Guerra Fria
Crédito: Neue Visionen Filmverleih

Todo cinéfilo já sabe que Roma, do mexicano Alfonso Cuarón, é um dos favoritos para levar o Oscar nas categorias de Melhor Filme e Melhor Filme Estrangeiro neste ano. O que muitos ainda não devem saber é que o novo longa do diretor polonês Pawel Pawlikoswki, Guerra Fria, está correndo por fora e pode surpreender na disputa estrangeira.

Para quem quiser tirar a prova, a produção polaca estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia 7. Concorrem ainda ao Oscar de filme estrangeiro Cafarnaum (Líbano/França), Nunca Deixe de Lembrar (Alemanha) e Assunto de Família (Japão). Os vencedores serão revelados em cerimônia a ser realizada em Los Angeles em 24/2.

Aos desavisados, Guerra Fria não conta uma história de ação ou aventura. O longa utiliza o período pós Segunda Guerra Mundial para narrar uma trama de amor em meio a Polônia stalinista. Por isso a opção do cineasta em esquecer a tela widescreen para optar pelo formato 4:3, conhecido como janela clássica ou retrato. A escolha deixa o tom das imagens mais intimista, com enquadramentos menos comuns.

Rodado em preto e branco, Guerra Fria é um primor estético, com uma fotografia, direção de arte e montagem que impressionam. O roteiro foi escrito pelo próprio Pawlikowski, em parceria com Janusz Glowacki, e começa mostrando Wiktor (Tomasz Kot) e Irena (Agata Kulesza), sob o comando do militar Kaczmarek (Borys Szyc), percorrendo a Polônia no final dos anos 1940 atrás de talentos artísticos. É quando eles encontram a misteriosa Zula (Joanna Kulig).

De cara, Wiktor se encanta pela beleza enigmática e pelo talento da jovem. Não demora muito até os dois ficarem juntos. Com personalidades distintas, Zula é impulsiva e expressiva, o que contrasta com o jeito tímido e a fala mansa de Wiktor. Na mesma rapidez com que eles se relacionam surgem os atritos.

Entre belas e geladas paisagens, excelentes planos e delicada condução, acompanhamos o desenvolvimento deste relacionamento problemático enquanto acontecem as suas apresentações musicais.

Como Pawlikowski, que já venceu o Oscar de filme estrangeiro por Ida, em 2015, enxugou seu filme em 84 minutos de projeção, os eventos para compreensão da narrativa são bem pontuais. Apesar de traçar um histórico de 15 anos da vida do casal, o espectador não sente falta de uma contextualização maior, bastam os pormenores. Tudo acontece de forma bem clara, embora, de certa maneira, apressada. Até mesmo o silêncio preenche o roteiro em alguns momentos.

Entre prisão, desencontros, reencontros, traições, mágoas, decepções, dores, excitação e desejo, Wiktor e Zula parecem destinados a permanecer um ao lado do outro. Guerra Fria termina de jeito poético e melancólico, para gente refletir sobre a nossa capacidade de amar e ser amado em condições adversas.

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