CPM 22_Coletiva João Rock

CPM 22_Coletiva João Rock

Além de corrermos para fazer a cobertura do festival João Rock e trazer para vocês tudo o que aconteceu no Parque Permanente de Exposições de Ribeirão Preto, a equipe TMDQA! também conseguiu entrar em contato com alguns dos músicos do festival, como a galera do CPM 22 e dos Raimundos. No caso do CPM 22, rolou uma entrevista coletiva e você confere abaixo algumas das perguntas feitas pela equipe TMDQA! e por outros veículos de comunicação ao Badauí e ao Japinha, que falaram em nome do CPM 22:

Como surgiu a ideia de realizar a gravação de um trabalho acústico?

Japinha: Bom, a gente já tem 13 anos de estrada, são 7 discos de estúdio, então já estava na hora de fazer um projeto como esse que é uma coletânea, num formato mais inusitado, que é diferente para uma banda de punk rock como a gente. Essa proposta já tinha vindo em 2006, pela MTV, mas a gente achou que era muito cedo, a gente tinha só 3 discos. Mas aí o projeto voltou agora, a gente achou interessante, e ele também marca a volta da gente com a nossa gravadora, que é a Universal, é um momento bacana. E também, tá todo mundo já com mais de 30 anos e tal, às vezes a galera quer sentar, fazer um luau… mas também é um projeto de pouco tempo, daqui a pouco a gente volta pras guitarras, mas a gente tá curtindo bastante esse momento.

Com os perrengues que toda banda passa, como vocês acham que sobreviveram como uma das grandes bandas de rock do país?

Badauí: É… nem sempre os altos e baixos que a gente passa são por conta da banda, né? O que acontece também é que rola umas fases menos inspiradas, ou a perda de um integrante importante, como já aconteceu com a gente (Wally saiu do CPM 22 em 2009 para se dedicar a seu projeto Astafix), o jogo de interesses entre gravadora e banda, o momento que o rock vive no país, que oscila também bastante. Mas o que antém a banda sempre forte é manter uma média de mais acertos que erros e manter sua verdade na hora de gravar um disco, independentemente de estar numa gravadora grande ou não, e buscar sempre tocar com a sua verdade, como a gente sempre fez, antes até de ser uma banda grande, e assim você acaba tendo uma longevidade mesmo, até por você ter discos de verdade, músicas que são feitas com sentimento, independentemente do fato de vender mais ou menos cópias.

Japinha: Teve momentos em que a gente teve problemas grandes e que a gente teve que se adaptar. Então quando pintou o problema a gente jogou de acordo com a situação, então, saber lidar com advogado, fazer show mais baratos, viajar mais, baixar o cachê… então a gente subiu e desceu várias vezes e estamos aí, 13 anos…

Com a ascensão de outros ritmos e a queda da popularidade do rock no Brasil nos últimos anos, vocês concordam com a frase “O Rock Nunca Vai Morrer”?

Badauí: Com certeza. Aliás, a maior prova disso é esse festival, que para mim é um dos melhores do país, a gente não é contra nenhum estilo, a gente só acha que tem que ser valorizado quem é artista de verdade, independentemente do segmento. O sertanejo, se for artista sertanejo de raiz, tem que ser ouvido, o samba a mesma coisa. O que não pode é jogar a qualidade da música brasileira lá pra baixo em todos os meios de comunicação principalmente nas TVs abertas e nas rádios, que é por onde o artista se mantém vivo. A nossa reivindicação como roqueiros, junto com todas as bandas que estão aí e são nossos parceiros é essa: de você simplesmente não ter mais espaço para tocar ao vivo na televisão, por exemplo. Eu acho que a gente regrediu muito culturalmente nos últimos anos e isso acaba afetando o lado mais fraco, entre aspas, que é o lado mais alternativo, mais contestador, que é o rock né? Então acabam se sobressaindo os artistas que se vendem.

Vocês participaram recentemente de um documentário chamado “Do Underground ao Emo” que fala um pouco da cena punk rock paulista no final dos anos 90 e início dos 2000. Como vocês se sentem sendo expoentes dessa cena que começou ali no Hangar 110 e trouxe para o rock nacional bandas como vocês mesmos, o Dance of Days, o Sugar Kane e tantas outras?

Badauí: Eu acho que o CPM é uma das bandas que teve mais projeção desse cenário, mas a gente é só a ponta do iceberg, né? Essas bandas deram suporte pra gente. No próprio documentário você vê as bandas falando da gente, mas pra gente essas bandas, de coração, elas são do mesmo nível. De música, de qualidade, a gente teve um pouco mais de visão em alguns momentos, um pouco mais de sorte de estar no lugar certo, na época a gente teve a ideia de lançar esse som em português, éramos uma das poucas bandas que faziam isso em português, então a gente teve uma projeção maior, mas a gente, sem essa cena onde a gente foi criado, nós nunca conseguiríamos mostrar a nossa verdade pro grande público.  

