Majur, Pabllo Vittar e Emicida no clipe de
Foto: Reprodução / Youtube

Em um semáforo, a cor amarela é um aviso para o motorista prestar atenção. Ignorar tal aviso é causa constante de mortes no trânsito.

Isso também pode ser aplicado na vida em geral. Ignorar sinais pode resultar em tragédias. É necessário prestar atenção. A importância de se valorizar os sinais que a vida dá foi um dos motores para o nascimento do mais novo single de Emicida, intitulado “AmarElo“.

Lançada hoje, a canção aborda o tema da saúde mental em sua letra e conta com as participações ilustríssimas de Pabllo Vittar e Majur. A ponte, cantada por Pabllo, conta com versos já divulgados anteriormente por Emicida em suas redes sociais.

Trata-se de uma música que tem o objetivo de nos fazer refletir. Os versos sempre muito reais de Emicida trazem à tona a ideia da luta pela sobrevivência. Vale lembrar que o Brasil é um país cada vez menos seguro para a população LGBT.

“Belchior tinha razão”

Logo de cara, “AmarElo” já começa com o saudoso Belchior, com sample de voz de “Sujeito de Sorte“, canção lançada originalmente em 1976. Os versos do refrão são repetidos no refrão da nova música, agora na voz da baiana Majur, com o auxílio de uma batida forte.

Em um post em seu Instagram, o rapper fala da influência do compositor cearense:

Esse mês faz 43 anos que o Belchior lançou Alucinação e o verso ‘Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro’ tá fazendo mais sentido do que nunca.

Emicida e o clipe no Complexo do Alemão

Esse é o segundo single da nova fase de Emicida, que em breve lançará seu aguardado terceiro disco solo. Será o primeiro desde Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa…, de 2015.

A canção ganhou também um belo clipe, dirigido por Evandro Fióti, irmão de Emicida. As imagens foram gravadas no Complexo do Alemão, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. O vídeo mostra a importância de se correr atrás dos sonhos por mais que as dificuldades pareçam intimidadoras. O elenco sorri ao som da dançante música, enquanto mostra que driblou as suas limitações sociais e físicas.

Com quase nove minutos de duração, a parte inicial do clipe conta com um emocionante áudio/desabafo real recebido pelo rapper de alguém próximo que estava sofrendo com problemas de saúde mental, viu o suicídio como uma opção mas hoje está bem.

Assista ao clipe logo acima e ouça a nova música do Emicida logo abaixo na playlist oficial do TMDQA!

Letra de “AmarElo”, nova música do Emicida

Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte
Porque apesar de muito moço me sinto são e salvo e forte
E tenho comigo pensado, Deus é brasileiro e anda do meu lado
E assim já não posso sofrer no ano passado

Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro

Eu sonho mais alto que drones
Combustível do meu tipo? A fome
Pra arregaçar como um ciclone (entendeu?)
Pra que amanhã não seja só um ontem
Com um novo nome
O abutre ronda, ansioso pela queda (sem sorte)
Findo mágoa, mano, sou mais que essa merda (bem mais)
Corpo, mente, alma, um, tipo Ayurveda
Estilo água, eu corro no meio das pedra
Na trama, tudo os drama turvo, eu sou um dramaturgo
Conclama a se afastar da lama, enquanto inflama o mundo
Sem melodrama, busco grana, isso é hosana em curso
Capulanas, catanas, buscar nirvana é o recurso
É um mundo cão pra nóiz, perder não é opção, certo?
De onde o vento faz a curva, brota o papo reto
Num deixo quieto, num tem como deixar quieto
A meta é deixar sem chão, quem riu de nóiz sem teto

Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro

Figurinha premiada, brilho no escuro, desde a quebrada avulso
De gorro, alto do morro e os camarada tudo
De peça no forro e os piores impulsos
Só eu e Deus sabe o que é não ter nada, ser expulso
Ponho linhas no mundo, mas já quis pôr no pulso
Sem o torro, nossa vida não vale a de um cachorro, triste
Hoje cedo não era um hit, era um pedido de socorro
Mano, rancor é igual tumor envenena raiz
Onde a platéia só deseja ser feliz (ser feliz)
Com uma presença aérea
Onde a última tendência é depressão com aparência de férias
Vovó diz, Odiar o diabo é mó boi, difícil é viver no inferno
E vem a tona
Que o mesmo império canalha, que não te leva a sério
Interfere pra te levar a lona
Revide

Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro

Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Elas são coadjuvantes, não, melhor, figurantes, que nem devia tá aqui
Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Tanta dor rouba nossa voz, sabe o que resta de nóiz?
Alvos passeando por aí
Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Se isso é sobre vivência, me resumir a sobrevivência
É roubar o pouco de bom que vivi
Por fim, permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Achar que essas mazelas me definem, é o pior dos crimes
É dar o troféu pro nosso algoz e fazer nóiz sumir

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