Festival Dosol 2014

Festival Dosol 2014

Texto por João Pinheiro
Fotos por Pipa Dantas

Festival Dosol chegou a sua décima primeira edição e mais uma vez focou na cena independente nacional pra lotar o tradicional bairro da Ribeira em três dias de muita festa e música. Acertou em cheio e todo mundo saiu de lá feliz.

Assim como em todo grande festival, é sempre uma Escolha de Sofia decidir qual show perder. Nesse ano, além dos três palcos principais, havia o Estúdio Tim Music, espaço muito bacana montado na rua onde várias bandas se apresentaram durante o fim de semana. De antemão, peço perdão a todos os artistas que não consegui prestigiar por estar vendo outra banda, pegando uma água, ou até enfrentando a multidão pra ir de um palco ao outro.

A noite da sexta-feira (7), só com bandas locais, foi bem aquele lance de confraternização de amigos. Shows bem legais, mas é no sábado (8) que o bicho pega de verdade.

A Plutão Já Foi Planeta lançou seu disco há pouco tempo (ouça aqui), mas já tem um mar de fãs. E claro que eles estavam lá, enfrentando o calor característico da tarde natalense e cantando todas as músicas, sem errar uma só palavra. Banda bem ensaiadinha, público compareceu, a troca é imediata. Excelente começo.

ÓperaLóki no Festival Dosol 2014
ÓperaLóki

Em seguida, vieram os amigos da ÓperaLóki, banda que mistura psicodelia com MPB. Em seu primeiro show full band, eles conseguiram driblar os percalços e fazer uma apresentação honesta. No início, era evidente o nervosismo e desconforto do vocalista Arthur Novatto, mas com o decorrer do show e a interação do público, que estava bem animado, tudo melhorou exponencialmente. No fim, só se via sorrisos no Armazém Hall.

Depois do Velociraptors, que liga o som no talo e coloca os roqueiros para praticar air guitar e air drumming, veio a Zurdo. A banda, mais uma no extenso currículo de Henrique Geladeira, deu uma acalmada nos ânimos com seu experimentalismo e depois até fez o pessoal dançar com uma espécie de maracutu (?) bem despojado.

Red Boots no Festival Dosol 2014
Red Boots

A dupla Red Boots é uma das provas cabais que o momento atual da música no Rio Grande do Norte é um dos melhores do país. Mais que isso, prova que a cena não é alimentada apenas de bandas da capital, já que o duo formado por Luan Rodrigues (vocal e guitarra) e Gilderlan Holanda (bateria) vem de Mossoró, interior do estado. Baseado em Touch the Void, seu novo disco, o show foi impecável. É sempre interessante ver o peso com qualidade que apenas dois integrantes como esses meninos podem fazer. Espaço lotado e fãs satisfeitos no fim da apresentação.

The Baggios no Festival Dosol 2014
The Baggios

Outra dupla que também cumpriu seu dever com maestria foi a The Baggios. As boas críticas que o disco Sina recebeu chamaram a atenção do público, que foi lá para conferir de perto o blues rock de Sergipe. Com faixas como “O Azar Me Consome” e “Em Outras”, muita simpatia e destreza com seus respectivos instrumentos, o duo fez bonito e certamente conquistou novos fãs e alegrou os que já tinham.

Um amigo chegar dizendo que “era fã do Camarones Orquestra Guitarrística e não sabia” é bem o resumo do que foi um show da banda dos chefes. Não dá para ficar alheio, não dá para não se divertir, não dá para ficar parado. Logo após tocar a ótima “Cat Friend”, Ana Morena intimou a ex-integrante Kaká Monteiro a ir ao palco para juntas fazerem um dancinha toda charmosa. Já Anderson Foca fez pose de rockstar para fingir quebrar a guitarra. Todo brincalhão, ainda disse que essa seria a última vez que a banda se apresentaria no Festival Dosol. Esperamos que seja brincadeira mesmo, hein.

Os rajas da Turbo vieram do Pará com a intenção de detonar tudo no festival e conseguiram. Camillo Royale é um vocalista como poucos, um showman. Agarra a guitarra, se joga no chão, convoca o público. A banda está agora preparando o disco Eu Sou Spartacus, que deve ser lançado no início de 2015. Um dica: além da Turbo, a cena paraense tem diversos expoentes que valem o ingresso. Molho Negro, Aeroplano e Vinyl Laranja são alguns desses nomes que nós recomendamos muito.

Talma&Gadelha no Festival Dosol 2014
Talma&Gadelha

O Talma&Gadelha sempre entra em campo com o jogo ganho. A banda é adorada no estado e dessa vez ainda preparou surpresas. Julio Andrade, do The Baggios, é um dos compositores do single “Maiô” e subiu no palco pra cantar a música com o grupo. Além dessa, foram tocadas faixas como “Calmantes”, “Espanto” e “Em Nome do Amor”. Mas a maior surpresa aconteceu depois disso. Após Luiz Gadelha declamar um poema de Elisa Lucinda, um fã subiu no palco e o beijou. Um belo ato na luta contínua contra todo tipo de preconceito.

