Em condições normais de temperatura e pressão, é impossível acompanhar todos os lançamentos do cinema assim que eles são lançados. Apenas nos Estados Unidos e Canadá, a média de filmes lançados por ano foi de 705 entre 2010 e 2019.

É preciso fazer um filtro com base em uma série de variáveis, que vão desde o gosto pessoal de cada um até o preço que cada pessoa está disposta a gastar com entretenimento. Por isso, as listas são de grande ajuda, sejam elas seleções por gênero, classificação indicativa, diretor ou qualquer que seja o parâmetro.

Aqui, mergulhamos nesse mar de produções e separamos as que julgamos ser as melhores, aquelas que não podem faltar nos papos com os amigos. Não há restrição, tem filme de herói, terror, animação, ficção científica, blockbusters, independentes…

Na lista, entraram filmes lançados entre janeiro de 2010 e dezembro de 2019 (alguns estrearam só em 2020 no Brasil, mas já estavam em cartaz lá fora há mais tempo).

E sim, sabemos que as décadas começam em anos com “1” e terminam em anos com “0”, o que faria da última década o período entre 2011 e 2020, mas convenhamos: boa parte do planeta ainda celebra as décadas de 0 a 9 e em ano de Coronavírus, com as produções quase zeradas, não faria muito sentido aguardar até o final desse ano para montar a lista.

Além disso, a década de 2010 é algo real e padronizado.

Confira!

50 – Coherence (2013)

Existe uma quantidade absurda de filmes de baixo orçamento que mereciam mais reconhecimento do que, de fato, conseguiram. Coherence é um deles. Foram apenas 50 mil dólares para contar uma das histórias de ficção científica mais bem amarradas dos últimos anos.

A direção do estreante James Ward Byrkit e a atuação excelente do elenco (apenas rostos desconhecidos do grande público) compensaram a falta de recursos. A sensação claustrofóbica só aumentava conforme a história se desenvolvia mas não saía daquele cenário reduzido. Além disso, o roteiro explica de forma muito orgânica conceitos de física, como o experimento do Gato de Schroedinger e a mecânica quântica.

Ótima obra de ficção para quem quer fugir um pouco dos blockbusters.

49 – Rogue One: Uma História Star Wars (2016)

O posicionamento de Rogue One na linha do tempo dos filmes de Star Wars parecia um pouco bizarro, no início. Como assim vão fazer um filme entre A Vingança dos Sith e Uma Nova Esperança? Apesar da desconfiança, deu super certo.

Agora que sabemos como a nova trilogia acaba, há quem diga que esse é o melhor Star Wars lançado nos últimos anos. Exagero? Talvez. Mas certamente trata-se é um bom filme de aventura, que ganha muitos pontos por se conectar perfeitamente com uma das maiores franquias de todos os tempos. A produção apresenta novos elementos e personagens para contar uma história que todo mundo já sabia como ia terminar. Isso é um baita mérito.

Rogue One: Uma História Star Wars. Foto: Lucasfilm Ltd /Jonathan Olley

48 – Boyhood (2014)

Gravar um filme por 12 anos para capturar a evolução dos personagens conforme vão envelhecendo definitivamente não é uma missão simples. Richard Linklater fez isso para contar a história de um garoto entre seus 5 e 18 anos de idade e deu super certo.

Assuntos do cotidiano como transição da infância para a adolescência, divórcio e o medo do que o futuro nos reserva são tratados de forma natural, fazendo com que a passagem de tempo seja até mais importante que a história em si. Boyhood não é uma obra-prima de complexidade, mas o esforço para manter a unidade na forma como a narrativa foi construída já faz valer.

Boyhood
Boyhood

47 – La La Land (2016)

Você é do time que ama ou do que odeia La La Land? O musical de Damien Chazelle foi a causa de uma montanha-russa de emoções nos fãs e na crítica. Primeiro porque, apenas por ser um musical, parte do público já ficou com um pé atrás. Além disso, o filme é acusado de se preocupar demais em brilhar, mas pouco com inspirar. Parece que ele foi feito apenas para ganhar Oscars.

O que pesa a favor é que Chazelle estava bem consciente do que fez, desde as homenagens aos musicais clássicos até a metalinguagem de colocar a história para se passar em Hollywood. Apesar das críticas, é um bom filme, sim.

La La Land
La La Land. Foto: Diviulgação.

