Yin Yang - Bayside Kings e Mais Que Palavras

Bayside Kings e Mais Que Palavras são duas bandas brasileiras de hardcore que transitam pelo mesmo gênero mas de formas diferentes.

Tanto nas suas abordagens para o estilo quanto nas línguas, Inglês e Português, os grupos encontram similaridades e diferenças que as colocam lado a lado como acontece agora no split Yin Yang, a ser lançado em 19 de Outubro pela gravadora Hearts Bleed Blue em parceria com a AWAM Records.

Serão três faixas de cada uma das bandas no split e duas delas ganharam clipes oficiais cujas estreias você vê por aqui hoje, como é o caso de “Tired Of This Earth”, do Bayside Kings e “Supostamente Separados”, do Mais Que Palavras.

Você pode assistir aos dois vídeos logo depois de uma entrevista exclusiva onde nós promovemos o encontro das duas conversando entre si, logo abaixo.

 

Mais Que Palavras entrevista Bayside Kings

Mais Que Palavras: Vocês percebem uma falta de renovação na cena? Se mantendo com as mesmas pessoas e bandas nos últimos anos. Como mudar isso?
Milton Aguiar: Acredito que houve poucas renovações durante a última década, talvez a
mensagem do hardcore punk necessite de uma nova roupagem, afinal estamos em
outros tempos diferentes dos anos 80 e 90. É uma nova linguagem, outra forma de
consumir música, de fazer as pessoas levantarem o dedo e cantarem junto. Quando a
comunidade entender isto por inteiro, o novo ciclo será abrangente.

Mais Que Palavras: Como o SXE [Straight Edge] se encaixa no BSK? Tem a letra “SOBER” mas acho que só você segue isso, né? Os outros não encanam? 
Milton Aguiar: O SXE sempre esteve inserido no BSK, pela passagem de alguns integrantes e
comigo. Acredito que é nada mais, nada menos que o hardcore punk livre de drogas, que para eu contestar e mudar algo eu não precise me auto destruir. Dentro do BSK, ele é visto com respeito pelos meus outros amigos que não são, mas todo mundo acha que somos uma banda SXE.

A letra de “SOBER” pode ser encarada de diversas maneiras: o conceito do que é o SXE dentro do hardcore punk para mim e o conceito de doação pessoal e autovalorização do consciente, reforçando uma “virada de mesa” pessoal.

Mais Que Palavras: O que muda quanto à temática das letras agora que o BSK passa a compor em português? A responsabilidade pela mensagem fica maior, entendendo que atinge de forma mais clara quem vai escutar.

Milton Aguiar: Em português será um desafio enorme, pois não quero que seja “comum”, estou sofrendo grande pressão, tanto interna da banda quando da galera que dá suporte e estou encarado isto de uma maneira positiva para que eu dê o meu melhor. (“A minha
parte, não vou fazer pela metade”). As ideias das letras não mudaram, a única diferença é que em um futuro próximo a mensagem será direta sem “ruídos”. Quero fugir do clichê e do esperado para que a pessoa que vá ouvir, tenha uma experiência de identificação.

Bayside Kings: Bônus: Melhor disco do ano? Pode ser de qualquer estilo.
Milton Aguiar: “O menino que queria ser Deus” do DJONGA é o disco 10/10, tem o flow, os punch line, as letras são chiclete, referências e ao mesmo tempo levanta questionamentos importantes e conflitantes na nossa sociedade atual. Por enquanto este ano não vi nada que tenha me prendido mais do que este.

Bayside Kings entrevista Mais Que Palavras

Bayside Kings: Vocês acham que o Hardcore punk deixou de comunicar com as pessoas como antigamente? Talvez porque vivemos em tempos de consumo imediato e por muitas vezes sem profundidade, o que acaba tornando tudo isto apenas música.

Madhusudana (Manoel Neto): Esse aspecto do “consumo” do hardcore apenas como música sempre existiu, talvez hoje esteja mais fácil perceber, mas infelizmente sempre existiu. O que eu vejo é que esses “novos tempos” exigem alguns ajustes no nosso “modus operandi” para não ficarmos para trás. Se nosso foco é espalhar uma mensagem temos que nos adaptar para tornar essa mensagem relevante e viva. Deixando de lado certos caprichos que, na maioria das vezes, são apegos a coisas que não nos representam. Se os tempos mudaram, a gente tem que mudar junto, sem perder a essência obviamente.

Bayside Kings: Quais as principais dificuldades de ter uma banda DIY x vida pessoal?

Madhusudana (Manoel Neto): Bom, falando por mim, é uma grande ciência que ainda estou engatinhando. Conciliar família, trabalho, estudos, práticas diárias e hardcore tem sido um desafio, mas ao mesmo tempo recompensador. Cada detalhe dessas atividades faz parte de mim, e eu faço parte delas também. Um não existe sem o outro e tudo se completa. Então a gente luta na logística do equilíbrio pra fazer tudo funcionar com as devidas prioridades. O importante é saber que negar algum desses afazeres, e o hardcore punk é um deles, é negar uma parte de mim, e isso não pode acontecer.

Bayside Kings: PMA (Positive Mental Atitude), straight edge, veganismo, política, qual o posicionamento do MQP dentro da comunidade Hardcore Punk?

Madhusudana (Manoel Neto): No MQP somos 3 veganos e um vegetariano, a banda em si não assume uma postura em relação a isso. Apesar de muitas coisas estarem bem claras em nossas letras. De SXE só tem eu.

A política na qual acreditamos é a da abolição de toda forma de opressão e exploração (o que se aproxima mais do anarquismo que de qualquer outra vertente verticalizada). Isso fica claro na nossa música “cidadão do mundo”. Nosso foco principal é bem mais pessoal, e é aí que entra o PMA. Encarar as coisas de forma positiva, buscando mudanças a fim de se corrigir diariamente para poder, de fato, fazer a diferença no mundo, pelo bem e por amor, a cada um e ao todo.

Bayside Kings: BÔNUS: Qual TOP 3 de músicas do MQP? Não vale falar todas. Madhusudana (Manoel Neto): “Perdidos no ódio”, “Cidadão do mundo”, “Supostamente Separados”.

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