Ainda Somos os Mesmos

Antes de desaparecer fisicamente e ser lembrado em reportagens bem sensacionalistas como caloteiro, Belchior já tinha sido esquecido por muita gente. Vi um show dele em 2006, numa casa de shows que nem existe mais, em um show conjunto com o Los Hermanos. Emocionado com o grande público (que não era para vê-lo), ele enfileirou clássicos e canções lindas que influenciaram gerações, incluindo os barbudos que subiriam no palco logo depois.

Poeta de uma geração inconformada que parecia estar fazendo a mesma coisa há anos, Belchior surge novamente em um tributo feito por mais uma geração que anda fazendo a mesma coisa. Ainda Somos Os Mesmos é um tributo ao espetacular disco Alucinação, que é um daqueles discos definitivos, difíceis de serem superados em uma carreira.

Conversamos com Jorge Wagner, jornalista de olho apurado e organizador do projeto. Jorge fez também o Jeito Felindie, o famoso tributo ao Raça Negra. Confira abaixo:

TMDQA!: De onde veio a ideia de homenagear o Belchior?

Jorge Wagner: Estava ouvindo o Alucinação em novembro, se não me engano, quando me ocorreu que era uma pena que as pessoas soubessem do Belchior, de alguns anos pra cá, mais pela história do sumiço que pela música feita por ele. Atinei pro fato de que um tributo a ele seria uma experiência interessante, que não repetiria a “fórmula” da homenagem ao Raça Negra. Aí levei à frente.

TMDQA!: O “Jeito Felindie” teve uma puta repercussão chegando até a banda… Acha que consegue entregar isso pro bigode?

Jorge Wagner: Duvido que ele vá dar as caras e comentar algo, como o Luiz Carlos já fez. Mas acredito que o tributo, repercutindo bem tanto nos blogs mais independentes quanto na mídia tradicional, vai acabar chegando a ele.

TMDQA!:Você virou uma referência de tributos de sucesso. Quais outros você curte? Algum artista que gostaria de homenagear ainda?

Jorge Wagner: Curto o “Vou tirar você deste lugar” e algumas coisas do “A voz da mulher na obra de Guilherme Arantes”. E, apesar do culto aos Los Hermanos ter dado no saco (e muito), o Re-Trato tem algumas coisas bem bonitas, como “Pois É”, refeita pelo Transmissor, e “Sentimental”, pelo Phillip Long. Sobre novos tributos, só o tempo pra dizer mesmo. Na minha cabeça, existe, há anos, uma versão da Pública pra Loucas Horas, do Guilherme Arantes, que eu queria que um dia se tornasse realidade. Também imagino Vanguart e Apanhador Só regravando algo dos primeiros discos do Fagner. Gonzaguinha, Cesar Costa Filho… a gente pensa em muita coisa, mas só faz quando pinta o estalo: “é esse!”.

“Ainda somos os mesmos”está disponível para download no Scream&Yell, junto de um EP com outras músicas do Belchior, chamado “Entre o sonho e o som”. E conta com nomes ótimos como Transmissor, Lucas Vasconcellos, Phillip Long, The Baggios, Fábrica e a primeira gravação solo do Ricardo Gameiro, um dos meus músicos favoritos.

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Polysom relança discos da Elenco

A Polysom vai reeditar em uma caixa alguns dos grandes discos da Elenco! A gravadora, fundada no começo dos anos 60, fez alguns dos discos mais impactantes da bossa nova. Além de trabalhar com um estilo gráfico lindo. Os discos do box são Bossa Nova York, de Sergio Mendes e seu trio; Caymmi visita Tom, que dispensa apresentações; Nara, com os clássicos “Diz que fui por aí” e “Berimbau”, além de Vinícius e Odette Lara, início da parceria do poetinha com Baden Powell em disco arranjado por Moacyr Santos. Imperdível.

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Aliás, você deveria conhecer mais Moacyr Santos. A Polysom relançou recentemente o seminal Coisas e já esgotou… Vale correr atrás desse e do The Maestro. Dica de brother.

 

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