Você nem precisa nos dizer, mas podemos chutar com grandes chances de que acertaremos, ao imaginarmos que a frase “o rock morreu” foi dita por alguém ao seu redor nos últimos meses.
É comum ver e ouvir um montão de gente dizendo que aqui no Brasil o estilo já teve seu tempo, que não há mais bandas boas e que as únicas coisas que realmente importam foram lançadas há algumas décadas.
É fato que o rock não está em evidência no mainstream, e se a percepção por acaso for diferente, basta olhar para os números, diretos e frios, que apontam a ausência completa do gênero nas rádios brasileiras, como aconteceu no ano passado quando a lista com as 100 músicas mais tocadas de 2015 foi disponibilizada.
O grande lance, porém, é que o mainstream não é tudo nesse mundo, e no underground e circuitos alternativos, o rock nacional pulsa firme e forte já há algum tempo. Nós aqui do TMDQA! já repetimos isso algumas vezes em todas as nossas mídias, posts, podcasts e matérias especiais e não nos cansamos de dizer.
Cada vez que publicamos matérias com bandas nacionais, o fazemos com a certeza de que a música brasileira vai muito bem com o rock and roll em grande forma. Se o público em geral ainda não percebeu, na verdade o problema é deles.
O último final de semana foi bastante emblemático para reforçar mais uma vez como estamos produzindo material de qualidade por aqui, a ponto de outros países estarem prestando atenção na nossa cena e nas nossas iniciativas.
Na Europa, enquanto rolava o icônico festival Primavera Sound em Barcelona, a sempre ótima banda potiguar Far From Alaska estava em Cannes, na França, mais precisamente no Midem, um dos maiores encontros mundiais de empresas ligadas à música que acontece anualmente desde 1967.
Não apenas os caras e as meninas apresentaram por lá o peso de seu rock and roll cheio de riffs e grandes vocais com um show, como também ganharam o prêmio “We Are The Future”, onde concorriam com outros 11 artistas de todo o mundo pelo posto de revelação.
#Repost @midem.official (via @repostapp)
・・・
Go @farfromalaska! Rocking the #midem50 Opening Night Party #midem #bynightPublicado por Far From Alaska em Sábado, 4 de junho de 2016
De volta à Espanha, o festival catalão que teve nomes como Radiohead, Sigur Rós e Brian Wilson entre as principais atrações, também teve sua porção de nomes brasileiros.
Bandas sobre as quais falamos por aqui com frequência como INKY, O Terno, Water Rats, Mahmed, Quarto Negro, Nuven e Aldo, The Band, se apresentaram no Primavera e eventos relacionados, e mostraram vários lados do rock and roll nacional da nova geração. Do rock eletrônico ao hardcore passando pelo indie, o cardápio brasileiro foi extenso para que os gringos pudessem degustar a partir de parcerias com produtoras nacionais como A Construtora e Balaclava.
Além disso, em conferências que rolam durante o evento, nomes brasileiros como Anderson Foca (DoSol), Fabrício Nobre (Bananada / A Construtora) e Dani Ribas falaram e trocaram ideias sobre como realizam seus festivais e iniciativas culturais por aqui, exportando soluções e incorporando ideias em uma troca que, além de benéfica para todas as partes, mostra que há muita coisa no caminho certo acontecendo no Brasil.
Há milhares de pessoas vivendo, respirando e trabalhando diariamente para que a música brasileira siga em frente, incluindo o bom e velho rock and roll.
A insistência de tantas peças para que o bom trabalho seja mostrado, divulgado e compartilhado e a vontade resumida em fazer a máquina girar são fatores fundamentais para que a gente tenha, ano após ano, cenas mais fortes, bandas mais competentes e mostre que há muita coisa boa por aqui.
Além das ações todas citadas acima, nos últimos anos tivemos bandas como Scalene, Black Drawing Chalks, Hellbenders e o próprio Far From Alaska tocando no importantíssimo SXSW, em Austin.
Outro nome que esteve por lá recentemente foi o Boogarins, de Goiânia, que acabou de encerrar uma extensa e elogiada turnê pelos Estados Unidos e era atração confirmada no influente Levitation Fest, que acabou não acontecendo pelo mau tempo.
Aqui no Brasil temos o festival João Rock esgotando milhares de ingressos rapidamente com atrações do passado e um palco dedicado exclusivamente à nova geração. Mais eventos pelo país como Porão do Rock, Abril Pro Rock, Goiânia Noise, Psicodália e tantos outros dão sempre espaço para música brasileira e são inúmeras as ações nesse sentido. Acabamos de ver, por exemplo, o EDP Live Bands celebrar uma banda brasileira com um contrato para gravação de disco e apresentação no festival NOS Alive, em Portugal.
Nós, como todos esses outros nomes, não deixaremos de divulgar a boa música brasileira por aqui e seguiremos sempre postando as nossas listas mensais com 5 bandas que você deveria conhecer bem como os lançamentos nacionais dos mais diversos que aparecem na nossa caixa de e-mail.
O rock nacional está aqui, pertinho da gente, e só depende do fã de rock consumi-lo para que seja cada vez maior. O rock nacional é foda.