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Resenha: Red Hot Chili Peppers – The Getaway

É um tanto quanto estranho, pelo menos para mim, escrever aqui que o Red Hot Chili Peppers amadureceu. Banda velha amadurece? O Chili Peppers é uma banda velha? Talvez, apesar de não parecer.

Em 2011 eu ainda não tinha mais discos que amigos, então não pude registrar aqui o que eu achei de I’m With You: ”as ideias até que são boas, mas seria tão melhor com o Frusciante…”. Se você é fã, também pensou nisso.

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Alguns anos e muita expectativa depois, confesso que a primeira audição de The Getaway foi dolorida, mas com o passar das faixas fui percebendo onde a banda queria chegar e quanto do ”som clássico” da banda tem no álbum, o que, na minha opinião, faltou muito no disco passado.

A presença de Brian “Danger Mouse” Burton na produção deixar bem clara a intenção da banda em sair da ”zona Rick Rubin de conforto”, experimentando novas possibilidades sonoras. Flea e Anthony Kiedis nunca foram músicos acomodados, e somando um Josh Klinghoffer mais confiante e atuante, seria ingenuidade esperar que a banda passasse o resto da carreira olhando pra trás. Aqui está o trunfo de The Getaway: é o Red Hot de sempre – rock, funk, slap, melodias, letras confusas – com a adição de alguma coisa nova.

O primeiro single, ”Dark Necessities” caracteriza bem essa nova fase, com elementos eletrônicos, timbres de guitarra mais etéreos, mas sempre regidos pelo groove gingante de Flea e Chad Smith. ”Go Robot” é uma clara referência ao som que a banda fazia nos anos 80, cheia de funk, cheia de Prince; enquanto em “Feasting on the Flowers”, Kiedis faz uma bela homenagem a Hillel Slovak: ”Last thing I remember there was ringing in my selfish ears/Twenty-six a number much too small for someone’s golden years”.

No lado B do disco, músicas como ”Encore” e ”The Hunter” são bons exemplos desse novo som que a banda procura – uma vibe mais calma e letras mais pessoais, afinal de contas, nem sempre faz sol na Califórnia, né?

The Getaway é um disco com ideias consistentes e coloca a banda em uma fase que me lembra os anos de Mother’s Milk, mais livre e com uma ambição que já rendeu bons frutos aos Peppers. É um atestado à não-conformidade vindo de uma banda que se recusa a envelhecer.

Published by
Fernando Branco