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Sexta Feira – 12 de Setembro

O evento começou cedo. Pouco após as 18 horas Gutto Sansaloni já estava no Palco 2, localizado bem no meio da estrutura do Jaó Music Hall. No calorzinho de fim de tarde de Goiânia e com suas músicas diretas e simples, Gutto cativou o público que estava presente, ainda que em pouca quantidade devido ao horário. A ótima e contagiante “Pra Poder Entender”, “Vermelho Bordeaux” e “Benzim” (que estará no próximo disco do cantor) chamaram a atenção do público que parava para ouvir “o cara com as pernas de fora” que vestia também uma blusa vermelha (bordeaux, rs) com lantejoulas douradas. Atitude (e estilo) é para poucos.

Logo após Gutto, quem subiu aos palcos foram os novatos da Crooked Lines que contaram com um público um pouco maior e fizeram um show com momentos vibrantes mesclados com calmaria. No Palco 1, as distorções pesadas e harmonias cristalinas de “Unchained” e o single lançado recentemente, “The Night”,  agradaram ao público.

De volta ao palco 2, Lust For Sexxx fez uma apresentação com pouco público, ainda por causa do horário, mas uma parte de quem estava presente foi contagiado pelo som da banda e tinha gente até arriscando alguns passos de dança. A alucinante “AMOR” abriu o show, a conhecida “Um Bilhão de Frames” agitou um pouco mais a apresentação e “Rollin Stone” fechou o set dos ousados goianos. A banda contou com a presença de Kelly Fernandes (ex-Madame Butterfly e o Burlesco) comandando os beats eletrônicos das músicas.

Da loucura à calmaria. Por volta das 19:30 Fernando Manso e sua banda subiram no Palco 1 e apresentaram ao público um “Mpb Rock” marcado pelo instrumental bem trabalhado e a voz forte e ao mesmo tempo delicada de Manso. Destaque para a música “Palhaço”, que é uma das mais interessantes da banda.

E a atmosfera de Mpb se manteve no show seguinte. Bruna Mendez é um nome para prestar bastante atenção. Com um som que mistura vários ritmos brasileiros, a goiana mostrou seu potencial e inovação com um setlist composto com músicas autorais incluindo os sucessos “Minha boca amarga” e “Pra ela”. Bruna encarou um público que foi cativado por sua voz profunda e um carisma inigualável.

Mais uma vez de volta ao Palco 1, a banda que se apresentou por volta de 20:40 foi a psicodélica Rios Voadores. Com uma vocalista mais do que expressiva e vestida só de collant, a banda fez um show totalmente descontraído e com muita presença de palco cantando grandes sucessos como “Brasil de Ponta Cabeça” e “Xileno Tolueno”. A voz aguda de Gaivota alcançava todos os cantos do evento e conseguiu chamar a atenção do público presente.

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Tonto e Bruna Mendez

Provavelmente devido aos atrasos do evento, a banda Tonto fez um show bem rápido. Fugindo do padrão do rock, usando dois teclados e nenhuma guitarra, a banda realizou um show interessante, mas o público parecia ainda não conhecer muito bem as músicas tocadas e foi um show bem mais parado. O ponto alto foi quando Bruna Mendez subiu ao palco para acompanhar a banda na música “Comíssio” e com sua voz ampla alcançou até os mais distraídos do local.