Antes mesmo do show do Boogarins começar, o Dosol já estava lotado. Parece que todo o público foi lá para conferir qual é a desses meninos que vem da prolífica cena de Goiânia e chamam tanta atenção por onde passam. Já em “Lucifernandis”, uma parte da audiência delirava com a psicodelia e a outra observava curiosa. Em seguida veio “Erre”, “Infinu”, que o vocalista Dinho definiu como uma “música sobre todo o sentimento imensurável”, “Doce”e longos solos de guitarra para concluir mais um excelente apresentação do festival.

Boogarins no Festival Dosol  2014
Boogarins

A banda Aldo certamente é um nome que você já ouviu. Aclamadíssimos pela crítica, o grupo é formado por baixista Isidoro Cobra (ex-Jumbo Elektro), pelo baterista Erico Theobaldo (do Maquinado, projeto paralelo de Lúcio Maia, da Nação Zumbi), pelo DJ Murilo Faria e o vocalista André Faria e fazem um show nada menos que catártico. Mesmo que eu usasse mil palavras, não seriam suficientes pra descrever o quão libertadora é a energia da apresentação deles. Todos os integrantes se entregando completamente e o público respondendo à altura. Um conselho: vá um show e venha me contar depois se você não sentiu a mesma coisa.

Para encerrar a noite, Céu subiu no palco trazendo o show do Caravana Sereia Bloom pela terceira vez à cidade. A cantora é uma jóia, tem uma voz toda delicada e músicas que envolvem no primeiro acorde. Ela mostrou faixas como “Fffree”, “Amor de Antigos”, “Falta de Ar”, “Contravento” e, a pedidos do público, “Chegar em Mim”. Além disso, cantou três músicas do Catch a Fire, show especial que costuma fazer tocando o disco completo de Bob Marley. Uma apresentação requintada e especialíssima pra terminar o dia.

CéU no Festival Dosol 2014
Céu

O Domingo (9) do Festival Dosol sempre vem com sentimentos conflitantes: estamos cansados por causa da festa nos dias anteriores, das cervejas, do lounge e já morrendo de saudades porque está perto de terminar. A maior parte do público, no entanto, nem lembrou disso já que os ingressos esgotaram com bastante antecedência e filas enormes de desavisados se formaram na porta do local. É o dia que o evento foca no som mais pesado como punk, hardcore e metal.

Assim como no sábado, também havia a parte chata de fazer escolhas (poxa, queríamos ver tudo!), mas podemos dar destaque a shows como o da Scalene, uma grata surpresa que o festival proporcionou.

Scalene no Festival Dosol 2014
Scalene

O quarteto de Brasília fez uma apresentação baseada em Real/Surreal, seu disco mais recente, e agradou não só os muitos fãs que ali estavam como quem ainda não os conhecia. Tocaram faixas como “Nós Maior que Eles” e “Surreal”, inspirando tímidas rodas de pogo.

Quem também chamou a atenção do público foi o trio alemão Samavayo. A banda de stoner rock é formada por Behrang Alavi (voz e guitarra), Andreas Voland (baixo e vocal) e Stephan Voland (bateria e vocal) e fez um dos melhores shows do festival. Som pesado do jeito que o público queria e rodas enormes. Só alegria.

Far From Alaska no Festival Dosol 2014
Far From Alaska

A cada show na cidade o Far From Alaska só comprova que santo de casa faz muito milagre. Muito antes de sua apresentação começar, o Armazém Hall já estava lotadíssimo. E a banda respondeu às expectativas e fez um show quase impecável. “Another Round”, “Thievery”, “Politiks” estavam no set e eram acompanhadas em coro pelos fãs do grupo. Uma pena que a guitarra de Rafael Brasil tenha dado defeito e eles não tenham conseguido fazer o final clássico de seu show com “Monochrome”. No entanto, rolou um jam bem legal no lugar e ficou tudo certo.

Logo em seguida, veio A Inky, formada por Luiza Pereira (vocal e sintetizador), Guilherme Silva (vocal e baixo), Stephan Feitsma (guitarra) e Victor Bustani (bateria), e seu rock cheio de programações colocando os metaleiros para dançar. A banda faz o tipo de som que mais destoava nesse dia do festival, mas ainda assim foi um grande destaque e certamente conquistou público, que já espera uma nova vinda à cidade.

Por fim, teve o Matanza. A banda já veio inúmeras vezes à Natal, apresenta o mesmo setlist e ainda lota todos os seus shows. Era impossível dar um passo dentro do local sem ser sugado pra dentro das rodas. Show honesto e que sempre agrada os fãs. Não tem como errar.

Nesta segunda-feira (10), ainda rolou um showzaço da Pitty para encerrar o Festival Dosol 2014, mas isso eu deixo para outro post. O rock não para.

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