(foto: Filipa Aurelio/Reprodução Facebook)

Sem dúvidas, Luiza Lian é uma das maiores artistas da atual música brasileira. A cantora paulista impressionou a todos com seus dois primeiros álbuns, e não foi diferente com o terceiro, Azul Moderno. O disco, um dos melhores do ano passado, contribuiu positivamente para a atmosfera de seus shows, com 10 incríveis novas faixas.

Uma delas, por sinal, acabou de ganhar um clipe. Após a canção de aberturaVem Dizer Tchau” e a faixa-título, chegou a vez da também popular “Mil Mulheres” ganhar adaptação audiovisual que mal foi publicada no YouTube e já foi censurada.

 

“Eu senti que transava uma multidão”

Luiza Lian – Mil Mulheres from Lui Lian on Vimeo.

O clipe conta com um belo trabalho de fotografia feito por André de Souza. Enquanto isso, quem assina a direção é a dupla DIABA, formada por Camila Maluhy e Octávio Tavares. DIABA já dirigiu clipes para nomes como Liniker e os Caramelows e Xênia França.

O vídeo conta com uma emocionante e delicada simplicidade artística. Sem muitos cenários, a obra se resume a uma cama e um casal, estrelado pela própria Luiza e por Artur Mattar.

O foco é justamente a beleza da arte da união de dois corpos, e é o que vemos ao longo do vídeo. O vídeo também conta com uma iluminação que utiliza bastante a cor azul, seguindo a identidade do disco.

Luiza Lian e a Censura

Vale notar que além de ser derrubado do YouTube, o novo clipe de Luiza Lian também foi bloqueado de Instagram e Facebook.

Ao falar a respeito, a artista disse:

Nos programamos hoje pra lançar o clipe de Mil Mulheres e fomos bloqueados em três plataformas diferentes, instagram, youtube e facebook.

Aqui o link para assistir: http://bit.ly/MilMulheres_LIVRES

Que a censura dos corpos nas redes é uma realidade, a gente já sabe faz tempo, nenhuma novidade. Mas restringimos a idade, protegemos o conteúdo, borramos as imagens e ainda assim foi surpreendente a agilidade com que se prontificaram em tirar esses vídeos do ar, os alertas gritam mais alto quando o assunto é nudez.

A musica é sobre isso, sexo, o clipe também, bem simples e feijão com arroz, sem querer nem conseguir ficar emperiquitando as ideias com imagens, essa foi a nossa decisão enquanto artistas, ser mais literais. falar dos corpos, da pele, do que transcende nos encontros, bem crus e bem reais.

Tínhamos esperança que com a restrição de idade o clipe ficasse lá, já que o filme que nos inspirou a faze-lo, muito mais radical e explicito, está na integra no canal. Love, do Gaspar Noé.

A sensação que fica é que corremos sempre atrás do rabo no que diz respeito a nossa expressão, um passo pra frente e 10 pra traz.
Esculturas e pinturas de homens nus são espalhadas pelas cidades do mundo desde a Grécia antiga, vem algum eleitoreiro reclamar de uma performance no mam. As pessoas dão um jeito de moralizar o sexo de toda forma que for possível, com os maiores malabarismos de discurso, a direita e a esquerda, o desejo é um tabu.

É mais tabu pra “políticas de comunidade” do que os milhares de vídeos de pessoas morrendo, levando tiro, da violência diária física, fotografada e verbal sofrida por mulheres, vídeos misóginos, vídeos racistas, tudo passa pelo algoritmo e precisa de muito mais pra ser derrubado.
Discursos de ódio que destroem completamente a vida de pessoas, noticias falsas, nunca são derrubas, mas é o corpo nu… o corpo nu que é perigoso. O corpo nu precisa de uma hora pra ser repreendido.
O desejo que é o que mais mata
.
Luiza Lian

Ela e sua equipe ainda mandaram uma mensagem diretamente para o YouTube:

Uma obra da artista Luiza Lian, o vídeo atende as diretrizes do YouTube por se tratar de um conteúdo de expressão artística e criativa, em que a nudez aparece intimamente ligada ao conteúdo da letra, e não ter ‘propósito de satisfação sexual’. Além, o conteúdo foi sinalizado para maiores de 18 anos.

Confira o vídeo. Vale lembrar que entrevistamos Luiza na saída de seu cativante show no Lollapalooza 2019.

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