46 – Intocáveis (2011)

Intocáveis foi um dos filmes não-americanos que mais conquistou o coração de fãs de cinema pelo mundo nessa década. Emocionante em vários níveis, há uma delicadeza admirável no roteiro do filme, ao contar a história de um milionário tetraplégico e seu cuidador.

Ao mesmo tempo que comove, o filme consegue ser muito engraçado em alguns momentos. O foco está totalmente na amizade improvável entre os protagonistas: um aristocrata branco e acostumado a todos os tipos de privilégio, e um imigrante negro que jamais havia chegado perto daquele luxo todo. Claro que Hollywood ia crescer os olhos para o sucesso que a obra conseguiu e providenciou um rápido e desnecessário remake, em 2019. O original continua, no entanto, bem melhor.

45 – O Segredo dos Seus Olhos (2010)

A trama policial argentina venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2010, e não foi à toa. Ricardo Darín interpreta um funcionário público aposentado que decide escrever um livro sobre um caso de assassinato em que trabalhou 25 anos antes.

A trama vai e volta nas memórias do protagonista, alternando entre os últimos anos de ditadura na Argentina com o presente, no qual o escritor tem que lidar com o caso que marcou sua vida. O Segredo dos Seus Olhos é um dos maiores fenômenos culturais dos nossos hermanos sul americanos e não poderia ficar de fora dessa lista sob nenhuma circunstância.

44 – Blade Runner 2049 (2017)

“Apenas” 35 anos depois do lançamento de seu antecessor, Blade Runner 2049 dividiu opiniões entre o público, mas caiu na graça da crítica especializada. Os aspectos técnicos são realmente incríveis, especialmente os efeitos visuais e a fotografia de Roger Deakins (o filme foi premiado nessas duas categorias do Oscar de 2018).

E a história também é legal, vamos combinar. Retornar à realidade alternativa do filme de 1982 foi ótimo para matar a saudade, mas também para renovar as possibilidades nesse universo. Colocar um blade runner jovem (Ryan Gosling) para caçar replicantes ainda ativos levantou novas questões éticas e gerou boas discussões, como geralmente acontece nessas distopias cyberpunk.

Blade Runner 2049
Blade Runner 2049. Foto: Reprodução/YouTube

43 – Deadpool (2016)

Quem diria que a maior revolução nos filmes de super-herói na década viria com a Fox, não é mesmo? Fazer um filme voltado para o público adulto era uma jogada arriscada, ainda mais para um estúdio que vinha lidando com bombas atrás de bombas (X-Men, Quarteto Fantástico, etc) e com um orçamento modesto (eram US$ 58 milhões disponíveis, bem menos que os US$ 175 milhões de Esquadrão Suicida e US$ 165 milhões de Doutor Estranho, que saíram no mesmo ano). Mas não é que deu certo encher a história de palavrões e violência e Deadpool foi um sucesso?

O segredo foi a combinação de cenas de ação muito bem pensadas com o timing cômico frenético do roteiro. Além disso, Ryan Reynolds estava dedicadíssimo a fazer uma adaptação decente do Mercenário Tagarela, atuando também como produtor. Essa entrega foi um dos diferenciais para o sucesso do filme e praticamente garantiu uma sequência, que chegaria aos cinemas em 2018.

Foto: Divulgação

42 – Relatos Selvagens (2014)

Impossível não se apaixonar pelo argentino Ricardo Darín depois de tantos filmes maravilhosos, não é mesmo? Relatos Selvagens, dirigido por Damián Szifron e produzido por Pedro Almodóvar, é um deles.

Trata-se de uma antologia, com histórias inicialmente independentes e que conectam pelo tema em comum: como podemos perder a razão apenas pela crueldade natural da vida. Basta um empurrãozinho e qualquer dia pode ser “o dia” de tudo sair do controle.

41 – Viva – A Vida é uma Festa (2017)

O gênero “filmes para chorar” não existe oficialmente, mas se o fizesse, teria Viva – A Vida é uma Festa lá em cima na lista de recomendações. Animação? Filme para criança? Pixar? Não se deixe enganar pelo visual bonitinho.

O filme é um excelente passatempo e uma forma lúdica de aprender uma nova forma de lidar com a morte. A perspectiva mexicana da visão da morte é difícil de “entender” em uma cultura como a brasileira, mas Viva ajuda ao contar isso de forma bem suave.

