Matt Healy, do The 1975

Por Nathália Pandeló Corrêa

Foto do The 1975 via Shutterstock

Depois de um “quase” show no Brasil, marcado para setembro do ano passado e que teve de ser adiado, o The 1975 vai finalmente chegar por aqui com a turnê de seu aclamado álbum I like it when you sleep, for you are so beautiful yet so unware of it. Matty Healy, George Daniel, Adam Hann e Ross MacDonald estão escalados para o primeiro dia do Lollapalooza, que acontece neste sábado e domingo em São Paulo. Já na segunda, agitam uma das três Lolla Parties que rolam também em SP, na Audio.

Do início nos arredores de Manchester, há 15 anos, até os principais palcos do mundo, foi um longo caminho. Mas tem valido a pena, como reflete o próprio Matty, em uma conversa que tivemos por telefone. Um dos maiores exemplos da mudança 360º vem da NME, que em seu prêmio anual elegeu o The 1975 como a Pior Banda e, apenas dois anos depois, nomeava I like it when you sleep o melhor disco na sua badalada lista.

É nesse crescente que a banda caminha para o restante da tour, em clima de celebração. É o que garante o vocalista, que também adiantou que está trabalhando no próximo álbum. Music for Cars será o novo trabalho, mas os detalhes ficam para depois.

Enquanto isso, Matty fala sobre inspirações, mudanças e os shows que vêm por aí nessa entrevista exclusiva:

TMDQA!: Oi Matty! Primeiro, muito obrigada por tirar um tempinho pra falar com a gente! Queria ir direto ao ponto: o novo disco de vocês é um sucesso. E eu vejo o “I like it when you sleep…” como uma coleção de canções que têm personalidades muito fortes e também muito diferentes. Imagino que tenha a ver com a experiência que vocês trazem pra esse trabalho, até porque não se intimidam com experimentações e novas explorações. Teria sido bem mais prático só seguir no mesmo caminho do primeiro disco, que deu certo, não? Mas vocês decidiram trabalhar mais, colocar mais alma nessas composições. Valeu a pena o esforço extra?

Matty: Uau, essa é uma boa pergunta… Poxa, realmente muito boa mesmo. Eu ainda não tinha pensado por essa perspectiva. Olha, se a pergunta é se valeu a pena, sim! Valeu muito. (pausa) Você meio que já respondeu a pergunta pra mim, porque é exatamente isso, nesse disco nós sentimos o peso da responsabilidade de fazer algo mais real. Com certeza colocamos mais alma e… eu diria que mais fragilidade também. E isso veio de todos os lados, inclusive da gravadora em vender o nosso trabalho. Foi uma força tarefa, de todo mundo se unindo pra fazer o disco dar certo.

TMDQA!: Às vezes ouvindo o “I like it when you sleep”, ecoa lá no fundo aquele pop anos 80, entre outras referências – e isso é um elogio! (Risos) Queria saber como foi ir de ponto A a ponto B, ou seja, o início de vocês, como uma banda mais embasada pelo punk, e esse novo momento. Porque a sensação é que no mínimo vocês estão mais confortáveis em termos de identidade. Quando você olha pra trás, você sente que essas mudanças de som foram um caminho natural pra banda?

Matty: Sim, demais. Foi bem natural… Mas espera, você é fã da banda?

TMDQA!: Sim, mas admito que só parei pra prestar atenção em vocês no ano passado.

Matty: Ok, sem problemas! É que sinto que você curtiu o nosso trabalho, e isso é sempre legal, fico feliz. Mas desculpa, qual era a pergunta mesmo?

TMDQA: Curti sim! Queria saber se você olha o início de vocês na adolescência, depois os primeiros EPs e o novo disco, por exemplo, e vê um caminho que faz sentido ali.

Matty: Verdade! Então… É curioso porque ao mesmo tempo que a gente sente que está andando pra frente, também voltamos às raízes. Se você pensar em quando começamos a tocar e fazer turnê, lá por 2003, 2004, 2005, ser alternativo é que era legal. Naquela época, não tinha tanto esse resgate que a gente vê hoje. Então, de certa forma, estamos expressando a nossa admiração pelo que nossos pais ouviam em casa, sabe? Na medida que a gente vai ficando mais velho, vai se sentindo mais confortável conosco, com a própria identidade, e isso se reflete no que fazemos. Eu realmente sinto que foi natural porque colocamos ali as coisas que curtimos ouvir e só. Incorporamos influências de soul e outros discos.

