Ibeyi
Foto: Divulgação

O Rock In Rio 2019 começa hoje (27) e estamos prestes a contemplar shows de vários artistas incríveis, com apresentações incríveis marcadas para o Palco Sunset.

Como já diz a sua fama, o espaço sediará novamente diversos encontros únicos entre artistas. E esses encontros não estão restritos a fronteiras! Nomes da nossa música dividirão palco com atrações internacionais, o que permitirá trocas riquíssimas nas apresentações. É aquela famosa frase que diz que “a música é a linguagem universal”.

Um dos shows mais aguardados pelos fãs acontecerá no próximo dia 3 (quinta), no início da segunda semana do festival. O Sunset receberá Emicida e a dupla francesa Ibeyi. Mas o encontro não foi algo inusitado, já que eles já se encontraram em estúdio antes. Em 2018, eles lançaram a parceria “Hacia El Amor” e atualmente divulgam a recém-lançada “Libre“. Carregada pela estética do funk e por ritmos latinos, a faixa é o terceiro single do novo trabalho de Emicida, AmarElo.

 

“Para nós, é importante falar”

O duo Ibeyi é formado pelas irmãs gêmeas Lisa-Kaindé Diaz e Naomi Diaz. O incrível projeto, que passeia pelo soul e pelo R&B com a ajuda do trip hop e de elementos experimentais, já tem dois discos lançados. Atualmente, a dupla divulga o mais recente álbum Ash, lançado em 2017. O novo disco trata de assuntos políticos e sociais, em um trabalho mais aprofundado do que a estreia Ibeyi, de 2015.

Nessa questão político-social, as irmãs dialogam bem com a musicalidade de Emicida. O show promete ser um grande ato de resistência, com o apoio de sonoridades dançantes e de muita energia.

Tivemos recentemente a oportunidade de fazer algumas perguntas para Lisa e Naomi. Elas nos contaram sobre os planos para o terceiro disco, sobre o Brasil e sobre as parcerias com Emicida. Também nos adiantaram alguns detalhes do show no Rock In Rio, que será dedicado à jovem Ágatha Félix, baleada na última sexta (20) no Rio de Janeiro.

Confira abaixo o papo na íntegra:

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TMDQA!: Vocês já lançaram dois discos: Ibeyi (2015) e Ash (2017). Eu vejo o primeiro como um disco mais pessoal, enquanto no segundo vocês falam mais sobre questões políticas e sociais (me corrijam caso eu esteja errado). Isso me deixa ansioso para o próximo disco. Podem nos adiantar algo? O que podemos esperar do sucessor de Ash?

Lisa-Kaindé Diaz: Sim, você está certo. Para o nosso primeiro disco, compusemos entre 14 e 19 anos. Acho que por isso que é tão pessoal. No entanto, Ash também é muito pessoal para nós. Todas as canções são canções das quais estávamos precisando. Naomi e eu precisávamos daquelas músicas para nos empoderar enquanto mulheres. Precisávamos de “Away Away“, de “Ash“, de “Transmission“… Todas as músicas são profundas e pessoais. Elas são mais abertas ao mundo porque fizemos essas canções como resultado da turnê de dois anos do primeiro disco. De repente, percebemos que conseguíamos falar de outras coisas, como se fossem a perspectiva de outros olhos.

E não se preocupe em relação ao terceiro álbum, porque ele será fantástico! Dos nossos seis anos de carreira musical, temos a impressão de que esse terceiro disco é o resultado no qual gostaríamos de chegar desde o início. Estamos ansiosíssimas!

TMDQA!: Por sinal, estamos vivendo tempos políticos difíceis no Brasil. Acham que falar sobre isso nas músicas pode ajudar, de alguma forma, esse cenário caótico no qual vivemos? Como a música pode ajudar a construir um mundo melhor nesse sentido?

Naomi Diaz: Pensamos que falar sobre assuntos políticos é inevitável se você estiver pronto para fazer isso. Nós estamos prontas. Pensamos também que não é todo artista que deveria falar sobre política.

Lisa: É algo meio assustador a se fazer. É preciso estar pronto para isso, porque existem reações para cada ação. Se você puder falar, você realmente deveria falar sobre. É algo muito importante a se fazer, especialmente quando estamos passando por momentos políticos complicados. Isso vale para o Brasil e para o mundo todo! Acho que, para nós, é importante falar. Por exemplo, quando tocarmos no Rock In Rio, vamos dedicar o show para Ágatha Félix. É importante para elevar a nossa voz e dar esperança às pessoas. Nós falamos sobre esse conceito da liberdade em “Libre”. Liberdade é não sentir medo, como já dizia Nina Simone. É o que queremos dar a vocês, e é por isso que vamos cantar alto, gritar e viver este momento todos juntos, experimentando como é se sentir imortal.

