Muse

 

Até o início da quarta edição do Rock In Rio no Brasil, a coluna Faixa Um vai se dedicar exclusivamente a alguns dos headliners do festival, que ocorre entre os dias 13 e 22 de Setembro no Rio de Janeiro.

Todo artista sonhou um dia – ainda que despretensiosamente – em ser o maior do mundo. Em chacoalhar multidões extasiadas, em comandar uma horde de súditos das mais diferentes raças, credos e classes unidos em torno de um hino pungente e comovente: o refrão. O problema é que invariavelmente músicos tão ambiciosos se perdem na pretensão e, assim como este parágrafo, viraram expressão da cafonice pura.

Tal obsessão pelo exagero é considerada por muitos como um dos principais atributos do Muse, figura certa entre os maiores artistas do mundo na atualidade. Enquanto uns reclamavam dos falsetes longos de Matthew Belamy, considerando o grupo apenas uma resposta barulhenta demais ao britpop, a banda criou um híbrido de rock clássico, metal progressivo e música eletrônica que cresceu surpreendentemente e conquistou plateias gigantescas ao redor do planeta.

No início, em Showbiz (de 1999), o Muse parecia nitidamente perdido entre tantas influências. A partir do ótimo Absolution (2004), o grupo se mostrou muito mais disposto a assumir riscos que posteriormente se converteram em grandes sucessos. Mas entre os dois a banda lançou o visceral Origin of Simmetry (2001), álbum em que o trio deixou de cerimônias e iniciou o plano de dominação global. E com ele, veio “New Born”, faixa de abertura que imediatamente se tornou uma das favoritas dos fãs.

Apesar de estar apenas no segundo álbum do trio, “New Born” é uma das canções que melhor explicam o que é o Muse. Os arpeggios de piano na introdução, seguidos por uma linha de baixo contínua e pelo vocal melodramático de Belamy preparam o ouvinte para a explosão dos compassos seguintes, que apesar de intensa, não chega aos pés da grandiosidade do refrão da faixa. É roqueira sem apelar para estereótipos, e apesar do clima épico, passa longe dos exageros. A letra, que relata o medo do vocalista de ser dominado pelas máquinas em uma revolução tecnológica, é outro exemplo dos impulsos interestelares do Muse.

“A canção me coloca em um futuro onde os corpos são dispensáveis, e todos vivemos conectados a uma grande rede”, disse Belamy em entrevista à rádio XFM em 2007, parafraseando o filme Matrix e obras literárias como Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. “O meu medo é que não consigamos controlar [a evolução da tecnologia] porque ela está mais rápida que a evolução humana”.

De fora dos setlists recentes do Muse – que atualmente viaja para divulgar The 2nd Law, álbum lançado em 2012 – “New Born” pode ser uma ausência notória no show da banda no Rock In Rio. Uma pena, especialmente se considerarmos que esta terceira vez do grupo no país será a grande oportunidade do grupo de consolidar-se no mercado brasileiro. Não que faltem hits ao Muse, mas diante de súditos e opositores, “New Born” é uma das armas mais poderosas do pequeno exército de três ingleses.

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