TMDQA!: Ampliando esse papo para a cena em si, digamos que vocês estão em boa companhia. A gente vê bandas cada vez mais experimentando com sintetizadores, por exemplo, como foi o caso do White Lies, que explorou isso no novo disco. Você acha que as bandas de rock, de indie estão mais dispostas a explorar outros gêneros com os quais ainda não se associaram e a ficar menos “presas” dentro de uma categoria? E o The 1975 pensaria em fazer algo que mudaria o direcionamento da banda nos próximos projetos?

Matty: Olha, não sei, porque não acompanho muito essa cena toda. Como millennials, a gente não tem mais a mesma atenção que outras gerações tinham, até de focar em um certo tipo de música. Isso nos leva em muitas direções diferentes. Mas se você pergunta sobre uma investida criativa consciente, eu não nos vejo fazendo isso, de racionalizar um novo som pra banda. Somos mais de absorver o que está ao nosso redor, e aí colocar a nossa interpretação disso. O que muda somos nós, e não necessariamente a música.

TMDQA!: Falando em próximos passos… Você já deu pistas sobre “Music For Cars”, que deve ser lançado no ano que vem. Mas isso é tudo que sabemos até o momento. Não tem nada que você possa adiantar pra gente sobre o novo disco?

Matty: Por enquanto, só revelamos o nome mesmo! Primeiro vamos terminar essa turnê, que de certa forma está se tornando uma celebração de tudo que esse álbum representou. E aí em algum momento ao longo do ano, vamos revelar alguns detalhes bem íntimos desse novo trabalho. O que as pessoas sabem é que ele existe, que estamos trabalhando no novo disco, mas até aí, não é uma grande novidade, porque estamos sempre trabalhando no próximo passo. Mas quando for o momento certo, vamos divulgar um manifesto, digamos assim.

TMDQA!: Ok, ok, justo. Então vocês finalmente vão tocar no Brasil! Serão dois shows em São Paulo, apenas com dois dias de distância. Imagino que no Lollapalooza vocês vão montar um repertório mais para festival, o que é sempre divertido de assistir. Mas tem alguma surpresa planejada para os fãs que estão aguardando o segundo show, para ter a experiência completa do The 1975?

Matty: O que eu posso prometer é que vamos dar o nosso máximo. O show que queremos levar para o Brasil é o mesmo que os fãs têm ouvido falar tanto, o mesmo que apresentamos em qualquer arena, no Madison Square Garden… Nem sempre isso é possível na medida que viajamos ao redor do mundo, mas sempre fazemos o possível para entregar o que é “o show do The 1975”. Acho que vamos acabar fazendo mesmo o repertório de festivais, porque faz parte de você tocar para públicos bem diferentes, e acaba sendo como muitas bandas montam seus shows. Mas queremos entregar para os fãs o mais próximo possível da experiência de nos ver ao vivo!

TMDQA!: O nome do nosso site tem muito a ver com a ótima companhia que é um disco, uma música, tê-los por perto. Queria saber o que você tem ouvido na estrada e que está te inspirando mais ultimamente.

Matty: Uhm… Deixe-me pensar… Acho que Ballads, do John Coltrane. E o que mais? Ah, estou ouvindo muito Carole King.

TMDQA!: Olha, fiquei surpresa! Aliás, a Carole King é fantástica, não?

Matty: Sim, ela é demais! Estou ouvindo uma coleção inteira dela e estou estudando os grandes cancioneiros americanos, sabe? Voltando aos clássicos.

 

The 1975 no Brasil

A banda irá se apresentar no Lollapalooza Brasil, no Sábado (25 de Março), como parte da programação do festival no Autódromo de Interlagos.

Na Segunda-feira, 27, o The 1975 fará um show solo na capital paulista como parte das Lolla Parties.

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