Os baianos da Maglore foram chamados ao palco e apresentados como uma banda que traria um pouco de axé para o festival (e nesse caso a palavra ‘axé’ foi usada como na cultura da umbanda, significando algo que traz energia e força). Pela segunda vez em Goiânia, a banda mesclou músicas de discos antigos com o mais novo e conseguiu reunir um público bem maior do que os primeiros shows do evento. Durante a apresentação do grupo o público começou a chegar no local e se aglomerar. Em pouco tempo o espaço em frente ao palco já estava ficando apertado. O show começou com a música título do segundo álbum: “Vamos pra Rua” e foi nítida a empolgação do público, assim como da própria banda. Logo em seguida tocaram “Eu quero Agorá” (que na versão de estúdio tem participação de Carlinhos Brown, mas no ao vivo foi muito bem executada apenas com as vozes de Teago e Rodrigo). A terceira música tocada foi uma faixa que ainda não lançaram: “Mantra” e o público aprendeu bem rápido a cantarolar o refrão.“Demodê” foi cantada integralmente pelo público que ovacionou a banda quando acabou a faixa. “Espelho de Banheiro”, “Beleza de você” e “Demais Baby” foram as últimas músicas, e o que merece mais destaque no show da banda é o som bem orgânico que o grupo executa. Com poucos (ou nenhum) efeito nos instrumentos, as vozes e letras se sobressaem nas músicas e conquistam o público. Os integrantes da banda também são todos muito carismáticos. Algumas pessoas do público chegaram a compará-los com a banda Los Hermanos e, realmente, o som lembra um pouco o estilo dos cariocas.

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Maglore

A banda Carne Doce merece uma atenção especial. Além da energia que passam durante o show e o público mais do que animado, a voz de Salma Jô é um espetáculo a parte. Na primeira música, “Sertão Urbano”, uma voz forte e com algumas notas bem agudas viajou pelo local enquanto a vocalista dançava e curtia o show tanto quanto seu público. A música “Passivo”, lançada recentemente, parecia estar ensaiada pois a platéia cantou em uníssono durante toda a faixa. Provavelmente foi um dos shows mais esperados por parte das próprias bandas locais que se apresentaram no dia. Integrantes do Boogarins, Crooked Lines, Gutto Sansaloni, Shotgun Wives e vário outros estavam junto com o público cantando e curtindo o show da banda goiana que está se destacando cada vez mais no cenário local.

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Carne Doce

Catavento, vinda do sul (em uma Kombi), fez um show bem despojado. Com mais da metade dos integrantes de bermuda e um guitarrista vestindo saia de bailarina e com um coque no cabelo, parecia que os meninos estavam tocando na varanda de casa. Durante a música “Seesaw” desejaram muita paz e amor para o público, e confirmaram a fusão entre a animação e sujeira do punk com o reverb psicodélico do progressivo em suas músicas. Foram atraindo o público aos poucos com músicas contagiantes e em uma dos últimos momentos surpreenderam com um som pesado que chamou a atenção até de quem estava mais longe.

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Catavento

Sendo provavelmente um dos shows mais esperados da noite, a banda Shotgun Wives lotou o espaço na frente do palco mesmo antes de começar a tocar. Todas as músicas foram cantadas pelo público que dançava empolgado no ritmo folk da banda. A primeira música, “Left hand”, contou com uma animação sem igual por parte do público e mais ainda por parte da banda. “Dirty Money” chamou a atenção pela mistura de vários instrumentos que se encaixam perfeitamente. “For the King” levou o público ao delírio e teve até um pedacinho da música “Stand by me”, de Ben E. King no meio de “Alaskan Summer”.  A faixa “Gold Digger” fechou a apresentação com chave de ouro e com certeza será difícil outra banda bater a animação desse show no evento. Foi um show de “despedida” do grupo, que entra em estúdio para gravar seu álbum e não fará mais apresentações por agora.

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Shotgun Wives

A Banda Uó entrou com um pequeno atraso, mas nada que desanimasse o público que se acumulou na frente do palco. Com um início cheio de coreografias, já na primeira música “Sexy Sem Ser Vulgar” a platéia se dividiu entre quem queria curtir o brega e descer até o chão (um grande número de pessoas) e quem estava mais interessado no rock psicodélico da próxima banda e já foi esperar do outro lado do evento. Em alguns momentos a apresentação até parecia um show de axé, com o público dançando e participando com as mãos para cima. Teve até cover da música Arerê (olha o axé aqui novamente) e  uma “homenagem” ao sertanejo com a música “Cowboy”. Era possível ver que o tecnobrega contagiava até alguns dos roqueiros mais sérios, mesmo a contragosto. Sucessos como “Todos faz Uó” e “Shake de amor” ficaram mais para o final do show e o lançamento “Catraca” acabou ficando de fora. Mesmo sem tocar todas as músicas que o público esperava a banda ultrapassou o tempo destinado a eles, o que irritou uma parte do público que já não estava curtindo muito o tecnobrega. Era possível ouvir várias reclamações, tanto pela demora quanto pelo próprio estilo da banda pois muita gente achou que fugiu da proposta de musica alternativa do evento (que é mais relacionado às vertentes do rock), mas era exatamente essa a proposta desse ano: “multiculturalidade”, “multi gêneros”. Teve quem gostou bastante da ideia, mas também teve quem odiou.

