Potyguara Bardo nos guia em uma viagem holística em Simulacre
Foto: Divulgação

Conceitual, mas sem se levar muito a sério. Contemplativo, mas distante de um viés messiânico. Assim é Simulacre, álbum de estreia da drag queen cantora Potyguara Bardo.

O trabalho começou a criar corpo logo após o primeiro insight do single “Você Não Existe“, de 2017. A cada melodia e temática que surgia, Potyguara construía a sonoridade baseada no sentimento passado por essa inspiração.

A cantora afirma que os estilos que compõem o trabalho surgiram para dar forma ao tema das canções, mas ao mesmo tempo também são reflexo de todas as influências musicais e culturais que traz consigo desde a infância. “A mistura vem desde o início até o que me influencia agora. Busquei muito do imagético, não necessariamente da sonoridade, da minha infância. Sinto que isso vem de um lugar de sinceridade,” disse.

Nesse contexto, ritmos como house music, reggae, lambada e vários samples se integram na unidade do disco.

Falando sobre o conceito por trás do registro, Potyguara Bardo tem uma explicação que abrange todas as partes que a tocam quanto artista e pessoa. “‘Simulacre’ é uma obra autobiográfica encaixada numa forma da jornada do herói, se esse herói fosse na verdade uma poc do pop doçada,” confessou.

Repetimos o nosso nome até soar como alguém, como uma pessoa verdadeira e que existe. No final das contas tombamos com a realidade que é a maquiagem que são todas essas escolhas. Elas cobrem a nossa essência, que nada tem a ver com o que é material. Eu posso me propor a acreditar que eu sou o que for, mas nada importa porque nada é real e a gente poderia estar numa simulação.

O disco é resultado do projeto Incubadora Dosol. No estúdio, Potyguara chegou com as melodias vocais prontas enquanto Walter Nazário e Dante Augusto, a partir daí, criavam os acordes. Em seguida, Walter em parceria com Mateus Tinôco fizeram as batidas eletrônicas. A drag queen Kaya Conky e a cantora Luísa Guedes, da banda Luísa e os Alquimistas, também participam do álbum.

A Origem

Potyguara Bardo é a persona drag queen de José Aquilino, que também é ator e compositor. A artista explica que sempre teve muito contato com sua energia feminina, mesmo que de forma inconsciente. Essa característica associada ao fato de sempre ter inclinações artísticas e um fascínio pela cultura em geral foram o embrião de sua persona drag. “Eu queria produzir arte, expressar as coisas que eu sentia, compartilhar a minha experiência humana com outras pessoas e ouvir as experiências delas,” disse.

Assim como muitas drags mais jovens, Potyguara se inspirou em Rupaul’s Drag Race e ali enxergou uma forma de, sem amarras, mostrar sua arte. “Percebi que era uma plataforma na qual poderia exercer todas as minhas facetas artísticas. Eu me dirigiria e escreveria para mim mesmo e atuaria aquelas falas que eu mesmo escrevi,” completa.

Seu nome artístico vem em parte do livro A Experiência Psicodélica, de Timothy Leary. Nele, o autor se baseia no O Livro Tibetano dos Mortos, usado cerimonialmente em rituais fúnebres do budismo do Tibete há séculos. Ali, a artista se deparou com o termo “bardo”, que são estágios da experiência psicodélica, e percebeu que a descrição daquele primeiro estágio se parecia muito com uma experiência psicodélica que havia tido anteriormente. “Foi algo incrível e aí eu senti que precisava falar sobre essa morte do ego”. Já o Potyguara está relacionado com o Rio Grande do Norte, local no qual nasceu. O nome vem do grupo indígena brasileiro que no século XVI habitava trechos do litoral do Nordeste.

Ouça Simulacre abaixo:

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