Lagum
Foto: Divulgação

Cada geração tem suas manias. Isso se reflete em movimentos da juventude que acabam influenciando a sociedade como um todo. Isso vai desde a moda até a música. Mas, dito isso, fica o questionamento: o que a atual geração, super conectada e com acesso a todo tipo de informação, vai deixar de legado para o futuro?

Alguns aspectos geracionais são abordados pelo grupo mineiro Lagum em seu mais novo álbum Coisas da Geração. O trabalho, lançado pela Sony Music, atribui a perspectiva do atual jovem a temas corriqueiros como amor, ansiedade, saudade e dor. “Quero mais dias de sol, festa ao anoitecer, ver o dia acordar e por dentro me amanhecer”, conta a faixa “Detesto Despedidas“.

 

Lagum + IZA

Nome em ascensão na música brasileira, a Lagum conquistou visibilidade no pop nacional graças ao disco de estreia Seja O Que Eu Quiser, de 2016. Tudo isso sempre atenta a uma estética musical orgânica, valorizando o lugar de cada um dos cinco integrantes: Pedro Calais (vocal), Otávio Cardoso (guitarra e vocal), Glauco Borges (guitarra), Francisco Jardim (baixo) e Tio Wilsom (bateria).

Aproveitando o lançamento do novo álbum e o ótimo momento vivido, eles tocarão no Festival Sarará 2019. Com a proposta de celebrar a empatia, o evento acontecerá no próximo dia 31 de Agosto (sábado), a partir das 12h, na Esplanada do Mineirão (Belo Horizonte). Os ingressos estão disponíveis aqui.

O festival contará com interessantíssimos shows conjuntos, como Letrux com Marina Lima, Djonga com Mano Brown e Duda Beat com Pabllo Vittar. A Lagum também entrou nessa brincadeira, e convidará ao palco a cantora IZA, um dos maiores nomes do pop nacional.

Conversamos recentemente com o vocalista Pedro Calais sobre as tais “coisas da geração” do novo disco e sobre a parceria inusitada com IZA. Confira abaixo:

TMDQA!: O estado de Minas Gerais tem um papel muito importante para a música brasileira que conhecemos hoje. Como vocês analisam a cena atual? Na opinião de vocês. qual é a contribuição da Lagum para esta cena?

Pedro Calais: Eu acho que a cena mineira é bem rica em todos os círculos. O rap é muito forte aqui, com nomes como Djonga e DV Tribo. Tem também a galera das antigas, como Milton (Nascimento) e o pessoal do Clube da Esquina. No pop, temos Jota Quest, Skank… É uma cena que, de fato, pega muita coisa. Tem muita coisa muito legal acontecendo. Para nós, é uma honra estar conseguindo se destacar em meio a tantos nomes no Brasil, e principalmente sendo aqui de BH. Os nossos primeiros pilares construídos foram aqui. É muito maneiro.

Vemos, principalmente nas redes sociais, que tem muito músico seguindo a gente para se influenciar. A gente vê muito vídeo de cover de voz e violão, recebemos emails pedindo opiniões sobre músicas autorais… Acredito que, enquanto banda, a gente dá uma influenciada para esse lado um pouco mais orgânico da produção musical. De certa maneira, estava meio parado no Brasil, até pelo menos a chegada das meninas do AnaVitória, essa questão da música orgânica. Acabou que também demos uma levantada nisso. Acredito que, por termos construído nossa carreira com nossas próprias mãos, a gente influencia muito nesse sentido do “faça você mesmo”, saca?

TMDQA!: Vocês cresceram, de uns tempos para cá, de uma forma avassaladora. O que, nesse tempo, mais mudou para vocês enquanto artistas e músicos?

Pedro: Na carreira, são muito visível as mudanças. Conseguimos estrutura e agora temos mais facilidade em produzir com mais qualidade e mais tempo. Nas nossas vidas pessoais, muita coisa mudou também. Eu, por exemplo, estava na faculdade, enquanto o Francisco e o Tio Wilsom estavam trabalhando. A gente passou a conseguir viver só da música, ao invés de dividirmos o tempo, ideias e esforços com outras coisas. Conseguimos entregar muito mais de nós mesmos. Acaba que ficamos mais realizados, porque é muito mais prazeroso acordar, vir para o escritório e falar sobre as minhas coisas. Tudo foi conspirando para que nos voltássemos cada vez mais só para a banda.

 

“Vamos deixar esse legado”

TMDQA!: Vocês têm um contato forte com um público mais jovem, dessa galera que, como você citou, estava se desacostumando com uma sonoridade mais orgânica. Uma coisa que chama atenção no álbum de vocês é justamente o título “Coisas da Geração”. Imagino que isso impacta esse público jovem de alguma forma. Eu queria saber o que exatamente seriam essas coisas?

