Luiza Casé
Foto: Peter Wrede

Em seus álbuns, artistas objetivam mostrar ao público uma determinada mensagem. As obras podem falar sobre qualquer assunto que funciona dentro de determinado contexto. Mas às vezes esquecemos que artistas são seres humanos, e que possuem sua própria (e encantadora) singularidade.

Mergulhar na mente de uma artista, tal como em um determinado assunto ou tema, é extremamente enriquecedor para o ouvinte. E temos um exemplo disso em Mergulho, o álbum de estreia da cantora Luiza Casé.

Lançado recentemente pela Universal Music, o álbum traz uma estética bem solar e fluida ao descrever uma alma inquieta, intensa e livre. As composições, todas assinadas por Luiza, ganharam vida graças aos produtores Arto Lindsay e Thiago Nassif.

 

A inquietude de uma alma leve

No último dia 30 a cantora fez o show de estreia de seu álbum no Manouche, na capital carioca. Contente não apenas por ser a estreia da divulgação de seu álbum, mas também por ser uma característica sua, Luiza encheu a casa e conquistou a todos.

Bem humorada, ela cantou Mergulho na íntegra, fazendo apenas algumas alterações na ordem das músicas. O acompanhamento de Felipe Fernandes (guitarra), Mikhaila Copello (baixo) e Pedro Garcia (bateria) preencheu a ambientação e nos fez mergulhar junto.

Luiza, ocasionalmente, remetia a casa de shows a uma praia. A proposta foi acompanharmos a cantora em seu mergulho durante a setlist, como se fosse uma ida a praia que rendeu e durou até “o sol se por”. Antes de encerrar com “Jaca“, a cantora insinuou que a noite já estava chegando.

Luiza Casé no Rio de Janeiro
Foto: Natalia Capeans

Após o bis (“Agora chegou a parte em que eu vou embora e vocês pedem bis”, brincou a cantora), Luiza voltou ao palco com sua banda para tocar “Coração na Mão“, canção que acabou não entrando no disco, e fechar fazendo todo mundo dançar com a repetição da dançante “Me Leva“.

Luiza, por sinal, vai se apresentar no Beco Club da Augusta, em São Paulo, no dia 24 de Agosto. O preço dos ingressos varia entre 15 e 30 reais, e lees podem ser comprados aqui. Em breve também teremos uma apresentação em Belo Horizonte. Na mesma noite, a cantora Bárbara Eugênia lançará o seu quarto álbum de estúdio, intitulado Tuda.

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“Me sinto bem em compartilhar experiências”

Luiza, que também é atriz, respondeu algumas perguntas nossas sobre o álbum de estreia e sua estética solar. Conversamos sobre a produção do álbum, e sobre o poder de suas apresentações ao vivo.

Confira abaixo:

Capa de "Mergulho" (Luiza Casé)
Foto: Divulgação.

TMDQA!: Você já tinha experiência como atriz e cantora antes. Como se deu seu encontro com Arto Lindsay e como surgiu esse seu lado de compositora que vemos em “Mergulho”? Esse desejo de lançar um álbum já existia antes?

Luiza Casé: Conheci o Arto Lindasy através da Monique Gardenberg. Ela mandou minhas composições pra saber se ele gostaria de produzir o álbum e me ajudar a encontrar essa identidade. Eu costumava escrever desabafos em cadernos, mas nada que eu considerasse composição. Por volta de 2013 comecei a sentir necessidade de produzir algum material próprio e constatei que havia mais interesse por cantoras compositoras do que intérpretes apenas. Então comecei a fazer composições com auxílio de teclado ou somente com a voz, gravando tudo no celular. As letras geralmente vinham depois e eu encaixava na melodia criada. Gravei em 2014 um álbum autoral de blues, funk e rock com 9 faixas, mas não lancei, apenas mostrei para Monique juntamente com outras canções que ainda não tinham uma identidade definida.

TMDQA!: Quais foram as suas principais influências para chegar na sonoridade do disco?

Luiza: Acho que o resultado estético ficou uma combinação de um lado mais pop, com a inventividade arrojada dos produtores. Em termos de nome específico, lembro que a música “Você e Eu no Breu” tinha uma referência de “Pet Sounds” dos Beach Boys.

TMDQA!: Perdoe-me pelo trocadilho (risos), mas sinto que “Mergulho” é efetivamente um mergulho na simplicidade do ser humano. O nome é por conta disso mesmo?

Luiza: Sim. A própria letra da música mergulho é bem explicativa do movimento que eu estava vivendo quando fiz as canções. É algo de me conhecer, de encarar meus medos e de aceitar a vida artística como parte da minha trajetória.

TMDQA!: Além disso, eu vejo toda uma questão em relação à água como elemento central. Claro, parte disso é porque as fotos de divulgação e toda a questão visual remetem à água. No entanto, também vejo que isso conversa com a estética do álbum, em termos de fluidez. Assim como as águas do mar, “Mergulho” é um álbum fluido, sem forma e refrescante, cujas 10 músicas passam suavemente. Como você enxerga isso? 

Luiza: Essa foi uma das reflexões para chegar ao nome do álbum. A água dialoga com as nossas emoções e o mergulho é o movimento de transitar por elas sem se deixar paralisar ou afundar. A água é um elemento que me traz muita conexão e calma, além de ser a primeira palavra que falei na vida.

TMDQA!:- Como foi o processo de encontrar o balanço ideal para o disco? Alguma música teve que ser cortada no processo?

Luiza: Tivemos duas semanas de pré-produção. Foi tudo muito orgânico, com conversas e testes de sonoridade. Eu me identifico muito com o gosto do Arto e Thiago, de modo que não teve nada que interrompesse o processo, talvez até isso esteja envolvido na percepção de fluidez do álbum.

A faixa “Coração na Mão” ficou de fora, apesar de eu ter feito durante a pré-produção (na saída do estúdio, dentro do carro antes de ligá-lo comecei a gravar no celular), achei que ela ficou um pouco fora da cor das outras canções, não sei se gostei da minha interpretação, talvez caiba melhor no próximo álbum. Tocaremos no show pois com a banda a sonoridade é diferente e combina.

TMDQA!: Os temas do álbum são bem cotidianos, como ansiedade, aceitação, amor, medo… Como foi desenvolver letras com essas temáticas? 

Luiza: Foi ótimo porque pude colocar em perspectiva cada situação vivida, dar vazão à tensão e ainda fortalecer a convicção de ser capaz de realizar.

TMDQA!: Ao mesmo tempo, sinto que é um álbum pessoal. Isso fica mais evidente em “Jaca”, mas também em outras canções onde você ilustra situações com as palavras, como em “Estranha Manhã” e “Cama”. Como um artista, como é tornar a própria vivência palatável para outros de uma forma tão serena? 

Luiza: Me sinto bem em compartilhar experiências. O que não gosto é de sentir que estou abordando algum tema de forma superficial ou artificial. Me divirto criando e percebendo que a composição comunica com aspectos de outra pessoa.

TMDQA!: Como você descreveria suas apresentações ao vivo? O que é um show da Luiza Casé?

Luiza: Ao vivo a troca de energia é intensificada pela proximidade. Há mais ferramentas de expressão. Podem sentir minha energia, me ver dançar, suar, e o melhor: tudo é possível. Estou disponível para o que vier e criando o tempo todo, o que gera muita conexão para a pessoa poder ouvir as músicas com a percepção expandida e entrar no universo do momento. Aliás, é melhor flertar ao vivo do que online, certo?

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