Butch Vig

Nirvana. Smashing Pumpkins. Sonic Youth. Foo Fighters. Green Day. Estes são alguns dos nomes que confiaram a Butch Vig a responsabilidade de produzir seus trabalhos – e vá perguntar se eles se arrependeram.

Considerado um dos maiores produtores da história do rock, Butch poderia muito bem viver do sucesso estrondoso alcançado por discos como Nevermind e Siamese Dream, os dois “gigantes” dentre os mais de 70 nos quais trabalhou ao longo de mais de três décadas. Mas depois de ajudar Kurt Cobain e Billy Corgan a se tornarem ícones da música noventista, ele precisava reagir ao próprio feito – assim nascia o Garbage.

Cansado das bandas geradas pela explosão do rock alternativo da época, Butch se uniu a Shirley Manson, Duke Erikson e Steve Marker para, nas palavras dos próprios integrantes, fazerem um disco “pop”. O resultado veio na forma de hits mundiais como “Stupid Girl” e “Only Happy When It Rains”, e o quarteto vendeu até hoje mais de 17 milhões de cópias. Agora, eles se preparam para o lançamento de seu sexto álbum de estúdio: Strange Little Birds, previsto para o dia 10 de junho.

Aproveitando a ocasião, conversamos com Butch Vig sobre o que esperar do novo trabalho, como ele encara a tarefa de produzir um disco, a razão de o rock estar enfrentando uma crise de popularidade e muito mais. Leia!

Novo disco do GarbageTMDQA!: O Garbage está prestes a lançar seu sexto álbum de estúdio. Como foi a gravação e o que podemos esperar dele?
Butch: É nosso álbum mais sombrio da carreira, diria que tem um som bastante cinemático. Diminuímos um pouco o rock n’ roll e colocamos mais sintetizadores, teclados e elementos atmosféricos. Há três ou quatro músicas bastante densas, mas a maioria não tem muitos efeitos. É um disco bem íntimo, e diferente para nós.

TMDQA!: Esses elementos que diferem o álbum do resto da discografia da banda são resultado de influências externas, como bandas que inspiraram vocês? Ou estavam determinados a mudar e fazer um trabalho diferente desde o início?
Butch: O disco ainda soa como nós, mas quando começamos a gravá-lo optamos por não confiar na mesma instrumentação de sempre. O primeiro single, “Empty”, me lembra coisas que fizemos antes; outras músicas já se distanciam bastante. O álbum ganhou essa qualidade mais introspectiva por causa das letras da Shirley. Quando vimos o que ela havia escrito, fazia sentido as músicas serem sombrias. A voz dela também se destacou muito, ela tem momentos muito intensos e emocionais nesse álbum. Mas ele ainda soa como nós.

TMDQA!: Além de ser o baterista do Garbage, você é um dos produtores mais reconhecidos do rock. E falam muito sobre seu trabalho no Nevermind e no Siamese Dream, mas você também produziu discos folk e pop. O que difere entre produzir discos desses gêneros e trabalhar com álbuns de som mais pesado como o grunge?
Butch: Acho que é preciso entender o que o artista quer fazer com o trabalho dele. Se ele quer que seja mais cru, como se estivesse sendo tocado ao vivo, então você tenta capturar esse som. Se ele quiser uma sonoridade mais polida, vai ser preciso passar mais tempo no estúdio refinando os instrumentos e fazendo vários takes até sair tudo perfeito. Depende de muitas coisas, mas principalmente da visão que o artista tem de sua obra.

TMDQA!: Como você acredita que tenha evoluído ao longo de sua carreira, tanto como músico quanto como produtor?
Butch: Hoje estou bem menos obcecado com perfeição sonora e invisto mais na performance e na qualidade emocional. Antes eu queria que a bateria soasse perfeita, mas agora a performance precisa ser boa, ter um poder emocional. Isso vale muito mais do que algo sem alma, apenas agradável aos ouvidos. Mas aprendo algo novo todo dia, e isso acontece com qualquer músico independente de quanta experiência ele tenha.

TMDQA!: Você sempre criticou as bandas que surgiram devido à explosão de nomes como o Nirvana nos anos 90, dizendo que eram todas iguais e pouco inspiradas. Hoje, há bem pouco espaço para o rock nas rádios populares. Acha que é porque o gênero está passando por uma época fraca em relação à qualidade das bandas? Ou isso se deve apenas à dinâmica do rádio moderno?
Butch: Eu criei o Garbage como uma reação ao Nirvana, ao Smashing Pumpkins. Havia produzido mil bandas como eles, além de ter crescido ouvindo as bandas que inspiraram eles. Então eu estava de saco cheio, não queria produzir cópias deles. Ouvi Public Enemy e achei incrível eles utilizarem samples de outras músicas. Mas essa falta de popularidade do rock é um ciclo natural pelo qual o rádio passa. A cada três, quatro anos vira moda falar que “o rock morreu”. Se você for olhar as paradas musicais de qualquer época, elas nunca foram infestadas por bandas de rock. Foi sempre pop, dance, soul, hip hop… agora a EDM (música eletrônica) está em alta. Daqui a cinco minutos, vai ser outro gênero. A cultura se cansa da mesmice. E há boas bandas por aí, esperando o próximo ciclo.

TMDQA!: A última vez que vocês vieram para o Brasil foi em 2012, promovendo o álbum anterior. A turnê do novo disco vai passar por aqui também?
Butch: Há grandes chances de irmos ao Brasil em janeiro ou fevereiro. Tivemos uma ótima experiência tocando aí em 2012, com a turnê do Not Your Kind of People, e temos muitos fãs por aí.

TMDQA!: Você tem mais discos que amigos?
Butch: Ah, com certeza tenho mais discos. Muitos e muitos deles.

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