Japinha: Até por isso a gente faz questão de tocar sempre que possível nas casas em que isso começou, no Hangar 110 que foi a primeira casa que a gente tocou e começou a aparecer pro público, e que existe até hoje, então tem outras casas menores que a gente sempre faz questão de voltar, o Opinião em Porto Alegre, que é outro lugar dessa cena também, e eu acho que isso faz parte da essência da banda. O CPM 22 a gente sente que a gente conta com esses caras, né? Essa galera tá aí, na ativa, até hoje o Sugar Kane, o Garage Fuzz, Bullet Bane, Dead Fish, todos eles, os caras estão na ativa, tão tocando, tão curtindo, assim como a gente tá curtindo, às vezes em lugares diferentes, com públicos diferentes, mas fazendo o próprio som e com essa verdade, então isso é muito legal.

Badaui: Mas foi um desafio também se tornar uma banda mainstream sem perder a nossa essência e sem perder o respeito dessas bandas e dos nossos amigos que estão lá.

Como é que vocês veem o cenário hoje em dia para as bandas de rock nacional?

Badauí: Bom, as bandas hoje se mantem porque elas acreditam né? O CPM 22, o Detonautas, o Raimundos, a Pitty, aí você vê também as bandas mais antigas, como os Paralamas, o Nação Zumbi, que é mais alternativo. É como eu falei antes, um festival desses mostra a força que isso tem. É que às vezes os caras têm a possibilidade de botar isso numa televisão, numa TV aberta, eu digo, que é onde você tem mais projeção, talvez outros queiram ir pelo caminho mais fácil, colocar algo que seja absorvido aí de forma mais fácil. E o rock é um estilo de música contestador, né? As vezes não só na musica, mas nas entrevistas, na sua postura. Isso acaba incomodando quem está no poder.

Como vocês citaram no palco, vocês foram uma das primeiras bandas a tocar no primeiro João Rock. Conta essa história pra gente!

Japinha: Pois é, já se foram 12 anos de João Rock e a gente já participou de, sei lá, uns 5, 6. Ribeirão sempre recebeu a gente muito bem, a região inteira, né? E a gente gosta muito disso né? A primeira vez que a gente tocou no João Rock não era nem aqui, era no estádio do comercial, que cabia umas 20 mil pessoas e hoje tem 40 mil, é televisionado para o Brasil inteiro, a Rádio 89 está transmitindo para São Paulo em várias cidades, tão vindo excursões de vários lugares, então o festival tomou uma proporção muito grande. A gente quando começou, lá atrás em 2002, era uma banda que subia nervosona no palco, ia 10 mil, 15 mil, pessoas na frente já rolava aquele puta frio na barriga… hoje a gente ainda fica nervoso, mas temos mais o controle da situação, né? É muito gratificante ter participado da história desse festival e representar o rock por aqui. O CPM 22 assim como O Rappa, O Paralamas que estão aí hoje, o Raimundos, o Charlie Brown, que participou várias vezes, e estar junto com bandas muito importantes que fizeram parte dessa história…. escrever o nosso nominho ali no meio é muito gostoso.

Badaui: É legal ver o crescimento do festival. A gente cresceu junto com ele e ver ele hoje sendo transmitido pelo Multishow, pela 89, então é uma vitória mesmo e é muito bom fazer parte disso e é muito importante para a banda e também para levantar mesmo essa bandeira do rock, do pop rock, ainda existem bandas de verdade no país.

Como vocês encaram a chegada de novos públicos, gente mais nova, curtindo o som da banda?

Badaui: Eu acho que é muito legal, tá chegando aí uma galera nova, mas o mais legal é que a gente não perdeu o nosso público de antes. Posso dizer que a gente é uma banda realizada, com 8 discos, 4 DVDs, ganhamos vários prêmios aí, com toda a simplicidade que a banda possa ter e isso acaba refletindo no público, na reação da galera no nosso show. O show do CPM é o ponto forte da banda, é onde a gente gosta de estar… acho que talvez se a gente tivesse mais espaço seria mais legal, mas é isso aí, a gente tá muito feliz onde a gente tá, o rock está em ascensão de novo e é isso aí.

Japinha: É legal que a gente percebe com o tempo passando o nosso público está aparecendo com os filhos, com a camisa preta, do CPM, você vai para as cidades pequenas, faz uns shows menores e vê ali mil pessoas com camiseta preta de bandas de rock, Pantera, Sepultura, Iron Maiden, CPM, Charlie Brown, e você vê que o rock evolui nesse sentido, com o seu público, então a gente está bem tranquilo com relação a isso. Por mais que a gente não esteja na mídia, os filhos, os netos, os primos estão sendo ensinados assim como nós fomos pelos nossos a curtir o rock, e isso vai gerando uma renovação nos públicos, ainda que o rock não esteja na grande mídia.

Badaui: Quando eu montei a banda eu tinha 19 anos, a minha meta era deixar um legado, fazer música e tentar fazer um pouco do que eu aprendi com as bandas que eu gosto. E é legal a gente ver o público ficando mais velho com a gente, todos nós estamos aí beirando os 40 anos e você vê que não foi uma coisa passageira, de momento. É gratificante você ver que atingiu ao menos duas gerações com o seu trabalho, seu esforço, compartilhando as ideias que a gente tem e as experiências do nosso dia a dia.

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