Marina Melo no Sesc Pompeia

Marina Melo tem 26 anos e lançou, em junho, o disco Soft Apocalipse. O nome é pra ser uma contradição mesmo. Isso porque as letras são fortes, pesadas, falam sobre política, sexismo e outras questões cotidianas. Mas sempre com delicadeza, mesclando sentimentos como saudade e amor.

A sonoridade vem sendo muito elogiada: a banda, formada por Gabriel Serapicos na guitarra e no teclado, Pedro Serapicos no baixo e Matheus Souza na bateria, contempla estilos como MPB, jazz e rock, e Zeca Baleiro também participou de uma das 13 faixas.

Quem quiser conhecer melhor o trabalho de Marina Melo (além de ler a nossa entrevista, abaixo) pode vê-la em ação no dia 2 de novembro, às 20h no Itaú Cultural, que fica em plena Avenida Paulista, número 149, em São Paulo.

A entrada é gratuita!

Entrevista

Disco Soft Apocalipse, de Marina Melo

TMDQA!: Obrigado por atender a gente! Você é formada em pedagogia. De onde veio o interesse pela música?
Marina Melo: Na minha família tem alguns músicos, mas não os meus pais. Então, na verdade, em casa eu não era muito estimulada. Mas na adolescência eu comecei a cantarolar, e as pessoas diziam que gostavam da minha voz. Então comecei a dar uma atenção pra isso. Fui estudar canto ao mesmo tempo que entrei na faculdade. E a paixão foi crescendo. A faculdade não tanto… (risos). E quando eu comecei a compor, descobri que aquilo me dava uma alegria muito grande. Logo me dediquei mais a isso. Por exemplo, agora estou com um violão no meu colo!

TMDQA!: E como foi essa transição do “violão no colo” pra uma carreira profissional?
Marina Melo: É bem pra além da música. Durante o processo de feitura do disco eu estava bem protegida, até. Eu e meu produtor, o Gabriel Serapicos, ficávamos juntos elaborando os arranjos e convidando gente pra tocar conosco. Era uma coisa bem isolada e tranquila. Foi quando eu lancei o disco que descobri os verdadeiros desafios de almejar uma carreira, que é lidar com redes sociais, produção de shows, assessoria de imprensa… um monte de coisas diferentes do fazer artístico.

TMDQA!: Fala um pouco do disco Soft Apocalipse. A temática das letras é sempre relativa ao cotidiano do brasileiro, principalmente das mulheres. Como foi o processo de composição?
Marina Melo: Enquanto eu fazia as músicas, nem pensava que seria um disco. Só ia fazendo e tocando em alguns lugares. De fato, eu falo muito sobre questões políticas, porque é muito difícil não percebe-las. Agora, depois desses lançamentos todos, eu fico tão cansada… às vezes eu penso ‘só queria fazer umas musiquinhas de amor!’ (risos). Mas quando me pego, estou falando de política de novo. E Soft Apocalipse foi um jeito de reunir esses dois lados do meu trabalho. Essa coisa mais política, quando se percebe que o mundo está muito doente, e também esse lado mais tranquilo e brincalhão, que fala de saudade e de um sábado de sol, por exemplo. Por isso o nome, que é pra ser bem humorado, porque é uma contradição.

TMDQA!: Você, como mulher, já deve ter tido que lidar com a nossa sociedade machista. Agora, com a exposição, o preconceito continua ou melhorou?
Marina Melo: Eu, felizmente, nunca fui vítima de nenhuma manifestação de ódio. Mas sendo uma mulher compositora… eu sempre esbarro em comentários do tipo ‘você é compositora mesmo? É você quem faz a letra? Mas então quem faz a música?’. Como se mulheres não fossem capazes de compor. Tem até uma historiadora que estuda isso, chamada Carô Murgel, que fala que mulheres compositoras sempre foram relegadas. E também tem aqueles elogios que, além de falar da música, também me chamam de ‘linda’, por exemplo. Avaliam meu corpo, minha beleza… aí eu penso ‘mas não era da música que a gente tava falando?’.

TMDQA!: Imagino… E a gente, que trabalha com jornalismo musical, vê uma nova cena surgindo. São bandas e artistas tratando muito desses assuntos como sexismo e democracia. Você, como artista, também enxerga essa cena?
Marina Melo: Totalmente. Essa cena é muito forte mesmo. Eu percebo nos shows que eu faço e também nos que frequento que todo mundo só fala disso. Tanto nas letras quanto nas manifestações em cima do palco. São assuntos que estão na ordem do dia.

TMDQA!: Agora sobre o show no Itaú Cultural. É a primeira grande apresentação que você faz em São Paulo? E como será o repertório?
Marina Melo: Eu participei do projeto “Pratas da Casa”, do Sesc Pompeia, aquele que revela artistas novos. Essa foi a primeira grande. Depois eu lancei meu disco no Centro Cultural Rio Verde. E agora esse no Itaú. Vamos tocar as 13 músicas do disco e mais uma que eu fiz pra Tulipa Ruiz, que acabou não entrando. É uma música bem divertida! E eu também quero apresentar uma inédita.

TMDQA!: Legal! Pra fechar, nossa pergunta clássica: você tem Mais Discos Que Amigos?!
Marina Melo: Olha, é uma boa pergunta (risos)… Como a minha história com a música não é tão antiga, minha coleção de discos não é muito grande. Eu era mais ligada à literatura quando era pequena. Talvez eu tenha mais livros que amigos! Mas espero que tudo cresça junto! Quero ter livros, discos e amigos (risos)!

 

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