Foto por Aline Krupkoski

Estamos vivendo tempos difíceis com questões políticas e sociais que pedem por bandas que coloquem o dedo na ferida.

Nós estamos pra lá de ansiosos com o que o Planet Hemp tem a dizer 20 anos depois, por exemplo, mas em uma época tão difícil desse planeta, também precisamos de canções que nos transportem a outros lugares e épocas, e conversem com a gente de formas como, muitas vezes, nem os nossos melhores amigos conseguem dialogar.

Pois bem, a banda paulistana Terno Rei lançou esse ano o seu terceiro disco de estúdio, Violeta, e conseguiu impactar uma quantidade imensa e diversa de pessoas, como a gente pôde ver de perto ontem (19) no Auditório Ibirapuera, que estava lotado para ver o grupo.

Terno Rei no Auditório Ibirapuera

Terno Rei no Auditório Ibirapuera (19/07/2019)
Foto por Aline Krupkoski

Assim que a banda anunciou que faria um show especial de Violeta, os ingressos se esgotaram rapidinho, e nem é preciso dizer que uma noite especial foi preparada para uma casa tão icônica de São Paulo que estaria sold out.

Logo que as cortinas se abriram, vimos que o palco havia sido decorado com plantas que emolduravam cada um dos integrantes ao mesmo tempo que compunham uma espécie de pintura viva, sempre oscilando entre tons de violeta, criando a atmosfera perfeita para uma noite inesquecível.

Abrindo a noite com “Yoko”, assim como o faz no disco, o Terno Rei viu logo de cara que tinha a plateia nas mãos, já que todo mundo cantava cada uma das palavras que Ale Sater entoava enquanto tocava seu baixo.

Respondendo a uma pergunta que eu aposto que cada espectador tinha ali em sua mente, o quarteto que nessa noite tinha uma participação especial, não tocou o disco na ordem (apesar de tocá-lo na íntegra), deixando a incrível “Dia Lindo” para outro momento da apresentação, assim como “Solidão De Volta”, que viria na sequência mas foi tocada mais pra frente, quando as pessoas já haviam deixado as suas cadeiras e se aglomerado à frente do palco.

Isso, aliás, aconteceu logo no começo do show quando Ale pareceu adivinhar o que as pessoas estavam pensando e disse ao microfone que “se vocês quiserem vir até a frente, tudo bem”. O Auditório inteiro o fez.

Ale Sater (Terno Rei)
Foto por Aline Krupkoski

Quinteto Por Uma Noite

Além de Ale, Bruno Paschoal (guitarra), Greg Vinha (guitarra) e Luis Cardoso (bateria), a banda contou com a participação especial de Gustavo Schirmer, produtor do álbum que se dividiu entre o piano e o violão, acrescentando novas camadas ao som já encorpado do grupo.

Isso fez com que não apenas as grandes composições de Violeta ganhassem interpretações únicas (“São Paulo” foi um show à parte) como também modificou canções antigas da banda que foram tocadas aos fãs, como “Manga Rosa”, “Circulares”, “Sinais” e “Criança”, as últimas três de Essa Noite Bateu Com Um Sonho (2016) e a primeira de Vigília (2014).

Todo o set, vale também ressaltar, contou com uma intérprete de libras no palco.

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Ale conversou com o público em diversos momentos, agradecendo sua equipe técnica, a gravadora Balaclava, apresentando sua banda e, é claro, falando do show. Para ele foi a melhor apresentação da carreira da banda e, sinceramente, não poderia ser diferente.

A beleza do palco se misturou à viagem sonora das canções do grupo que nos leva diretamente para os Anos 80 sem nenhum clichê e sem parecer fazer nenhum esforço.

Nada satisfaz mais esse fã de música que aqui escreve do que uma banda que não pode ser colocada em uma categoria e é definida apenas como ela mesma, e é justamente o que acontece aqui.

O Terno Rei é indie, new wave, post-punk, alternativo, emo? Dá pra encaixar em tudo isso e, ao mesmo tempo, em nada disso. Em Violeta, a banda mostra que encontrou e consolidou a sua sonoridade, que tem uma identidade e que agora passa a influenciar músicos que irão querer soar como os sons que eles criam.

Mais um sinal disso foi o que vimos na plateia ontem, com fãs das mais diversas idades, origens e gostos musicais que não estavam lá por conta de uma cena específica, mas sim por conta da banda cujo estilo, ainda bem, é difícil de definir.

Ah, e você não achou que eu chegaria até aqui sem falar sobre o momento especial que foi “Dia Lindo”, certo? Pois ela veio com um grito de um fã que pediu pela música e rompeu a plateia que aguardava em silêncio pelo próximo passo, e com seus menos de 2 minutos de duração passou como uma bela onda de congregação em que todo mundo concordou em duas coisas: cantar bem alto e pedir para que ela fosse tocada de novo no show, o que não aconteceu e sinceramente é melhor que tenha sido assim, com o momento marcado na memória de todos os presentes.

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Ontem fez um Dia Lindo e uma Noite Linda também. Parabéns e obrigado aos envolvidos.

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