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Resenha: Scion Rock Fest

Church Of Misery

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Envoltos por uma atmosfera setentista, os japoneses do Church of Misery apareceram para fazer uma zoeira dos diabos. O vocalista Hideki Fukasawa e o guitarrista Tom Sutton pareciam ter saído de uma banda tributo ao Led Zeppelin, vestidos com calças boca de sino e investindo numa presença de palco que mesclava aparência hippie com gritos guturais narrando temas sobre serial killers. A multidão respondia às doses cavalares de riffs pesados com um fluxo constante de pogos e crowd surfing.

Com um cenário desses, não demorou muito para que Hideki se jogasse na plateia. Como um verdadeiro showman, o vocalista incitou a reação cada vez mais violenta do público, caiu várias vezes do palco, mas continuou cantando como se nada tivesse acontecido. Enquanto isso, o baixista Tatsu Mikami se mantinha à esquerda do palco com seu baixo Rickenbacker na altura dos joelhos, solando com um wah wah na tradição sabbathiana de Geezer Butler no clássico “N.I.B.”.

Saint Vitus

Parecia difícil para os veteranos do Saint Vitus superar a anarquia empreendida pelo Church of Misery. A banda do guitarrista Dave Chandler e do baixista Mark Adams não possui um grau alto de primor técnico; seu som básico, arrastado e repetitivo poderia ser facilmente comparado a um Ramones tocando Black Sabbath.

Mas isso conferiu um forte status cult ao grupo, sendo creditado como um dos precursores do Doom Metal. Apesar de ter iniciado seu show de maneira tímida – contrastando diretamente com os excessos mostrados pela banda anterior – o Saint Vitus garantiu a empolgação dos membros do Down nos cantos do palco, que cantavam as canções a plenos pulmões, contagiando a plateia. Passando por alguns problemas técnicos com sua guitarra, Chandler ficou visivelmente nervoso, e se isso seria motivo para estragar o show, mas o efeito foi justamente o inverso.

O guitarrista ficou cada vez mais possesso durante as execuções das músicas e o jogo virou para o Saint Vitus, com “Look Behind You” e “Windowpaine” ganhando versões aceleradas próprias para o mosh pit. O vocalista Scott Weinrich permanecia quase impassível a tudo isso e limitava-se a fazer cara de durão e cantar, escorado no pedestal do microfone no centro do palco. Mas Chandler dava um show à parte; no final de “Born Too Late”, o guitarrista desceu do palco e foi até o público, colocando a guitarra à disposição de quem quisesse fazer barulho.

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Published by
Tony Aiex