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Resenha: Michael Jackson – Xscape

Lançada no dia 9 de Maio, Xscape é a segunda compilação póstuma de Michael Jackson e, ao contrário Michael (2010), o primeiro da sequência (que ainda pode render outros três ou quatro discos), reúne oito canções, entre já conhecidas dos fãs mas não lançadas e inéditas que, de cara, percebe-se tratar realmente do melhor do que nunca se ouviu do artista, como vem sendo apresentado. Afinal, o peso do lançamento de músicas dos anos 80, 90 e do último trabalho, Invincible (2001), mesmo que ‘descartadas’ pelo astro, é muito maior do que qualquer lançamento de aspirantes ao trono do Rei do Pop.

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O álbum saiu através da MMJ e da Epic Records, tem produção executiva de L.A. Reid e traz um impecável time de produtores como John McClain, Jerome “Jroc” Harmon, Rodney Jerkins, Stargate e Timbaland, esse último badalado por trabalhos com Madonna, Justin Timberlake, Nelly furtado e Beyoncé, por exemplo. A edição passou por um processo de “contemporização”, feita pelos produtores, que deram nova roupagem às canções sem tirar a marca do artista (pelo menos essa foi a explicação para ‘contemporização’). Já a versão luxuosa contém também as oito faixas em sua forma original, sem retoques ou modificações. A experiência de ouvir a versão de luxo é bastante rica, já que o ouvinte pode fazer comparações entre as músicas originais e as trabalhadas sem Michael.

É gostoso ficar imaginando a reação dele ao ouvir as novas faixas. Será que ele ia gostar? Odiar? Nem amar, nem odiar? Não saberemos jamais, e isso talvez seja a melhor parte da experiência ao se debruçar sobre Xscape. A obra abre já com um convite à pista de dança com a faixa “Love Never Felt So Good”, que mesmo após o término da audição ainda fica na memória. Aliás, todo o disco cai muito bem na hora da dança, até mesmo com a quase balada “Loving You”.

O disco contém três versões diferentes de “Love Never Felt So Good”. Uma produzida por John McClain e Giorgio Tuinfort, que ganha batidas envolventes de funk, o que deu muito certo em tempos de “Get Lucky” (Daft Punk) bombando. A versão original, produzida por Michael e Paul Anka (que também assinam a composição), é menos dançante e dá mais destaque à voz de Jackson. Já a terceira versão é quase um investimento no principal nome quando o assunto é a herança do legado de Michael Jackson. Ela carrega uma mescla das vozes de Justin Timberlake e Michael Jackson numa união entre o estilo de ambos muito respeitosa, por sinal.

Em “Chicago” o ouvinte percebe o dedo de Timbaland numa versão em que o keyboard foi substituído pelo baixo. Apesar de ser uma música legal, não pega tanto quanto a primeira. Em “Loving You”, terceira faixa, já percebemos estarmos no estado de espírito do disco: dançante sem ser cansativo e com refrões fáceis de cantar sem serem pegajosos. Aliás, não cantar junto às músicas já na segunda ou terceira audição da obra é quase impossível.

“A Place With No Name” e “Slave To The Rhythm” são as versões que ganharam mais remixes, por vezes quase cafonas. Na segunda, a exploração feminina como tema relembra as fases mais sombrias do cantor. Fase que ressurge com mais força em “Do You Know Where Your Children Are”, que trata de exploração e prostituição infantil, assunto tabu quando o assunto é Michael Jackson, mesmo que a intenção aqui não seja o julgamento de valor ou bravejar acusações infundadas. O tema é transposto por uma mixagem elétrica que acaba ofuscando o protesto pretendido por Michael.

Enquanto “Blue Gangsta” ganha vocais mais rasgados, a faixa-título do disco põe em dúvida sua escolha como carro-chefe da produção. “Xscape” resgata um pouco os gritinhos finos e tem um pouco da paranoia de “Scream”. O interessante no álbum é notar o quão respeitosos foram os produtores na hora de preservar o legado que Michael Jackson deixou para a música pop universal e, por outro lado, esse fato por ser interpretado como uma resposta às críticas massacrantes que o disco Michael recebeu, em alguns casos até se colocou em dúvida se aquilo se tratava realmente da voz de Michael. De fato, as canções tem um dedo, inclusive na produção, do ícone pop e ganhou pontos principalmente pelo não-investimento em parceria mirabolantes que o primeiro póstumo recebeu.

Nota: 7/10

Published by
William Galvão