40 – Planeta dos Macacos: O Confronto (2014)

Rebootar uma franquia clássica pode ser um risco no quesito qualidade, mas certamente tem rendido muito dinheiro para os executivos em Hollywood. Planeta dos Macacos, porém, fez valer cada dólar que lucrou com esta nova fase, uma vez que soube utilizar incrivelmente bem os recursos tecnológicos que estão à disposição. A técnica de captura de movimento de Andy Serkis para dar vida ao macaco César é algo de fazer o queixo de qualquer um cair.

Um dos destaques da nova trilogia é o segundo filme, Planeta dos Macacos: O Confronto, que intensificou debates sobre preconceito e intolerância mesmo sem largar o rótulo de blockbuster, consolidando o que foi apresentado no seu antecessor sem deixar a barra de qualidade cair um centímetro sequer.

39 – Bacurau (2019)

Bacurau foi, talvez, o maior fenômeno cinematográfico no Brasil desde Tropa de Elite. O suspense nacional foi beneficiado pela amplitude dada pelas redes sociais e pelo contexto político, mas não se resume a isso. A mensagem do filme (apesar de Kléber Mendonça Filho dizer que não existe uma) é clara: a opressão, uma hora, vai gerar uma reação. Em tempos de polarização e ataques à cultura, filmes que se posicionam acabam ganhando muita visibilidade.

Mas não é só pelo que Bacurau representa fora das telas que ele deve ser assistido. A história é muito boa, com reviravoltas mais do que competentes. Isso, aliás, criou um movimento natural de não transmissão de spoilers quase inédito. Ninguém falava sobre o que era o filme, apenas “vá assisti-lo”. E é isso. Assiste Bacurau, irmão.

Bacurau
Bacurau. Foto: Divulgação/Vitrine Filmes

38 – Star Wars: Os Últimos Jedi (2017)

Muitos fãs torceram o nariz por causa da saída de J.J. Abrams do projeto e das alterações promovidas pelo recém-chegado Rian Johnson. Algumas dessas mudanças, realmente, foram bem radicais, mas Os Últimos Jedi é um filme muito bom no que se propõe a fazer – e considerando estar na pior posição de uma trilogia, que é exatamente o meio.

Além de construir um novo arco de redenção para Luke e fechá-lo de forma épica, Johnson abriu espaço para o crescimento de Rey, para que ela definitivamente se colocasse como a nova estrela da saga. Sem contar o aspecto visual do filme, que é lindo.

Ignorando o que veio depois, individualmente o Episódio VIII é um belo filme de aventura espacial.

Star Wars
Star Wars: Os Últimos Jedi. Foto: Divulgação

37 – Três Anúncios Para Um Crime (2018)

É filme de Oscar que você quer? Três Anúncios Para Um Crime é um drama que tem a cara da premiação e, não por acaso, esteve presente com várias indicações no ano em que foi lançado. Além da história comovente de uma mulher que perde a filha e luta por justiça, o destaque fica por conta da atuação dos atores principais.

Frances McDormand transmite tanta verdade na pele de Mildred Hayes que fica difícil assistir sem se revirar de ódio contra o sistema, injusto e indiferente. Além dela, que venceu BAFTA, SAG, Critics Choice, Globo de Ouro, Oscar e todas as premiações possíveis como Melhor Atriz, o filme contou com ótimas participações de Sam Rockwell e Woody Harrelson (ambos indicados ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, vencido por Rockwell).

Tres Anuncios Para Um Crime
Três Anúncios Para Um Crime. Foto: Divulgação

36 – Clube de Compras Dallas (2013)

Atuações que exigem muito fisicamente dos intérpretes são sempre bem vistas pela indústria. Matthew McConaughey e Jared Leto provam isso em Clube de Compras Dallas, filme que se passa nos anos 80, em plena epidemia de AIDS e no auge do preconceito contra pessoas soropositivas.

Por se tratar de uma história inspirada na vida real, o impacto desse contexto é ainda maior. A trama acompanha o ativista Ron Woodroof (McConaughey), um homem hétero que contraiu o vírus HIV por meio de seringas contaminadas e sexo sem proteção, e descobre que tem pouquíssimo tempo de vida. Já Jared Leto interpreta o travesti Rayon, que é um personagem extremamente carismático.

