafts
Timber Timbre
Créditos: Caroline Desilets

O Timber Timbre é uma talentosa banda canadense e Creep On Creepin’ On é o quarto disco do grupo. “Every heart is a lonesome hunter” e “I felt your poltergeist presence in the frame of the bed” são trechos que expressam bem o clima que o disco tenta passar. Cada movimento nas faixas é feito de forma precisa, quase imperturbável, o que de alguma maneira expressa a segurança da banda no que se propõe a fazer. Ao invés de conduzir ao terror, a atmosfera fantasmagórica do disco é mais sedutora do que assustadora, com baladas sombrias acompanhadas por melodias ternas, remetendo ao folk mais contemporâneo, bem como a estilos musicais antigos surgidos na década de 40. A voz de Taylor Kirk sintetiza muito bem a atmosfera de mistério e suspense da sonoridade do grupo. E apesar do que pode aparentar, está longe de ser um álbum arrastado ou difícil, pois os fantasmas que rondam o Timber Timbre são encarados de uma forma autoirônica. Para dançar em câmera lenta.

Para quem gosta de: Dead Man’s Bones, Calexico, Nick Cave & The Bad Seeds

Jair Naves (Brasil – São Paulo)
Disco: Trovões a Me Atingir
Ano: 2015
Gravadora: Independente
Jair Naves
Créditos: Patrícia Caggegi / Divulgação no Facebook

Jair Naves é um daqueles artistas que nos dão a sensação de que suas músicas foram compostas por uma espécie de necessidade profunda e irrefreável. Não é à toa que o tema do exorcismo – no aspecto emocional – é um tema constante das letras, mesmo que de forma implícita. “Trovões A Me Atingir”, entretanto, é mais um encontro com alguma forma de luz e de esperança, bem expressa na capa do disco. A organicidade dos arranjos fluem de forma natural, remetendo a um trabalho anterior dos músicos que participam do disco, o Gigante Animal. É ainda o álbum mais rico sonoramente na carreira de Jair Naves, auxiliado por diversas participações que incluem Bárbara Eugênia, Guizado, Hélio Flanders (Vanguart), Beto Mejía (Móveis Coloniais de Acaju), entre outros. O instrumental criativo e imprevisível é iluminado por um tipo de claridade que se aproxima mais da ardência do que da calmaria. E a grandeza do disco é sintetizada em uma das passagens da última faixa do disco: “Que o amor encubra o som do mundo a ruir”. Para ouvir aos domingos.

Pra quem gosta de: Quarto Negro, Girls, Gigante Animal

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