Dias atrás, aqui no TMDQA!, o Tony escreveu um post questionando o eterno e recorrente dilema sobre a morte do rock em um editorial intitulado “O rock and roll morreu ou somos uma geração de roqueiros frustrados?”.

Vale muito a leitura. Gosto especialmente do trecho onde ele escreve: “A nova onda de rock n’ roll vai ter que surgir a partir das minorias, das diferenças, de quem sobrevive para fazer arte e faz arte para sobreviver. Só o homem branco pegando guitarra e fazendo um refrão não vai ser o suficiente para essa geração“.

Bingo.

O rock, ou a atitude subversiva cantada sobre guitarra, baixo e bateria, o rock no sentido tradicional da coisa, foi engolido pelo mercado fonográfico e perdeu a cara. O rap, o samba dissonante, ou a eletrônica experimental, pra ficar somente com alguns exemplos, sabem ser mais rock que o rock hoje em dia.

Eis que ontem, quarta (22), começa a circular no Facebook um vídeo misterioso com uma banda violentíssima. Um crossover brutal, filmado de maneira improvisada, em local improvisado, com equipamento improvisado. E ainda assim, melhor que muito Blu-ray por aí. Enfim, é melhor assistir ao vídeo – já com milhares de compartilhamentos – do que tentar entender com palavras:

https://www.facebook.com/suco.gastrico/videos/760065917494701/

Conversei com o Maylson Pereira, autor do vídeo, e descobri que ele é o baterista que aparece. O senhor que conseguiu, sem mixagens trabalhosas, sem isso ou aquilo, chegar ao som perfeito de uma bateria de thrash.

A banda se chama Cérebro de Galinha e vem de Marabá, cidade com menos de 300 mil habitantes no interior do Pará. Segundo Maylson, o lugar do vídeo é um terreno baldio; a banda leva os instrumentos pra lá em carrinhos de mão, faz uns gatos pra conseguir energia elétrica e diverte os amigos com pauladas inspiradas em Ratos de Porão, Mukeka di Rato e outros ícones do hardcore nacional, seguindo a escola Devotos de punk DIY. No YouTube dá pra sacar outros vídeos do grupo:

Dá também pra ouvir a única demo da banda, com 10 músicas, no Palco MP3 deles.

A cada vez que deflagramos a morte do rock, ou da atitude de subversão no universo musical, apenas provamos a nossa incapacidade de enxergar além das nossas bolhas sociais. Ou fugimos do eixo, ou, respondendo à pergunta do Tony, nos restará somente a frustração.

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