Pedro: A gente construiu o disco tratando de vários assuntos que sempre foram falados e que sempre serão falados. Falamos de amor, de saudade, de raiva… Mas, dessa vez, colocamos nossa visão sobre tudo, a visão da nossa geração. Quando a gente fala de amor nessa geração, a gente fala de uma outra maneira. Tratamos o amor de uma maneira mais ansiosa, sabe? Algo como “A pessoa não falou comigo de ontem para hoje. O que será que está acontecendo?”. Existem esses detalhes em cada ponto.

A própria música “Coisas da Geração” fala mais especificamente sobre as várias coisas. Começamos falando sobre se sentir estranho nos dias de hoje, e nos perguntamos se alguém mais se sente assim? As pessoas expõem a vida o tempo todo. Ficamos vendo, em geral, pessoas muito felizes nas redes sociais e nos perguntamos se está todo mundo tão feliz assim mesmo.

TMDQA!: A letra também fala sobre confiança, que acabamos perdendo um pouco nesse mundo de redes sociais.

Pedro: Sim! Ela termina falando “Eu não serei nada além do que eu sou”. É uma coisa que a nossa geração está ensinando para todas as outras. Vamos deixar esse legado. É a geração que está mudando isso, que está indo contra a ideia de adaptação e indo a favor da aceitação.

TMDQA!: Para vocês, enquanto grupo, que artistas ou movimentos musicais servem como maiores influências?

Pedro: Para nós, é muito difícil falar uma coisa só. Somos muito fãs de uma banda australiana chamada Sticky Fingers. Supercombo também é uma banda brasileira que influenciou bastante o nosso som desde o começo. Mas os integrantes têm influências muito específicas. O guitarrista é mais MPB, o baixista é mais fã de Beatles, eu sou uma parada mais indie… Então, fazemos uma mistureba.

TMDQA!: Que dica você daria para um artista que quer crescer no mundo da música a ponto de viver só dela, como aconteceu com vocês?

Pedro: Esse lance de “avaliação” é um tanto complicado. O cara vai perguntar para mim por ser referência para ele, mas às vezes eu não me identifico com algo dali, e ele não pode tomar a minha resposta como a verdade mais pura. Para um artista que está começando, é muito importante ele se encontrar no que ele gosta de fazer. Depois, ele precisa descobrir com quem e está falando e qual é a melhor maneira de falar para esse público. Não adianta tentar se enquadrar. Se estiver “bombando” usar óculos vermelho, por exemplo, você não pode usar óculos caso não seja a sua verdade. Não existe essa “dica”. O que eu posso aconselhar é que a pessoa faça o seu da maneira que achar que funciona melhor. Levanta a bunda da cadeira e vai.

 

“É um festival muito especial”

TMDQA!: No dia 31, vocês vão tocar no Festival Sarará em um show em parceria com a IZA. Vai ser uma mistura interessante de gêneros musicais. Como se deu o primeiro contato entre vocês? Como surgiu a ideia de fazer este show?

Pedro: Eles me avisaram sobre o show quando voltei de uma viagem. Fiquei instantaneamente feliz com o convite que foi feito. O festival está reunindo várias atrações e as colocando junto, como Djonga com Mano Brown, Duda Beat com Pabllo Vittar… Pouquíssimos shows não tem participação. O nosso ser justamente com a IZA, no meio desse evento que tem um conceito muito forte, é muito incrível para a gente. O Sarará também está juntando várias influências nossas com artistas que estamos ouvindo no momento. É um festival muito especial e eu estou muito feliz mesmo em estar dividindo palco com a IZA. Ela é foda.

TMDQA!: Eu vejo que esse festival tem muito dessa coisa brasileira de mistura. O resultado tende a ser muito maneiro. Imagino isso de todas essas apresentações.

Pedro: Diz muito em relação à coisa dessa geração. Poucos compram discos e o escutam de cabo a rabo. A minha playlist, por exemplo, tem Kevin O Chris, mas também tem Djonga, uns rocks loucos da Austrália… Este evento é isso de forma materializada.

TMDQA!: O que a gente pode esperar do show? Como vocês vão envolver a IZA na atmosfera do show de vocês? Podem adiantar algo?

Pedro: A gente vai tocar músicas nossas e dela. Vai ser no meio do nosso show, mas ainda estamos construindo tudo. Fizemos alguns ensaios. No estúdio, está muito bom! Tem uma parte visual bem legal, com um painel de LED.

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