Os Sertões no No Ar Coquetel Molotov 2012

Os Sertões no No Ar Coquetel Molotov 2012
(Cobertura fotográfica feita pelo Fora do Eixo e No Ar Coquetel Molotov 2012)

Texto por Bárbara Buril, enviada especial do TMDQA!.

“O sertão está dentro da gente. E Os Sertões é tudo o que há no nosso interior que ainda não foi posto para fora”. É assim que Clayton Barros define o seu novo projeto músical, em conversa no primeiro dia do Festival No Ar Coquetel Molotov 2012. A banda, primeira a se apresentar no Teatro da UFPE, contou com um público reduzido, devido à hora. Apesar disso, o que se viu no palco foi um show milimetricamente pensado – da música à cenografia.

Clayton Barros, Rafael Duarte, Deco Trombone e Perna apresentaram o disco Idade dos Metais, lançado recentemente, entre imagens que remetiam às origens do homem, todas projetadas no telão. Os candeeiros espalhados no palco também faziam referência ao universo sertanejo e ao surgimento do ser humano, que, não por acaso, é traduzido na linguagem popular pela expressão “dar à luz”.

Os Sertões no No Ar Coquetel Molotov 2012

A empatia entre os membros da banda é perceptível. Não é para menos: o entrosamento surgiu há cinco anos. Quando a Cordel do Fogo Encantado foi dissolvida, em 2010, o projeto Os Sertões começou a receber o gás que merecia. Os candeeiros, assim, foram acesos.

Tanta conexão entre os diversos elementos do palco – dos objetos aos músicos – não é nada perto das composições. “O sopro rege tudo”, define Clayton. É fato que, sem Deco Trombone, o projeto perderia a alma. O som do trombone dá todo um toque especial às músicas.

Deco Trombone d'Os Sertões no No Ar Coquetel Molotov 2012

Outro elemento que estrutura não só Os Sertões – como também deu a forma do Cordel – é a poética, típica do universo sertanejo. As letras, o sotaque arrastado e as imagens que as palavras sugerem nos remetem à terra rachada, ao sol imenso e à melancolia própria do sertão.

Além das canções autorais, como “Alamedas”, primeira a ser tocada, “Flor da Saudade” e “Do Zero”, o grupo apresentou uma versão de “Galope Rasante”, de Zé Ramalho. Uma maravilha musical. Para finalizar, vestiu a música “Palhaço do circo sem futuro”, de Cordel do Fogo Encantado, com uma roupagem suingada. Só aplausos no final, com direito a elogio de fã: “Os Sertões tá bonito!”. E olha que está mesmo.

Raízes e experimentalismo no primeiro dia

Além de Os Sertões, o primeiro dia da programação do Teatro da UFPE contou com Lucas Santtana, Rain Machine (EUA) e Siba. Deixado para o final, Siba foi, sem dúvidas, a principal atração do dia. O músico fez a platéia, em pé, cantar o disco Avante, lançado em janeiro de 2012. Apesar de ser a estrela do dia, ele destaca que nada seria sem Leo Gervázio. Ele toca a tuba que dá a tonalidade do projeto.

Siba no No Ar Coquetel Molotov 2012

Entre os sucessos cantados em um uníssono pelo público, destaca-se “A Bagaceira”, também do Avante: “avise ao pessoal que eu não estou normal, pode acabar-se o mundo, vou brincar carnaval“. Do projeto Siba e Fuloresta, o músico tocou a “Cantar Ciranda”, que também fez a plateia entoar versos bem decoradinhos.

Do Mestre Ambrósio, a canção “Mestre Guia”, que tem uma poesia concreta cheia de elementos nordestinos. No final, o guitarrista Catatau, produtor do disco Avante, deu uma palinha imperdível.

Para quem tinha ido ao último show de Lucas Santtana em Pernambuco, no Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), em julho deste ano, o concerto do Coquetel Molotov não foi muito diferente. O baiano tocou músicas do disco O Deus que devasta também cura, além de outras dos discos anteriores. As dançantes “Músico”, “Lycra-limão” e “Cira, Regina e Nana” tiveram lugar no show.

Lucas Santtana no No Ar Coquetel Molotov 2012

Rain Machine, projeto solo de Kyp Malone, integrante da TV on the Radio, mostrou sonoridades novas na programação do dia. Além de sair das atrações nacionais, a Rain Machine colocou experimentalismo no Molotov, a partir de uma mistura de jazz, blues e guitarras dissonantes. O show foi apreciado com atenção pela platéia. Só assim para captar as freqüentes mudanças emocionais das canções.

Rain Machine no No Ar Coquetel Molotov 2012

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