Prophets Of Rage

O frontman do Public Enemy e um dos mais novos induzidos ao Hall da Fama do Rock and Roll, Chuck D se mantém firme e forte como uma das pessoas mais francas e conscientes da música contemporânea.

Seu legado no mundo já está firmado há mais de décadas, mas nem por isso o rapper deixou de enfrentar novos desafios. Em sua terra natal, os Estados Unidos da América, os tempos são (também) tumultuosos e difíceis, tornando a iminente eleição presidencial algo ainda mais importante do que o habitual.

A mais recente jornada musical de Chuck D não se baseia apenas em um novo projeto ou escape criativo – ela é, de fato, o seu destino. O Prophets of Rage tirou seu nome de uma música do Public Enemy e o cara não teve como recusar o chamado. O novo supergrupo traz também seu colega DJ Lord, MC B-Real do Cypress Hill e todos os membros do Rage Against The Machine que não se chamam Zack De La Rocha: o guitarrista Tom Morello, o baixista Tim Commerford e o baterista Brad Wilk.

Em entrevista para a Billboard, o rapper mandou a real e abriu o jogo sobre a atual situação da indústria fonográfica e sua nova fase junto ao Prophets of Rage. Siga:

Aparelhos e tecnologias acabaram nos levando a tempos bem mais individualistas.

Você pode ser um indivíduo, mas pode acabar criando o caos – como aquele atirador fez em Orlando ou o assassino do caso de Christina Grimmie.

Você pode ser um indivíduo e mudar todo o futuro apenas fazendo algo coisa estúpida, alguma merda!

Mas fazer uma mudança positiva é como escalar uma montanha feita de rodas engraxadas usando um par de patins. Isso requer mentes pensando em coletivo. É por isso que minha banda funciona.

É por isso que quando uma banda está em sintonia – o baixo, a guitarra e a bateria – não há nada que se compare a isso. Uma das tragédias do hip-hop – acho que B-Real concorda comigo, é a forma como os jornais e os blogs e todo mundo está jogando o hip-hop pela escada abaixo valorizando só o indivíduo, chutando de lado a importância do grupo.

 

Sem papas na língua, ele continua:

O grupo foi a única coisa que fez o hip hop pelo menos competir com o mundo do rock, em primeiro lugar. Mas no minuto que você começa a tirar o DNA do que funciona, passando a ser mais o cara e o microfone – tipo, o cara é o Kanye West e é apenas o Kanye West e mais nada – aí a coisa começa a destruir o que é o hip-hop como gênero legítimo e vira mais um espetáculo.

 

Defendendo a ideia do coletivo, ele argumenta:

Eu acho uma desgraça que indivíduos tenham roubado a ideia do gênero. Aí a coisa toda do ‘Eu, Eu, Eu..’ realmente estraga o negócio ao ponto das pessoas sentirem que não têm mais poder, porque não estão mais conectadas. É difícil trazer isso à tona como indivíduo – e é por isso que o coletivo funciona!

Então, mesmo na indústria da música, onde eles só querem focar no indivíduo – e existem alguns que são incríveis, como Stevie Wonder, Elton John – mesmo assim, são tão poucos os que chegam no nível de você não conseguir  tirar os olhos ou os ouvidos deles. Os noventa e cinco por cento restantes têm que trabalhar com alguém para que consigam atrair pessoas interessadas e fãs.

Eu venho de uma época em que os caras tinham que se unir e tocar juntos apenas para impressionar por 15 a 20 minutos, a menos que fossem alguém muito grande. Então, no hip-hop – eu simplesmente amo esse gênero e vou apoiá-lo. Eu estou cansado dessas paradas individualistas.

Eu não acho que ninguém é bom o bastante para segurar a atenção de alguém por meia ou uma hora, apenas falando sobre a porra dele mesmo. Não acho mesmo!

 

Sobre uniões e expectativas

Perguntado se existem artistas que ele gostaria de ver se unindo – como Mos Def e Talib Kweli fizeram no grupo Black Star ou mesmo o próprio Kanye West fez com Jay Z, em Watch The Trone, ele diz:

 

Existem sim, e eu não posso te falar agora.

Eu sei de algumas colaborações acontecendo porque muitos dos caras daquela época estão querendo fazer algumas músicas – então uma colaboração torna isso ainda mais interessante. Mas, então, essa é a parada – grupos são mais interessantes, solistas não. No mundo do rock, você não pode ser um solista sem contar com uma banda de apoio, por exemplo.

 

Sobre o resultado que gostaria de ver das turnês do Prophets of Rage, ele finaliza:

Quero as pessoas mais antenadas, quero que as músicas do Rage Against The Machine nunca sejam esquecidas, quero que as novas gerações não sejam apenas marionetes nem robôs.

Nós temos que aprender a manusear nossas aparelhos direito, ou eles vão nos dominar, como Prince disse.

E o fato de que você tem uma disputa como Hillary versus Trump… qualquer pessoa com um mínimo de consciência iria pensar ‘Você está zoando com a minha cara?!’ E é isso é o que o resto do mundo está dizendo!

Então, a percepção geral algumas vezes tem que ser derrubada e tomara que o Prophets of Rage consiga detonar com essas percepções. A revolta contra essas percepções é extremamente importante em 2016.

Falou tá falado! O Prophets of Rage divulgou recentemente que está em estúdio trabalhando em músicas inéditas e junto a um produtor de peso. Veja aqui.

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