Capa de Xou da Xuxa 3
Foto: Divulgação

A indústria fonográfica de 1988 era muito diferente da que conhecemos hoje em dia. O mundo vivia o auge da vendas das mídias físicas, e justamente nesse momento nasceu um dos álbuns mais importantes da música brasileira, pelo menos em termos comerciais.

Estamos falando de Xou da Xuxa 3, que consagrou (ainda mais) a carreira da cantora/apresentadora Xuxa. Mais do que isso, o álbum ajudou a impulsionar vendas comerciais de músicas infantis em toda a América.

A principal prova do sucesso conquistado pelo lançamento está no fato de que você provavelmente deve estar cantarolando “Ilariê” agora mesmo!

 

A Rainha dos baixinhos (e da indústria fonográfica nacional)

A carreira musical de Xuxa foi lançada efetivamente em 1985, com o álbum Xuxa e Seus Amigos. Produzido por Roberto Menescal, famoso por trabalhar com artistas como Nara Leão e Maria Bethânia, o álbum tinha covers de artistas como Toquinho e Caetano Veloso.

Depois disso, Xuxa assinou com a Som Livre para seus próximos álbuns de estúdio, Xou da Xuxa e Xegundo Xou da Xuxa, lançados em 1986 e 1987. Naquele momento, as canções da cantora já tinham um grande apelo comercial e os discos só perdiam em termos de vendas, para Rádio Pirata ao Vivo, do grupo RPM, lançado em 1986.

Mas como ela conquistou tanto sucesso com músicas infantis? Na verdade, a história é um pouco mais longa do que isso. Além de se tornar uma figura pública ao namorar o ex-jogador Pelé, Xuxa já era famosa no meio de comunicação mais eficiente de então: a televisão. No comando do programa infantil Clube da Criança, da extinta TV Manchete, o carisma e o talento da apresentadora ficaram cada vez mais evidentes. Sua maneira diferente de comandar um programa infantil, alguns anos depois, chamou a atenção da Rede Globo. Daí em diante, a carreira da estrela subiria cada vez mais.

Milhões de crianças assistiam ao programa da Xuxa na TV todos os dias. Para os pais dessas crianças, parecia minimamente sensato comprar um disco cantado por uma voz que seus filhos conhecessem bem. Além disso, suas canções eram constantemente reproduzidas em seus programas, o que se tornou uma mania entre as crianças da época.

Mas o pico dessa história toda, pelo menos no campo da música, ficou registrado em Xou da Xuxa 3.

 

“É a turma da Xuxa que vai dando o seu alô”

O álbum, lançado em julho de 1988, foi um marco na história da música nacional. Além de render vários hits, como “Brincar de Índio” e “Abecedário da Xuxa“, o álbum se firmou no topo das paradas brasileiras da época. A faixa “Ilariê” foi tão reproduzida nas rádios durante o ano quanto a canção “Faz Parte do Meu Show“, de Cazuza, com nada mais, nada menos do que 20 semanas no topo das paradas.

Xou da Xuxa 3 se tornou o álbum mais vendido da gravadora Som Livre (que na mesma época lançava álbuns com Chico Buarque e Djavan), e foi, durante 10 anos, o álbum nacional mais vendido da história. Xuxa perdeu o topo para Padre Marcelo Rossi, que em 1998 lançou o álbum católico Músicas Para Louvar o Senhor, e a diferença é muito pequena, já que ele vendeu 3 milhões e 228 mil cópias enquanto ela vendeu 3 milhões e 216 mil cópias. Xuxa ainda tem o recorde (e muito provavelmente nunca o perderá) da artista feminina que mais vendeu discos no Brasil.

https://www.youtube.com/watch?v=rP6FbCn0Gnc

O álbum “roubou o brilho” de outros incríveis lançamentos da época. Foi o caso do Hip-Hop Cultura de Rua, o primeiro exemplar do rap nacional registrado em gravações em estúdio. No mesmo ano, também foram lançados álbuns de grupos como Os Paralamas do Sucesso e Ira!, além do emblemático Ideologia, de Cazuza.

 

A música infantil hoje

O poder das crianças em tornar determinados conteúdos bem-sucedidos não era surpresa na época de ouro da Xuxa, e tampouco é hoje.

É claro, precisamos estabelecer onde estamos antes de qualquer comparação. A programação linear da televisão, especialmente para o público infantil, perdeu espaço para o streaming, para o “veja quando quiser”. Com isso, a internet, em especial o YouTube, virou a principal fonte de consumo da nova criançada. Não é mais comum a criança acordar cedo para ver os programas infantis dos canais televisivos (lembram da “revolta” que se originou com o fim da TV Globinho?).

Aparentemente, o streaming agora é quem abriga a nova geração. Aliás, a artista com maior número de vídeos com mais de 100 milhões de visualizações no Youtube não é Rihanna e nem Taylor Swift: é a Galinha Pintadinha, um fenômeno infantil atual criado por brasileiros.

Somado a isso, até a cantora Anitta está tentando se aventurar nesse tão influente público infantil. Pelos canais pagos Gloob e Gloobinho, a cantora ganhou um desenho animado próprio, o Clube da Anittinha. Mas, como a articulação com o streaming é necessária para o público de hoje, a animação tem um canal próprio no Youtube que, além de ter episódios completos, também conta com clipes oficiais das músicas. É cada vez material para entreter a criança quando e onde ela quiser.

Mas e a Xuxa? Bem, atualmente ela está na TV Record, apresentando o talent show Dancing Brasil. Sua saída da Globo, em 2015, marcou o fim de seus programas televisivos infantis.

Ela (pelo menos ainda) não migrou musicalmente com força para a internet, mas ainda está na ativa. Recentemente, de volta à Som Livre, ela lançou seu 36º (sim, trigésimo-sexto) álbum de estúdio, ABC do XSPB (abreviação de Xuxa Só Para Baixinhos). Se ela não está vendendo tanto como antes, pelo menos o seu sucesso ainda rende turnês nacionais! Aliás, seu show passou até pela Virada Cultural de São Paulo este ano.

Para finalizar, aquele “Parabéns” que costuma tocar nos aniversários infantis Brasil afora e, segundo o próprio ECAD, é uma das canções mais tocadas em casas de festas, é justamente uma gravação de Xuxa em um dos seus discos.

A Galinha Pintadinha até tem a sua versão, mas até agora, pelo menos, não conseguiu barrar o clássico. Nem a nova geração consegue fugir do sucesso e da influência de Xuxa.

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