Janeiro mal terminou, Fevereiro foi junto pro saco e Março já até se adiantou. E, de mãos dadas com a modorra pós-carnaval, cá está o resumão do mês mais curto do ano. Fevereiro surpreendeu com ótimos lançamentos de artistas menos conhecidos do grande público, mas que podem despontar como candidatos aos melhores discos de 2017 com o passar dos meses. Além disso, um DJ set suave, um ao vivo esporrento e outras coisas mais. Segue o baile:

Álbuns

Outro Tempo: Electronic and Contemporary Music From Brazil, 1978-1992: essa espetacular coletânea, lançada no fim do mês pelo selo holandês Music From Memory, reúne alguns dos melhores flertes da música brasileira com o universo da música digital entre 78 e 92, período marcado pela pouca – ou nenhuma – atenção dada à música experimental brasileira. Dá pra ouvir na íntegra no Soundcloud da MFM (linkado acima).

Dirty Projectors – Dirty Projectors: o primeiro lançamento do Dirty Projectors desde o elogiado Swing Lo Magellan (2012) assegura David Longstreth como o centro criativo e único integrante oficial do projeto, em álbum que se inspira no R&B experimental para narrar a separação entre Longstreth e Amber Coffman, ex-integrante do grupo que hoje segue em carreira solo. Um disco denso, emotivo, e com excelente produção.

Thundercat – Drunk: é cedo demais para cravar se Drunk é, de fato, o melhor trabalho de Thundercat até aqui. Mas é, sem dúvidas, o mais completo e interessante dos quatro. Drunk é uma viagem psicodélica à virtuose do jazz fusion dos anos 80, amarrada por elementos de soul, hip-hop, e preocupação extra com a construção das canções, ainda complexas mas que permitem audições despretensiosas.

Bemônio – Vão: depois da podreira de Lodo (2014) e Desgosto (2015), Vão mostra o Bemônio mais próximo das esferas mais sombrias da ambient music do que do completo caos sonoro. São três faixas que, ainda que extremamente densas, revelam outro aspecto do projeto do carioca Paulo Caetano.

Syd – Fin: falei brevemente sobre esse disco no resumão de Janeiro, mas o lançamento oficial, no início deste mês, surpreendeu tão positivamente que vale o retorno. Sem o The Internet, grupo que a lançou na carreira artística, Syd foge do neo-soul e cai nas águas do hip-hop, em faixas muitas vezes soturnas, em contraste à voz macia da cantora. Discão.

Ryan Adams – Prisoner: uma continuação sonora do álbum anterior de Adams, onde as influências de Bruce Springsteen e Tom Petty se aproximam das baladas com sotaque folk, grande especialidade do guitarrista. Não é o auge da produção dele, mas reserva belíssimos momentos como “Anything I Say To You Now” e “Breakdown”.

Também valem destaque: Gang Signs & Prayer, primeiro álbum de Stomrzy, novo nome do grime inglês; Elwan, o novo do Tinariwen; Headnod Suite, novo de Karriem Riggins, excepcional DJ, baterista e produtor de jazz/hip-hop; A Thousand Skies, segundo disco do italiano Clap! Clap!; Líquido, do pernambucano Tibério Azul; Crystal Fairy, disco do supergrupo homônimo que junta Omar Rodriguez-Lopez (At The Drive-In, The Mars Volta) a integrantes do Melvins; Process, aguardado primeiro álbum de Sampha; Flying Microtonal Banana, viagem do King Gizzard & The Lizard Wizard pelo universo dos microtons; e Cortes Curtos, primeiro disco solo do guitarrista Kiko Dinucci, sobre o qual escrevi aqui no blog dias atrás.

DJ Set

Mês passado, Bonobo nos apresentou ao ótimo Reflection, seu mais novo trabalho de estúdio. Aqui, ele ressurge em DJ set registrado em Londres pela Mixmag, onde mixa produções próprias ao lado de algumas das influências sonoras de Reflection, que variam entre beats límpidos, e toques da música africana e do oriente.

Ao vivo

O Thee Oh Sees surge como um trio (sem o segundo baterista a qual estávamos acostumados nos últimos anos) nessa espetacular sessão da KEXP, filmada em novembro de 2016. Ainda assim, continuam como uma das melhores bandas ao vivo da atualidade, e provam isso em versões furiosas do clássico “The Dream” e novidades como “Gelatinous Cube”, direto do ótimo A Weird Exits (2016).

Lista

Em um artigo dedicado à “surpreendente perseverança” de “By Your Side”, single meio lado B de Sade que pouco a pouco virou uma das músicas mais adoradas da cantora nigeriana, o Stereogum listou algumas das mais inusitadas versões de outros artistas para a balada. Vale cada play.

E com Win Butler (Arcade Fire) tirando selfie com Ronaldinho Gaúcho, me despeço. Até a próxima ;)

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