O Clash foi uma das bandas mais importantes do movimento punk que surgiu no Reino Unido ao final dos Anos 70.

Sempre preocupado com causas sociais, injustiças e a opressão do capitalismo, o grupo utilizou suas músicas para revelar ao mundo o que via de errado tanto em sua terra natal quanto em outras partes do planeta.

Se começou como uma banda baseada em guitarra, baixo, bateria e vocais berrados, o grupo evoluiu em pouquíssimo tempo e começou a incorporar elementos de diversos outros estilos, tornando-se a banda punk mais completa e competente musicalmente da história.

Na sequência você pode viajar com a gente pela rica discografia dos caras e entender o que eles fizeram ao longo de sua carreira até chegar ao fim com um dos piores discos da história do rock.

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The Clash (1977)

“I’m So Bored With The USA”

The Clash - The Clash

Era 1977, o ano em que o punk explodia, quando o Clash lançou seu primeiro disco de estúdio, homônimo, no Reino Unido.

Apesar de contar com vários traços presentes em tantas outras bandas da época, como vocais rasgados e guitarras rápidas, a banda já mostrava que tinha boa parte de sua influência calcada no rock mais clássico, muito por conta do passado de Joe Strummer com bandas do estilo.

O álbum foi o primeiro da banda no Reino Unido e, dois anos depois, foi lançado nos Estados Unidos, após o lançamento de Give ‘Em Enough Rope por lá em 1978. Por isso, nos EUA, ele é considerado o segundo da banda.

Além de clássicos de protesto como “White Riot”, “Clash City Rockers” e “Complete Control”, o disco traz, em suas duas versões, a ótima “I’m So Bored With The USA”.

A canção foi imaginada como uma música sobre relacionamentos, e deveria ser algo na linha de “I’m so bored with you” (“Estou de saco cheio de você”), mas Strummer fez questão de adaptá-la para a frase final, “Estou de saco cheio dos Estados Unidos”, para protestar contra o país e, é claro, polemizar.

É uma das músicas que mostra que, desde o começo, o Clash já estava à frente de tantas outras bandas do gênero.

Give ‘Em Enough Rope (1978)

“Stay Free”

The Clash - Give 'Em Enough Rope

Como dito anteriormente, Give ‘Em Enough Rope foi o primeiro disco do Clash lançado nos Estados Unidos, mas o segundo da carreira da banda.

O álbum traz grandes sons como “Safe European Home”, “Julie’s Been Working For The Drug Squad”, “Last Gang In Town” e, é claro, a clássica “Tommy Gun”.

Aqui o Clash mostrou de vez que não queria se prender aos clichês do punk e já começou a experimentar e mostrar um grande leque de recursos que tinha em seus integrantes.

Prova disso é a belíssima “Stay Free”, cantada por Mick Jones e que conta com grandes harmonias, uma linha de baixo competente e uma estrutura que consegue estar ao mesmo tempo próxima de uma balada e de um grande rock and roll.

London Calling (1979)

“Koka Kola”

The Clash - London Calling

Em 1979 veio aquele que é considerado por muitos o maior disco da carreira do Clash.

London Calling foi lançado, de forma incomum para a época, em disco duplo, e tem 19 faixas que são absolutamente excelentes.

É claro que a faixa título, que abre os trabalhos, virou o carro chefe de um disco que ainda tem uma das capas mais emblemáticas da história do rock, mas músicas como “Jimmy Jazz”, “Hateful”, “Rudie Can’t Fail”, “Spanish Bombs”, “Lost In The Supermarket”, “The Guns Of Brixton” (cantada pelo baixista e personagem da capa do disco, Paul Simonon), “Death Or Glory” e até a amorosa “Train In Vain” estabeleceram o Clash como um dos grupos mais criativos e competentes de sua época.

A banda mostrou que poderia falar de amor e da classe trabalhadora ao mesmo tempo, sem virar uma caricatura, e na faixa que escolhemos, “Koka Kola”, exemplificou muito bem o seu talento ao criar uma baita canção de protesto contra o capitalismo ao mesmo tempo que canta a sua letra de forma suave e quase romântica.

Sandinista! (1980)

“Rebel Waltz”

The Clash - Sandinista!

Se um disco duplo já era difícil de ser comercializado no final dos anos 70, imagine um álbum triplo.