 

“Nos conhecemos via Skype”

TMDQA!: Não é a primeira vez que vocês e Emicida colaboram. Vocês lançaram “Hacia El Amor” em 2018. Quando soube de “Libre”, pensei “Nossa, a colaboração deu certo não apenas para os ouvintes, mas também para eles”. Como vocês se conheceram? Como surgiu a ideia de gravarem juntos?

Lisa: Acho que foi muito orgânico. Conhecemos ele através de uma pessoa que achava que devíamos muito fazer uma colaboração com algum artista brasileiro. Essa pessoa concluiu que Emicida seria uma parceria perfeita. Nos conhecemos via Skype. Depois, já fomos para o estúdio para gravarmos “Hacia El Amor”, que é uma música muito orgânica e natural. Tivemos uma conexão forte com ele, e quanto mais o conhecíamos, mais sentíamos que existe um link entre a música dele e a nossa, entre a alma dele e a nossa. Temos a mesma visão sobre música e sua importância para arte, e também sobre a importância das mensagens que queremos levar ao nosso público.

TMDQA!: O que acham do Brasil? Artistas internacionais costumam dizer que somos conhecidos por nossa recepção calorosa. Vocês concordam, baseado em suas experiências aqui?

Naomi: Nós achamos que o público brasileiro é o melhor de todos! Acho que todo artista deveria vir ao Brasil para testemunhar essa loucura (risos).

Lisa: O público transmite muita paixão e envolvimento. Vocês são muito importantes para nós. Por sinal, temos expectativas altas para o show no Rock In Rio. Acho que vai ser incrível!

 

Um mix de linguagens

TMDQA!: Vocês também cantam em outros idiomas. Tanto “Hacia El Amor” quanto “Libre” têm elementos em diferentes linguagens. Nessas colaborações, como foi gravar em línguas diferentes de uma vez só? O que aprenderam com a experiência com Emicida e o que acha que ele aprendeu com vocês?

Naomi: Não acho que aprendemos um com o outro. A impressão que eu tenho é que nós nos entendemos.

Lisa: Eu acho que aprendemos uns com os outros, sim. Não se trata de uma aprendizagem técnica, mas acho que a experiência de gravarmos juntos foi muito agregadora. Acho que isso confirma várias coisas. Funciona como se fosse uma espécie de espelho, sabe? Ver ele e como ele escreve, as palavras que ele usa, como ele produz… É como um espelho para nós.

TMDQA!: O que vocês sabem falar em português?

Lisa: “Boa noite”!

Naomi: Eu ia dizer uma palavra muito feia. Posso?

Lisa: Claro.

Naomi: “Caralho” (risos).

Lisa: Ultimamente temos aprendido as músicas do Emicida, porque vamos cantá-las no Rock In Rio também. Por isso também sabemos cantar…

Ambas (cantando): “Hoje cedo quando eu acordei e não te vi, eu pensei em tantas coisas. Tive medo. Ah, como eu chorei. Eu sofri em segredo. Tudo isso hoje cedo”…

Lisa: Está impressionado (risos)?

TMDQA!: Nossa, demais!

 

“Queremos levá-los a uma viagem”

TMDQA!: Ainda sobre a parceria com Emicida, sinto que, com as mídias sociais, ficou mais fácil colaborar com artistas estrangeiros. Vocês enxergam isso como uma tendência? Para vocês, é verdade a ideia de que “música é a linguagem universal”?

Naomi: Isso é algo muito bom, porque você alcança pessoas que não conseguiria alcançar antes. Agora, com o Instagram, todo mundo está seguindo todo mundo. Assim, você pode criar amigos também, sabe?

Lisa: Eu entendo quando, às vezes, vemos pessoas escrevendo músicas juntas e, mesmo que não exista vibe, elas fazem. Normalmente, é algo muito genuíno quando você tem uma música pronta e a associa a uma pessoa específica. Pelo menos, é assim que trabalhamos. Nunca fazemos colaborações por causa do nome da pessoa. Achamos que é a música que diz qual pessoa vai ser ideal para inserir.

TMDQA!: Estão ansiosas para o show no Rock In Rio? Podem adiantar algo para nós?

Lisa: Estamos muito ansiosas! A única coisa que podemos contar que é realmente queremos que vocês cantem, dancem e estejam presentes com a gente. Queremos levá-los a uma viagem. É um show muito especial, porque acontecerá só uma vez e foi criado especialmente para vocês, para o público do Rock In Rio. Vamos juntar músicas do Emicida e músicas nossas. Vai ser quente!

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