Resenha: Premier 89 com Toyshop, Charming Liars e Far From Alaska

Texto: William Galvão / Fotos: Renata Basílio

Promovido pela 89FM, a Rádio Rock paulistana, o projeto “Premier 89” aconteceu no último domingo, 24, no Carioca Club, em Pinheiros, e trouxe a banda britânica radicada em Los Angeles, nos Estados Unidos, Charming Liars ao Brasil pela primeira vez. O grupo, ainda sem uma base grande de fãs brasileiros, ficou na rabeira dos brasileiros da Far From Alaska, que fechou a noite com um show eletrizante e bastante eficiente para uma banda que fazia “dupla jornada” no dia. Mais cedo, eles tocaram em uma das unidades do Sesc na cidade, com participação dos parceiros da Supercombo.

A noite começou com desfalque de público e apresentação da banda pop/punk paulista Toyshop. Com um repertório próprio e alguns covers, como a música tema do desenho homômino “Go Speed Racer”, o show foi sustentado pela expressividade do quinteto, principalmente pelos instrumentistas bastante competentes. A voz de Natacha Cersosimo é um ponto alto para bandas do estilo e funciona muito bem com as músicas mais rápidas, mas no quesito presença de palco a vocalista se mostrou tímida na maior parte dos momentos.

O grupo trilha uma carreira independente desde a primeira metade dos anos 1990 e, como acontece com algumas bandas brasileiras, acabou conquistando mais a gringa que o próprio país. O single “Daydream”, por exemplo, chegou às primeiras posições nas paradas musicais da Europa. Diferente do que acontece com o Far From Alaska, a música em inglês soa como um empecilho na conquista de público no caso específico da Toyshop.

Enquanto todos pensavam que o Far From Alaska subiria no palco para abrir para os gringos, fomos surpreendidos. Não se sabe o real motivo, mas parece que eles não conseguiram chegar a tempo porque vinham de outro show. Em uma atitude louvável, o Charming Liars subiu antes e acabou abrindo pro FFA.

A banda liderada pelo vocalista Charlie Cosser, que tem um quê de Perry Farrell ao brincar com a sensualidade, tocou com base em seus três EPS: New Disorder, de 2013, We Won’t Give Up, de 2014 e Delete, Repeat, de 2015. Cosser não faz o tipo que arrisca muito o português, então o show não foi muito interativo, porém mostrou uma banda empolgada em estar no Brasil.

Quase sempre com a camisa aberta mostrando o corpo, o vocalista foi bastante solícito com o público indo até ele várias vezes enquanto os fãs cantavam músicas-chave da banda como “Naked”. Em um palco obscuro, onde a iluminação se misturava à fumaça em clima de inferninho, o grupo apresentou uma performance encorpada e bastante madura para uma banda com tão pouco tempo de estrada.

A noite foi fechada com chave de ouro pelo Far From Alaska, que empolgou a plateia de uma forma que não havia acontecido até então. Formada por Emmily Barreto nos vocais, Cris Botarelli nos sintetizadores, Lauro Kirsch na bateria, Rafael Brasil na guitarra e Eduardo Filgueira no baixo, o grupo mostrou as músicas de modeHuman (2014), seu álbum de estreia.

O quinteto tocou canções já conhecidas do público como a elétrica “Thievery”, a empolgante “Politiks”, além de “Deadman”, “Comunication” e o maior hit do grupo “Dino Vs Dino”, que eles haviam cantado mais cedo com o Supercombo em outra parte da cidade.