Como o Clash provou tantas vezes em sua carreira que não tinha medo de ousar, eles foram em frente com a ideia e o fizeram em 1980 através de Sandinista!, disco de estúdio que foi lançado em 3 LPs e tem quase duas horas e meia de duração, com 36 faixas no total.

O álbum é recheado de símbolos e atitudes louváveis, desde o seu nome, que faz referência ao movimento Sandinista na Nicarágua, e ao seu número de catálogo, “FSLN1”, menção ao nome completo do movimento, Frente Sandinista de Liberación Nacional.

Para que o disco não chegasse às prateleiras a um preço abusivo, já que era triplo, a banda resolveu diminuir os seus royalties dos direitos das músicas e receber menos por elas. Tudo isso para passar ao mundo mensagens que criticavam a guerra, o capitalismo, os Estados Unidos, a Guerra do Vietnã e tudo que envolvia a política de opressão mundo afora.

Musicalmente, os caras incorporaram elementos de diversos estilos diferentes como funk, jazz, reggae, dub e rockabilly, e mesmo com a tarefa dificílima de apresentar um disco triplo, receberam resenhas altíssimas (como a nota 5/5 da Rolling Stone) e foram parar em listas de melhores do ano, da década e de todos os tempos.

Em “Rebel Waltz”, a banda toca uma valsa e narra a história da mesma sendo dançada em um triste período de guerra:

Eu dancei com uma garota ao som de uma valsa
Que foi composta para ser dançada no campo de batalha
Eu dancei ao som da voz de uma garota
Uma voz que dizia “Aguente até que a gente caia, nós aguentamos até que todos os rapazes caiam”

Combat Rock (1982)

“Straight To Hell”

The Clash - Combat Rock

Combat Rock é o penúltimo disco da carreira do Clash, mas sem dúvida alguma pode ser considerado o último deles, e no próximo álbum a gente explica o porquê.

Além de ser o trabalho final com o núcleo criativo da banda, o álbum também foi o mais bem sucedido comercialmente, chegando à segunda posição das paradas do Reino Unido e à sétima nos Estados Unidos.

Muito disso se deve às faixas “Rock The Casbah” e “Should I Stay Or Should I Go”, que se tornaram extremamente populares nas rádios do mundo todo e alavancaram o disco.

Além dessas músicas, conhecidíssimas, o disco traz protestos clássicos da banda como em “Know Your Rights”, “Ghetto Defendant” e “Red Angel Dragnet”.

Entre as 12 faixas do disco, porém, destacamos “Straight To Hell”, que conta com um riff marcante e novamente lida com a injustiça no mundo, falando do impacto do exército americano no Vietnã, a vida de imigrantes fora de seus países no mundo todo e o desemprego.

A canção tornou-se emblemática e foi regravada e tocada por muita gente boa como The Menzingers, Heather Nova e Moby, Josh Rouse, Emm Gryner, Will Kimbrough, Jakob Dylan, Elvis Costello e o próprio guitarrista do Clash, Mick Jones, que lançou uma versão com a cantora Lily Allen.

Outra cantora, M.I.A., usou um sample da música em “Paper Planes”, de 2007, e tomou o mundo com o excelente resultado final.

Cut The Crap (1985)

“Are You Red… Y”

The Clash - Cut The Crap

É engraçado que a palavra “crap” apareça no último disco de estúdio oficial do Clash.

Cut The Crap foi lançado em 1985 após a saída de uma peça fundamental da banda, o guitarrista e vocalista Mick Jones. Para seu lugar, a banda chamou outros dois músicos, Nick Sheppard e Vince White, mas o resultado final ficou longe de ser considerado aceitável.

São 12 faixas no total e a grande maioria delas traz uma mistura de diversos elementos mas de uma forma completamente desorganizada. Ao contrário dos trabalhos anteriores onde tudo era bem dosado e pensado, aqui a bateria eletrônica, os reverbs, os efeitos e os vocais parecem ter sido gravados, dobrados e utilizados à exaustão, sem muito cuidado.

O disco foi tão mal recebido por público e crítica que não aparece em praticamente nenhuma das coletâneas oficias da banda, além de não ser nem mencionado em documentários como Westway To The World.

É uma lástima e um trabalho que merece ser esquecido, como fica evidente em “Are You Red… Y”, que chegou a ser utilizada como single.

https://www.youtube.com/watch?v=SclAXmxVNpU

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