Apesar da temática ser pesada, Clube de Compras Dallas é muito interessante por conseguir falar de um tabu sem muitas amarras.

35 – O Grande Hotel Budapeste (2013)

O Grande Hotel Budapeste já ganha, de cara, muito pontos apenas pela estética característica de Wes Anderson, o “diretor de estimação” de vários cinéfilos por aí. A história, em si, é uma envolvente trama de investigação, com mistério e assassinato, mas contada de uma maneira cômica. Ele traz consigo um quê de ironia com o gênero ao fugir da tensão e dos tons sombrios para exagerar na galhofa dos personagens e nas cores do tal Grande Hotel.

A sagacidade do humor na forma de conduzir o roteiro aliado à beleza estética do estilo transformam O Grande Hotel Budapeste em um dos melhores filmes da filmografia de Anderson. E, como se não bastasse, o elenco é recheado de estrelas, como Ralph Fiennes, Jude Law, Tilda Swinton, F. Murray Abraham, Harvey Keitel, Mathieu Amalric, Saoirse Ronan, Bill Murray, Owen Wilson, Edward Norton, Jeff Goldblum, Adrien Brody, Jason Schwartzman, Bob Balaban, Tom Wilkinson e Willem Dafoe.

34 – Drive (2011)

Empolgante sem ter que repetir fórmulas já batidas, a obra do dinamarquês Nicolas Winding Refn foge do clichê de mocinho em filmes de ação. Em Drive, Ryan Gosling vive um “herói” movido por impulso, sem muita preocupação com a ética ou com explicações para suas atitudes. Ele é quase um herói de bang-bang dos westerns hollywoodianos, mas dirigindo um Mustang.

O carro, inclusive, é um ambiente importante no desenvolvimento do personagem, já que o protagonista usa parte do seu dia para trabalhar como dublê e mecânico, e a outra como como piloto de fuga. Ele alterna o perfil de herói que faria de tudo por quem ama, mas cruza uma linha que deixa claro que “tudo”, às vezes, é mais do que o recomendado.

Drive mantém uma sintonia entre técnica (direção, fotografia, trilha sonora, etc) e uma história bem contada, que, no fim das contas, é o que vai prender o público na frente da tela.

Drive
Drive. Foto: Divulgação

33 – Toy Story 3 (2010)

Quem assistiu a Toy Story 3 na época em que foi lançado e não chorou certamente assistiu errado. Foi o fechamento de um ciclo depois de 11 anos sem um Toy Story nos cinemas, a despedida entre Andy e seus companheiros Woody, Buzz e cia.

Toda a carga emocional, inflada pela nostalgia da campanha de divulgação, foi compensada pela qualidade do filme. Apesar de formulaico, era tudo o que o público precisava. Uma pena que todo o chororô foi “em vão”, já que fizeram um Toy Story 4, mas nada que tire o brilho da animação.

Toy Story 3
Toy Story 3. Foto: Divulgação

32 – Logan (2017)

O último filme de Hugh Jackman como Wolverine não poderia ter sido melhor. Assim como Deadpool, a proposta foi abandonar as fórmulas dos filmes de herói que vieram antes e assumir um tom mais sério, entregando um produto assumidamente para o público mais adulto. A diferença entre Deadpool e Logan, porém, é que a violência deste flerta muito mais com o drama, enquanto aquele é uma comédia escrachada.

A abordagem de um Wolverine mais velho sempre foi especulada e mostrou-se acertada quando saiu do papel, ganhando ainda uma vibe de road movie. Já a participação importante de Charles Xavier na história e a apresentação da ótima Dafne Keen foram as cerejas no bolo.

Logan
Logan. Foto: Divulgação

31 – Dunkirk (2017)

Um filme de guerra dirigido por Christopher Nolan e com trilha de Hans Zimmer é um grande acontecimento por si só. Apesar de um ou outro deslize (como alguns “esquecimentos” de fatos históricos sobre a batalha da vida real), a experiência continua maravilhosa.

A guerra não é um ambiente que gostaríamos de estar, mas existe toda uma mística de como seria ver tudo o que aconteceu ali, bem no meio dos ataques entre Eixo e Aliados. Essa imersão é o diferencial de Dunkirk, é o que faz dele um filme diferenciado.

Dunkirk
Dunkirk. Foto: Divulgação

 

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