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Banda Uó

Entrando bem depois do horário previsto em decorrência do atraso de outras bandas, Boogarins reuniu praticamente todo o público presente no evento. Ao contrário da banda anterior, parece que grande parte do pessoal estava lá exatamente para assistir a volta dos goianos à terra natal. Um grito inesperado se destacou na platéia: “Até que enfim acabou o Villa Mix” (em referência ao festival de música sertaneja que aconteceu na cidade no mesmo fim de semana, mostrando uma certa irritação com a banda anterior) e toda a psicodelia esperada no evento finalmente começou. “Avalanche” foi a primeira música e contou com uma introdução estendida, o que agradou bastante ao público que estava dançando e cantando junto com a banda. Os meninos voltaram com várias novidades depois da turnê internacional, “Lucifernandis” foi apresentada com uma introdução diferente e solos cheios de efeitos que surpreenderam aos fãs já acostumados com a versão original da música. Continuando na onda boa do palco rosa, os efeitos da guitarra de Benke e a voz de Dinho contagiaram a todos e o público continuou cantando junto em “Infinu” e “6000 dias”. Não tinha uma pessoa no local que não estivesse totalmente hipnotizada com as músicas do Boogarins. Na quinta música a banda surpreendeu a todos com uma faixa nova chamada “Tempo”, que pareceu ser a mais pesada de todas as músicas da banda até hoje com riffs fortes, mas com a mesma calmaria na voz de Dinho. O público cantou alto(tão alto , rs) as música “Despreocupar”, “Erre”, e mais um lançamento foi divulgado bem no finalzinho do show, que terminou com a instrumental “Refazendo”, momento em que o público viajou na melodia como na maioria das apresentações. Como o tempo estava curto, a música mais esperada pelo público, “Doce”, ficou de fora. Quanto os meninos soltaram seus instrumentos a platéia não se conteve e começou a pedir para que cantassem o sucesso, mas infelizmente não foi possível. Valeu muito a pena esperar para ouvir novamente toda a lisergia dos meninos em terras goianas.

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Boogarins

Outra atração esperada por muitos foi o show da headliner Céu. A apresentação começou com o hit “Falta de Ar”, que contou com alguns momentos diferentes com uma inclinação surpreendente para o jazz e Céu tocando piano durante a performance. Na segunda música Céu também fez sua contribuição instrumental com um pandeiro e mesmo com o atraso no festival o público estava presente em massa e cantando junto com a artista. A terceira música veio diretamente do terceiro álbum, “Contravento”,  e Céu tocou dessa vez um tamborim. A voz aguda da cantora na música “Retrovisor” reverberou por todo o local e manteve a atmosfera tranquila do primeiro dia de festival. No geral foi um show bem manso, que contou com vários sucessos da carreira da cantora e um público bem grande a beira do palco acompanhando a voz serena e profunda da artista.

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Céu

Comentário – Bruna Mendez

Acredito que tocar em festival é sair um pouco da zona de conforto (por partilhar público de outras bandas que às vezes não tem nada que ver com o som que faz) mas é justamente aí que eu me surpreendo. Pessoas que estavam dançando no show da Lust for Sexx mais tarde no meu show elas estavam paradas prestando atenção e muitas vieram falar comigo depois com um carinho incrível. Pessoas que não viram meu show mas viram a participação no show da Tonto e gostaram da voz. Então é sempre surpreendente a identificação e receptividade que as pessoas têm. Foi lindo!

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