Finch

No início dos anos 2000, enquanto o The Strokes ditava o rumo do indie rock na década seguinte, uma outra revolução ocorria nos Estados Unidos, ainda que efêmera e muito menos impactante artisticamente: a explosão de uma nova geração do post-hardcore, que levaria o estilo ao topo das paradas de sucesso, algo inimaginável para grupos pioneiros como o Fugazi, décadas antes. Bandas como Thursday, Glassjaw e Thrice lançaram álbuns que definiram o sucesso comercial de outros grupos como My Chemical Romance, Taking Back Sunday e The Used nos anos seguintes, e um dos frutos mais interessantes foi o quinteto californiano Finch.

Apesar de guiado pelo post-hardcore, o Finch incorporou elementos de pop punk, screamo e new metal ao estilo, e impressionou muita gente com What It Is To Burn, disco de estreia da banda, lançado no primeiro trimestre de 2002. Produzido por Mark Trombino, responsável por pérolas como Scream, Dracula, Scream!, do Rocket From The Crypt e Clarity, do Jimmy Eat World, What It Is To Burn é um álbum coeso, com proposta firme e bem-desenvolvida; o peso de “Project Mayhem” dialoga muito bem com o pop de “Letters To You”, e canções assumidamente emotivas – termo muito empregado pejorativamente nos anos seguintes – como a faixa-título expressam frustrações e arrependimentos sem se tornarem piegas como tantas músicas similares que ouviríamos depois. E tudo isso começa com a sugestiva “New Beginnings”, que parece agregar tudo o que compõe o resto do álbum.

Está tudo aqui: a introdução atmosférica que remete à balada “Ender”, as melodias pop dos versos, que ressurgem várias vezes nas doze faixas seguintes, e as guitarras distorcidas, acompanhadas de berros e conversões com o pedal duplo, destaque em “Grey Matter” e “Perfection Through Silence”. “New Beginnings” chegou a ser lançada posteriormente como single, e apesar de não ter alcançado a popularidade de “Letters To You” e “What It Is To Burn”, resume em pouco mais de 4 minutos o espírito do grupo, que prometia ser uma das grandes sensações da música pesada na década posterior.

A profecia foi por água abaixo. Dissolvido por conflitos internos, o Finch lançou apenas mais um álbum, o desprezado Say Hello To Sunshine (2005) que, por ter quase nada a ver com What It Is To Burn foi desmerecidamente rejeitado por quem gostou do primeiro álbum. O esperado terceiro disco da banda nunca apareceu, e os fãs tiveram que se contentar com os fracos EPs Finch (2008) e Epilogue (2010) – que colocou uma lápide, literalmente, sobre a história da banda.

A influência e o sucesso de What It Is To Burn, no entanto, é inegável; por isso, a banda se reuniu para uma breve turnê, iniciada esta semana, que comemora os 10 anos do álbum com um breve atraso. A ironia é que a letra de “New Beginnings”, ao falar de amor, previu sem querer o futuro do grupo: “Because I know you won’t forget / I know / even if the story is over”.

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