Arthur Aguiar

Antes dos estúdios, os palcos. E antes deles, as piscinas. Quem acompanhou a adolescência de Arthur Aguiar, dedicada à natação, não imaginaria que sua carreira viria a despontar em uma área tão oposta ao esporte.

Após participações em peças teatrais na virada da década, o carioca foi um dos protagonistas na versão nacional da popular telenovela mexicana Rebelde. A banda criada na trama lançou dois discos e mobilizou milhares de fãs a shows por todo o país.

Foi ali que seu lado musical começou a florescer. Consolidado como ator após papéis em novelas de sucesso – seu último trabalho televisivo foi em Êta Mundo Bom!, da Rede Globo -, Arthur agora separa um tempo para embarcar de vez no mundo da música. Seu primeiro disco solo, O Que Te Faz Bem, foi lançado no mês passado e conta com produção de Alexandre Carlo, líder do Natiruts.

Leia abaixo a conversa que nós do TMDQA! tivemos com o músico e ator!

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TMDQA!: Pra começar, queria que você falasse sobre como foi o processo de composição e gravação de O Que Te Faz Bem, seu primeiro álbum solo.
Arthur: A gente fez esse álbum com muita calma. O processo de pré-produção demorou mais de um ano. Funcionou assim: pegamos todas as músicas que tínhamos e selecionamos 25 pra pré-produzir, mas fui compondo mais músicas enquanto isso. Aí virou uma confusão! Chegou uma hora que o Alexandre falou para eu focar nas que já tínhamos e parar de escrever, porque estávamos começando a deixar de fora músicas que tínhamos certeza que iriam entrar.

Então foi tudo feito com calma, porque não queríamos errar – errar no sentido de, depois de ouvir o disco, falar “Por que fizemos isso? Por que esse arranjo?”. Testamos tudo o que dava para imaginar, as músicas foram rearranjadas várias vezes. Graças a Deus eu e o Alexandre trabalhamos muito, mas ele é um vocalista de sucesso com o Natiruts, e eu estava fazendo novela e escrevendo meu livro, então precisávamos encontrar momentos em que todos pudessem estar presentes na gravação e não queríamos abrir mão disso. Somos perfeccionistas. Dividimos a gravação entre Brasília e Rio de Janeiro. Dessas músicas fizemos a pré-produção, selecionamos 10, e queria contar uma história conceitual.

TMDQA!: Ao ouvir o álbum a gente nota um quê de Seu Jorge, um pouco de Skank, até Tim Maia em alguns elementos da música. Quais foram suas inspirações na hora de compor esse disco?
Arthur: Tentei dar a minha identidade musical pro trabalho. Tenho referências musicais, óbvio: Cazuza, Djavan, o próprio Alexandre, Maria Gadú, Seu Jorge, Tim Maia… em relação à sonoridade, por exemplo, a minha voz fica um pouco à frente da banda nas músicas e quem faz bastante disso é o Ed Sheeran. A voz dele fica na frente de tudo. Então referências musicais a gente tem, mas na composição eu não me inspiro em coisas específicas.

TMDQA!: Esse álbum conta uma história que começa bastante empolgada, bem como um início de relacionamento, e termina com um tom mais contido, até um pouco triste. Como foi concebida essa narrativa? 
Arthur: Eu quis contar a história de um cara que se apaixona por uma menina que já sofreu muito e tem medo de se envolver mais uma vez, de se abrir pra um novo amor. Então ele fica o disco inteiro tentando conquistá-la. Depois de parecer mais entregue por um momento, ela desaparece e ele se questiona se realmente a amava, na música “Amor ou Engano”. Em um determinado momento ela resolve aparecer (“Mais Uma Vez”), ele se declara de novo, mas o medo dela é reafirmado. Já presenciei e vivi coisas assim na vida real. Então ela opta por não se arriscar mais uma vez e vai embora, e o disco termina com a música “Saudade”, onde o protagonista diz entender que ela precisa de tempo, mas que vai estar lá esperando por ela quanto tempo for preciso.

TMDQA!: Essa história é baseada em fatos reais?
Arthur: Tem experiências que vivi, tem situações que me contaram, coisas que vi acontecerem com os outros, coisas que invento… a história é uma mistura de realidade e ficção.

TMDQA!: O videoclipe de “A Flor” já passou de 2 milhões de visualizações no Youtube. Como você tem visto a recepção ao novo álbum até agora? 
Arthur: Tem sido muito legal. Estou feliz com a repercussão que as músicas estão tendo. Nós monitoramos o público pelo Spotify e ele mostra que a galera entre 22-35 anos é a maior fatia dos ouvintes, um demográfico que não esperava alcançar tão cedo assim. Óbvio que tem o pessoal mais novo, mas os adultos são uma parte bastante grande do nosso público.

TMDQA!: Você quando mais jovem era atleta, depois começou a atuar e junto com a atuação veio a música. Agora concilia os dois de maneira profissional, e imagino que isso possa meio cansativo de vez em quando. Você acha que tem conseguido administrar bem os dois lados? Já perdeu noites de sono ou ficou de saco cheio com o acúmulo de trabalho?
Arthur: Não, nunca fiquei de saco cheio, mas já perdi várias noites de sono. Mas me considero muito privilegiado de viver do que gosto. Quando estou cansado mesmo – e não vou mentir, isso acontece com frequência -, penso “Cara, quanta gente não queria estar aqui vivendo o que estou vivendo?”. Não só na minha profissão, mas de uma maneira geral. Tem amigos meus que queriam ser advogados, por exemplo, mas não puderam por algum motivo. Busco força no fato de haver pessoas que admiram o que eu faço. Mas preciso estar me divertindo. As cenas têm de ser feitas com o astral lá em cima, os meus shows têm que passar alegria para o público.

TMDQA!: No futuro você pretende se dedicar exclusivamente a uma carreira só ou acha que consegue levar ambas em paralelo?
Arthur: Pretendo levar as duas até onde conseguir. Nunca vou deixar de ser ator porque sempre vou querer contar histórias através da atuação. É uma coisa que gosto de fazer. Não acho que eu vá parar de ser ator, mas nesse momento preciso divulgar o álbum e fazer os shows, e ficaria difícil se eu estivesse gravando uma novela ao mesmo tempo. Mas acredito que em algum momento vá rolar de eu fazer shows e, em paralelo, um personagem em série, cinema ou novela. Mas nesse momento preciso dar atenção um pouco maior para a música.

TMDQA!: Além de músico e ator, você tem alguma atividade paralela ou algum hobby ao qual gostaria de se dedicar mais?
Arthur: Eu lancei um livro na Bienal no começo de setembro. Ele se chama Muito Amor Por Favor e saiu pela editora Sextante. Foi escrito por mim e mais três autores, e cada autor escreveu em média vinte contos relacionando o amor com elementos da natureza. Tem os elementos terra, fogo, ar e o meu, água.

TMDQA!: Como está a sua agenda para o resto do ano? O que podemos esperar?
Arthur: Pô, pode esperar bastante trabalho se Deus quiser! Fiz a divulgação do livro em setembro e começamos agora em outubro os shows promovendo o disco. E é isso, vamos nessa que tem muito trabalho a fazer.

TMDQA!: Você tem mais discos que amigos?
Arthur: Tenho mais discos, com certeza. Sou aquele cara que gosta de ter o físico, pegar o CD, pensar por que o encarte é daquela forma… fico viajando nisso.

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