Universidade cria curso sobre a história do rock; saiba como participar
Foto: Wikimedia Commons

Em 1977, a Nasa lançou duas espaçonaves chamadas de Voyager no espaço com dois discos de ouro tocando sons e canções ininterruptamente e caracterizando a diversidade cultural, natural e industrial do planeta Terra de Chuck Berry a Vincent Bach, de máquinas industriais a erupções vulcânicas.

O projeto Golden Record foi liderado pelo astrofísico estadunidense Carl Sagan e significou uma tentativa otimista de se comunicar com vida extraterrestre — ou com qualquer um que tivesse contato com os discos. As duas espaçonaves jamais voltarão à Terra e, por isso, são chamadas de “Grand Tour” — um intercâmbio eterno.

Quase 40 anos depois, as gravações chamadas de “To the makers of music all worlds, all times” (“Para os produtores de música – todas as palavras, todas as eras”)  seguem sua busca por contato interestelar. No ano passado, a BBC Radio compilou alguns dos sons em uma playlist digital de uma hora de duração.

O disco To the makers of music é uma “chance de imaginar você mesmo como um alienígena em uma distante galáxia que encontra uma espaçonave em seu jardim. De alguma forma, você se torna hábil a seguir as instruções que estão ao lado do disco e, com sorte, seu senso auditivo e sua atmosfera planetária vão permitir que ouça o que está nele”, diz um trecho do texto da BBC que apresenta os sons.

A Nasa mantém informações ao vivo sobre o deslocamento das suas espaçonaves em seu site: a Voyager 1 está a 21 bilhões de quilômetros da Terra, enquanto a Voyager 2 está mais próxima: 15 bilhões de quilômetros. Isso significa que, se uma luz for acesa na Terra para iluminar as duas naves, a primeira só seria atingida 19 horas depois, enquanto a segunda demoraria 16 horas para ser iluminada. Segundo a agência estadunidense, as duas são as espaçonaves mais velozes e distantes que a Terra já colocou no espaço.

No ano passado, no aniversário de 40 anos do lançamento das duas Voyager, a Nasa afirmou que a Voyager 1 foi a única espaçonave a entrar no espaço interestelar na história, e que a Voyager 2 foi a única a conseguir voar nas órbitas dos quatro planetas “gigantes”: Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Há também um vídeo no canal da agência no YouTube com algumas fotografias e sons que as duas expedições já mandaram para a Terra desde então.

As canções são iniciadas com uma introdução do ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kurt Waldheim, feita naquele mesmo ano. “Como secretário-geral das Nações Unidas, uma organização de 147 Estados membros que representam quase toda a vida humana no planeta Terra, eu envio saudações em nome do povo do nosso planeta”, ele diz.

“Nós saímos do nosso sistema solar rumo ao universo procurando somente paz e amizade para ensinar se formos chamados para tal, para aprender se nós formos afortunados. Nós sabemos bem que nosso planeta e todos os nossos habitantes são uma pequena parte desse imenso universo que nos rodeia, e é com nossa humildade e esperança que nós damos esse passo”, completa.

Os discos também levam saudações humanas em 55 línguas diferentes, com uma série de mistura de músicas e gravações de campo abrangendo todos os cantos do mundo, incluindo o pioneiro do blues, “Blind” Willie Johnson, o compositor russo Igor Stravinsky, sons aborígenes australianos e de aviões.

Além dos áudios, as Voyagers levam 118 fotografias e, de acordo com a Nasa, as “ondas cerebrais de uma jovem mulher apaixonada”. O projeto “Golden Record” quis incluir a música “Here Comes the Sun”, dos Beatles, e foi até autorizada pela própria banda, mas teve o acesso ao material negado pela gravadora dona dos direitos da canção.

Na página “Music From Earth” da Voyager no site da Nasa, há a lista das 27 músicas que foram enviadas nos discos. Tenho mais discos que amigos fez uma seleção de algumas que estão disponíveis no YouTube em suas versões enviadas ao universo. Basta clicar em cada uma para ouvi-las (e sentir como se tivesse ouvindo em outro planeta):

Clássicas

Vincent Bach, “Brandenburg Concerto No. 2 em F, primeiro movimento”. Orquestra Bach de Munique, Alemanha. Maestro Karl Richter.

– Vincent Bach, “O bem-temperado cravo, livro 2, prelúdio e fuga em C, no.1”. Pianista Glenn Gould.

– Wolfgang Amadeus Mozart, “A Flauta Mágica, ária Rainha da Noite, no. 14”. Soprano Edda Moser. Ópera do Estado da Bavária, Alemanha. Maestro Wolfgang Sawallisch.

– Ludwig van Beethoven, “Quinta Sinfonia, primeiro movimento”. The Philharmonia Orchestra. Maestro Otto Klemperer.

– Ludwig van Beethoven Beethoven, “Quarteto de cordas no. 13 em B, opus 130, cavatina”. Quarteto de cordas de Budapeste, Hungria.

– Igor Stravinsky, “Rito da primavera, dança sacrificial”. Columbia Symphony Orchestra. Maestro Igor Stravinsky.

África

– Charles Duvelle, “Percussão de Senegal”

– Colin Turnbull, “Som de iniciação das mulheres pigmeus do Zaire”

Ásia

– Kuan P’ing-hu, “Flowing Streams” (China)

– Goro Yamaguchi, “Tsuru No Sugomori” (Japão)

– Surshri Kesar Bai Kerkar, “Jaat Kahan Ho” (Índia)

– Rádio Moscou (gravação), “Bagpipes” (Azerbaijão)

– Robert Brown, “Kinds of Flowers” (Ilha de Java, Indonésia)

América Latina

– John Cohen, “Som de casamento” (Peru)

– Lorenzo Barcelata, “El Cascabel” (México)

Europa

– Valya Balkanska, “Izlel je Delyo Hagdutin” (Bulgária)

– Rádio Moscou (gravação), “Tchakrulo” (Geórgia)

Oceania

– Sandra LeBrun, “Morning Star” e “Devil Bird” (canções aborígenes)

– Robert MacLennan, “Men’ House Song” (Nova Guiné)

Estados Unidos

– “Blind” Willie Johnson, “Dark Was the Night”

– Chuck Berry, “Johnny B. Goode”

– Louis Armstrong, “Melancholy Blues”

– Willard Rhodes, “Night Chant” (Índios Navajo)

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